Menu

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Escatologia - À espera

E é isso aí. Chegamos ao fim de mais uma série de estudos, compartilhando ideias e ideais que valem a pena aprender. Vimos alguns princípios básicos da Escatologia, falamos da Agenda Escatológica de Jesus (que acabou provando ser um dos principais marcos de todos os nossos estudos!), a ideia do reino inaugurado e os últimos dias que ele inaugura (uma ideia estreitamente ligada à mensagem de destruição do templo de Jerusalém); sobre isso vimos também as diferentes correntes escatológicas na ideia do "milênio" de Apocalipse. 

Falamos do novo céu e nova terra, o tal do galardão que nos aguarda; falamos da linda mensagem contida na parábola das 10 virgens. Vimos temas polêmicos (e hollywoodyanos) como o anticristo, 666, a Grande Tribulação, a volta de Cristo, a ressurreição dos mortos e o juízo final. 

Em todos estes, e especialmente quando estudamos sobre missões e escatologia, vimos que o estudo do fim dos tempos não vem para satisfazer curiosidade, mas para nos ensinar a viver uma boa vida na terra enquanto aguardamos o fim. 

E o que fazer com tudo isso que aprendemos? Um dos grandes problemas da igreja hoje (e dos crentes em geral) é viver na terra sem olhar para as coisas do alto. Por isso frisamos tanto nos estudos a importância de estar preparado para o retorno de Jesus e viver uma vida com responsabilidade, que reflita o caráter de Cristo e assim sejamos encontrados firmes quando ele voltar.

Agora é viver à espera do retorno de Jesus.


Na agenda escatológica de Jesus, ele faz uso de cinco parábolas para deixar mais claro o contido na Agenda. São elas: a parábola da figueira (Mt. 24:32-42), a parábola do pai de família e o ladrão (Mt. 24:43-44), a parábola do bom e do mau servo (Mt. 24:43-44), a parábola das virgens (Mt. 25:1-13) e a parábola dos talentos (Mt. 25:14-30). Todas elas estão ligadas à ideia de preparação, inclusive uma delas nós já estudamos um pouco mais a fundo (a das virgens) e estão ligadas à ideia de espera com responsabilidade. 

Na parábola da figueira e do pai que não sabe a hora que o ladrão virá, Jesus quer alertar aos seus discípulos que não tenham uma espera curiosa, para só saber o que vai acontecer. O que Jesus quer é: "Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão." (Mt. 24:32).

Nos tempos de Jesus, o figueira era a primeira planta que florescia e dava frutos, ela anunciava a estação de colheita que estava prestes a iniciar. Em vários momentos na Bíblia a figueira traz a ideia de mostrar que algo está prestes a acontecer. Quando a igreja não atenta para os sinais ao seu redor e não se prepara, torna-se rapidamente mundana. É isto que Paulo alerta quando escreve aos romanos
"E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Rm. 12:2)
Às vezes parece que Jesus estava errado. Todo mundo lê isso e pensa: "Ora! Mas como é que eu não veria o fim do mundo se aproximar? Está tudo aí!". Porém a Bíblia mesmo prova que isso já aconteceu antes. É o que Jesus explica na parábola:
"Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem." (Mt. 24:25-37)
Que os ímpios não vejam até é plausível, mas a Igreja tem que estar preparada! Ela não pode se misturar ao mundo ao ponto de ser igual a ele, temos que ser diferentes. Nossa vida nessa terra é passageira e temos que lembrar qual é o nosso ponto de chegada: "Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus," (Ef. 2:19)

Na parábola do pai de família, Jesus é irônico em dizer que ninguém combina com o ladrão a hora que vai ser roubado. E justamente por causa disso, a gente vive olhando para os dois lados da rua, verificando se não tem ninguém rondando nossa casa, vivendo com responsabilidade e ficando atento aos sinais de algo que pode acontecer a qualquer momento. Que parábola perfeita!

Na parábola do servos fieis, Jesus está alertando para algo que ele já saberia que ia acontecer: na igreja primitiva, muitos achavam que era questão de semanas, no máximo, até Jesus voltar: "tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda?" (II Pe 3:3-4a)

E quando ele não o fez, muitos abandonaram da fé, porque sua verdadeira esperança não estava em Cristo, mas nas coisas que eles queriam que acontecesse. O problema disso tudo estava em viver uma espera que não refletia fidelidade. Deus não tem que fazer as coisas no nosso tempo. Uma espera responsável não é uma espera egoísta, querendo atingir nossos próprios objetivos. A espera está muito mais ligada com a ideia de viver com fidelidade. Isto fica evidente na parábola dos servo bom e do mau. Leiamos:
"Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens. 
Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios, virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes." (Mt. 24:45-51)
O trabalho do servo bom é ser cuidadoso e fiel com o que lhe foi confiado, para que sempre haja sustento (é o que o texto nos informa). E note que o comportamento do servo bom é sua rotina, seu dia a dia. Ele não está um servo fiel, ele é um servo fiel. É isso que Jesus quer nos dizer: vivam a vida de forma justa e fiel em todo tempo.

O servo infiel, por sua vez, é um beberrão, que maltrata os outros, que vive uma vida de dissolução. Ele faz isso, a princípio, por causa da "demora"; porém o que é visível é que, na verdade, ele não estava comprometido com seu senhor. Ele queria realmente era satisfazer os próprios desejos egocêntricos: "Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo." (Fp. 3:18)

Quando Jesus voltar, será revelado o que há de verdade no coração de todos, é o dia em que será separado o joio do trigo, de saber quem realmente buscou o reino do Senhor e quem estava buscando atender apenas seus próprios interesses. Para os crentes, isso é um processo de depuração, de revelar a nossa lealdade e limpar a terra do pecado.

E se estamos falando de limpeza do pecado, estamos falando de santidade: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor," (Hb. 12:14). Viver em santidade é exercitar aquilo que Deus nos ordenou todos os dias. Está muito ligado ao que vimos na parábola das virgens em ter o azeite preparado, por exemplo.

A relação com Deus é cultivada todos os dias, não é algo esporádico. Isso está estreitamente ligado com o que vimos na parábola das virgens, sobre as néscias: não podemos negociar o essencial. Aquilo que é vital, aquilo que é realmente necessário. Gente, Deus não está só nos grandes momentos da vida! Deus está em cada pequeno aspecto do nosso dia a dia! É assim que cultivamos uma relação com Deus: percebendo que ele está ao nosso lado todo tempo e buscando sua presença.

E quando passamos a ver isso, fica fácil traduzir nossa fé em atitudes do dia a dia. Fica mais fácil atingir nosso propósito, quando Jesus diz: "Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça;" (Jo. 15:16). Não estamos aqui a passeio, também temos trabalho a cumprir. Na parábola do servo bom e do mau, não apenas a atitude do servo, mas também o trabalho deveria ser cumprido, para que, quando o senhor retornasse, encontrasse tudo em bom estado.


Ao final de tantos estudos sobre escatologia, voltamos para onde começamos: não se deve estudar escatologia por mera curiosidade, é preciso realmente aprender. Um dos maiores problemas da igreja hoje é que se vive como se o mundo fosse nosso objetivo maior, esquece-se de para onde vamos, com quem viveremos, das marcas do fim dos tempos, das ideias e dos ideais que valem a pena ser estudados, defendidos, espalhados por todo o mundo.

Ter uma espera responsável é tudo aquilo que já vimos: conhecer o fim, saber dos seus sinais, permanecer firme mesmo em meio às provações, confiar plenamente em Jesus e saber que ele vem para nos buscar e nos dar uma vida totalmente diferente de tudo que imaginamos! Não precisamos ter medo do futuro ou das coisas que vão acontecer, pelo contrário, elas nos dão esperança!

Esperança da vinda de nosso Jesus e seu retorno triunfante; esperança do fim das tribulações, para viver num mundo totalmente livre do pecado; e, o melhor, esperança de viver eternamente na glória maravilhosa de Deus, desfrutando e glorificando para sempre a esse Deus eterno que nos deu muito mais do que poderíamos imaginar. Glórias pra sempre, Senhor! Glórias até o fim dos tempos e o começo da eternidade!
"Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!" (Ap. 22:20)
S.D.G.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Escatologia - A ressurreição e o juízo final

Fala pessoal! Este, a princípio, é o penúltimo post que farei sobre este assunto tão rico que é escatologia, o estudo dos últimos tempos. Não afirmo, nem de perto, que esgotamos o assunto, mas que tivemos uma boa caminhada e passamos por alguns dos tópicos mais abordados, isso acho que dá pra afirmar. O de hoje é um desse tipo. 

Um pequeno parêntese reflexivo. Iniciei esse blog em 2014 sem absolutamente pretensão nenhuma. Nunca fiz questão de que os posts fossem longe, tampouco fiz marketing do blog. Mas estou muito contente em ver que este espaço tem sido instrumento para dialogar com outras pessoas a respeito da Palavra. São ideias e ideais que valem a pena compartilhar. Sempre pensei, e continuo, que se apenas uma pessoa lesse o que escrevi e fosse abençoada... pronto. O blog já serviu seu propósito. Jamais imaginei que ele pudesse ter alcance tão longo. Que Deus te abençoe, leitor(a), que essas palavras possam fortalecer seu coração. Fim do parêntese reflexivo. Vamos ao estudo.

"Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus." (Jó 19:25-26)
"Na vida, só tenho certeza da morte". Já ouviram essa frase? Esta é uma triste verdade que ninguém  nessa terra pode negar. Apenas uma pessoa veio à terra e venceu a morte. Nosso salvador Jesus. Ele não evitou a morte, ele passou por ela. E venceu. 

Por isso, a morte para o cristão não é o fim. Não precisamos temer a morte, porque assim como Jesus ressuscitou e ele vive em nós, assim também a vida eterna está concedida a nós, por isso sabemos que a garantia da nossa vida está no fato de que Cristo vive, e podemos afirmar: "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Co. 15:55)

Mas não estamos aqui para falar da morte. Estamos aqui para lembrar da promessa que nos foi dada da ressurreição no dia final: "num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados." (I Co. 15:52)

Quando Lázaro morreu, sua irmã Marta estava inconsolável. Ele já estava doente, mandaram chamar Jesus, só que ele "demorou". Quando finalmente chegou na cidade de Lázaro, este já estava morto e sepultado há 4 dias. Marta aproximou-se de Jesus e disse que se ele estivesse ali, aquilo não teria acontecido, mas ao mesmo tempo declara que sabe que Jesus tem poder para salvá-lo. A resposta:
"Declarou-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir. Eu sei, replicou Marta, que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia." (Jo. 11:23-24)
Vejam que interessante! Nós sabemos que Jesus estava prestes a realizar um milagre e ressuscitar Lázaro, mesmo ele já estando morto e enterrado; mas Marta não sabia. Ela achava que Jesus estava falando da ressurreição final. Opa! Mas isso não é coisa do Apocalipse? Então como é que ela já sabia? Hum! 

Então é porque, como já vimos, a Escatologia não se resume ao Apocalipse, tampouco ao Novo Testamento. Em Isaías já temos essa promessa: "Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à luz os seus mortos." (Is. 26:19)

É por isso que quando Jesus afirma, no Sermão do Monte, que: "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." (Jo. 6:44), sua divindade ficava tão evidente. Porque os judeus sabiam que aquilo era uma promessa dada pelo próprio Deus, já no Antigo Testamento. E Jesus vem para reforçar essa promessa e dar garantia de seu cumprimento.

Já vimos que não haverá dois "retornos" de Cristo (vimos nesse post), por isso, também não há que se falar em duas ressurreições. Jesus é bem claro ao afirmar que: "Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão:" (Jo. 5:28). Novamente, o texto bíblico fala de uma ressurreição e não "ressurreições", no plural: "tendo esperança em Deus, como também estes a têm, de que haverá ressurreição, tanto de justos como de injustos. (At. 24:15)

E aqui já começa a intersecção com o tema do juízo final. Não obstante haver já o senso comum de que há céu e inferno e são destinos diferentes, para pessoas diferentes, Paulo deixa bem claro qual é o contexto disso (o texto é meio longo, mas vale a pena):
"e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho)." (II Ts. 1:7-10)
Já falamos no último post que não temos que temer este momento, visto que Jesus já pagou o preço pelos nossos pecados. O que deve ser chamado à atenção aqui é que haverá uma única ressurreição final que incluirá a todos: justos e injustos. E neste momento é que virá o juízo.

Neste juízo, que não temos explicitação na Bíblia de como se dará, há alguns pontos que são certos. O primeiro é que todos comparecerão diante dele: "Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus." (Rm. 14:10)

Os salvos não terão seu destino decidido neste julgamento. Isso porque o seu destino já foi definido: "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus." (Rm. 8:1). Note no texto que Paulo escreve aos Romanos e inicia dizendo que agora, já não há condenação. Ele não diz que no futuro. Ele está dando a garantia de que desde já somos salvos e justificados por Cristo e seu sacrifício. 

Os crentes, portanto, serão julgados sim, mas pelos seus atos, o que está diretamente ligado ao seu galardão (o que também já estudamos aqui): "Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho." (I Co. 3:8)

O ato do juízo final, portanto, é regozijo para alguns e tristeza para outros. O profeta Daniel já falava desse dia no Antigo Testamento: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno." (Dn. 12:2). Quando isto acontecer e Deus julgar as pessoas: "Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve." (Ml. 3:18).

Antes que dúvidas e revoltas surjam contra esse julgamento, eu já vou deixando claro: Isso é justo! Total e puramente justo. Não há ato de maldade de Deus em julgar e condenar pessoas ao inferno. O que seria injusto é pecadores como nós recebermos a graça de termos uma vida eterna ao lado do nosso pai celeste. Isso sim seria injusto. É tão somente pela graça (um presente não merecido!) que podemos desfrutar desse presente e graças a Deus por isso! 

E, antes de discordarem de mim, lembrem-se que já estudamos isso antes. Nos posts de Apologética há vários em que isso é demonstrado, vou deixar o link de dois, é só clicar e ler. "Deus e as injustiças" e "Deus, fatalidades e tragédias". Os posts sobre a glória de Deus, em certa medida, ajudam a compreender também esse aspecto com certa profundidade -- especialmente para entender porque o inferno é horrível: é justamente porque lá não está presente a glória de Deus.

Voltando. Há um contraste, então, no momento da ressurreição: os salvos para a vida, os ímpios para a condenação. Na nova vida que é concedida ao cristão, também lhe será concedido um corpo glorificado. A ressurreição implica em viver eternamente diante de Deus e, como sabemos, Deus não pode ter comunhão com o pecado, simplesmente não dá. Portanto, para que nós possamos desfrutar da Sua presença com plenitude, Ele nos dá um novo corpo. Limpo, santo, livre do pecado.
"E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial." (I Co. 15:49) 
"Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas." (Fp. 3:20-21)
"Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é." (I Jo. 3:2b) 
"E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram." (Ap. 21:4)
Meu Deus! Quanta bênção que eu não mereço! Olha o contraste que há desse corpo glorificado com o meu atual. Quando eu nasci, lá em 1991, eu já comecei a morrer. Este corpo que agora tenho é fadado à morte, isto é algo do qual não escaparei. Por outro lado, com o corpo glorificado, eu vou nascer para viver

E justamente porque eu não vou mais morrer, então não tem mais necessidade de eu me reproduzir. É nesse contexto que deve ser lido e entendido o texto de Lucas quando Jesus diz: "mas os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento."

Nós não seremos anjos (já vimos isso extensivamente aqui, aqui e aqui), porque fomos criados homem e mulher (Gn. 1:27). Tampouco significa que não haverá amor. O que haverá é uma forma tão superior de amor, que o casamento já não fará mais sentido. O símbolo da união entre Cristo e a Igreja não será mais necessário, porque nós estaremos vivendo o fato e não o símbolo dele; além disso, sendo co-herdeiros com Cristo e filhos de Deus, a nossa família estará completa e será plena. Precisamos estudar a Bíblia à luz da própria Bíblia!

O mais magnífico da promessa do corpo glorificado é que a Bíblia fala que seremos semelhantes a Cristo! (Fp. 3:20-21, conforme lemos acima). Isto significa um corpo livre do pecado e tudo que isso implica: nossas emoções, racionalidade, desejos, comportamentos, nosso próprio modo de ser será totalmente diferente, porque finalmente estaremos limpos, livres do pecado, e plenamente capazes de amar, obedecer, e glorificar ao Senhor para todo o sempre! (O que, aliás, é a melhor coisa que poderia nos acontecer! Vide o que já estudamos aqui e aqui)


Há coisas na Bíblia que não claras, porque Deus assim escolheu não revelar. Mas há outras que podemos aprender. Aprendemos que a nossa história não é cíclica ou aleatória, ela tem um propósito, um fim. Vimos que a ressurreição será um evento único, tanto para crentes quanto ímpios. Neste momento também haverá juízo, o qual pode ser tanto para vida quanto para morte, a depender da relação pessoal com Cristo.

Disso depreendemos que o juízo é inevitável e virá para todos. Os salvos não estão excluídos de responsabilidade nesse dia, pois ainda terão que prestar contas das suas obras. Isto implica em uma vida moral e espiritualmente saudável, que reflita esse momento na vida do crente. O dia final é o dia que redime a história, onde haverá perfeita justiça sobre os homens. 

Por fim, temos a certeza de que tudo isso ocorrerá porque Cristo já cumpriu parte disso e já anunciou que o mesmo acontecerá com a gente. E podemos ver isso na Bíblia! Lembram daquele episódio de Lázaro e o diálogo de Jesus com Marta? Pois é. Nós vimos só um trecho do diálogo. Vocês sabem o que Jesus responde para Marta, quando ela achou que a ressurreição à qual ele se referia era a ressurreição final? Foi isso: 
"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (Jo. 11:25)
Seja esse Jesus vosso guia e vossa luz.
S.D.G.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Escatologia - A volta de Cristo

Fala pessoal, estamos aí dando continuidade aos nossos estudos de escatologia, o estudo do fim dos tempos. Hoje vamos falar da volta de Cristo, um momento único em todo o cenário escatológico, e, aliás, para o qual apontam muitas promessas e seus cumprimentos. Vamos lá.
Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus. (Mt. 24:29-31)

A volta de alguém que amamos sempre é um momento ímpar. Quando alguém importante na nossa vida retorna de uma viagem e finalmente reencontramos essa pessoa... que grande alegria! Que grande bênção! 

Porém, como já falamos no começo desses estudos, parece que cada vez menos a igreja lembra da volta de Jesus, cada vez menos parece que a nossa verdadeira pátria está nos céus. Isso acontece porque cada vez mais nossos olhos estão sobre a terra e as coisas que ela contém. Porém tudo que há aqui é efêmero! A volta de Jesus marcará uma nova era, e (pelo menos deveria ser) é a grande razão da esperança em nós.

É importante deixar claro que a volta de Jesus não é uma metáfora ou um ato simbólico. A Bíblia nos ensina que assim como Jesus veio em carne, teve morte física e ressurreição, também seu retorno será literal. Porém há ainda muito sensacionalismo hollywoodyano no entendimento sobre o retorno de Jesus. Isso se dá, em grande parte, por conta do premilenismo dispensacionalista (que já estudamos aqui).

Nessa corrente escatológica, que (deixo claro desde já), entendemos que NÃO é uma perspectiva correta da interpretação bíblica, afirma-se que o retorno de Cristo se dará em duas etapas. A primeira seria a chamada "arrebatamento" e depois seria a sua "volta". Entre estes dois períodos, segundo essa corrente, haveria um intervalo de 7 anos, que seriam anos de tribulação, aparecimento do anticristo, perseguição e tal, e todo aquele contexto do Armagedom de Hollywood. Aí depois desse tempo é que Jesus voltaria de fato.

Não faz sentido bíblico, porém, que a igreja não esteja na terra durante a Grande Tribulação. No próprio sermão escatológico de Jesus ele afirma que: "Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados." (Mt. 24:22). Ora, se a tribulação teve que ser abreviada por conta dos eleitos, é porque eles claramente estarão nela!

Neste mesmo argumento, porque teria Paulo se dado ao trabalho de alertar os Tessalonicenses se eles não fossem passar pela Tribulação? "Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição" (II Ts. 1:3).

Sobre o fato de haver duas etapas, também não há base bíblica para afirmar isso. Em Atos, temos registrado a ascensão de Jesus da seguinte forma: "e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir." (At. 1:11). A ascensão de Jesus não foi em duas etapas, e não há base para afirmar que sua segunda vinda o será.

Um outro ponto que sempre ronda a ideia da vinda de Jesus é: quando? Muitos pseudo-analistas já tentaram prever essa data baseando-se em estudos numerológicos que nada provam, ou buscam afirmações em dados falsos para prever isso.

Mas a Bíblia nos aponta alguns sinais quanto a isso. Já estudamos na agenda escatológica de Jesus, por exemplo, que a segunda vinda se dará depois da apostasia e da Grande Tribulação, quando haverá a vinda do anticristo e a igreja passará por um período de grande perseguição. Não obstante, a Bíblia é muito clara em dizer que: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai." (Mt. 24:36)

Ainda que não tenhamos informações específicas sobre o "quando", temos alguns dados bem legais sobre o "como" Jesus voltará. Já vimos, no texto de Atos, que ele voltará do mesmo modo como subiu. Além disso, Cristo virá pessoalmente: "Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória." (Cl. 3:4)

A segunda vinda de Jesus será visível, não será secreta: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram." (Ap. 1:7). Jesus virá em glória! Ele não tem porque se esconder ou fazer mistério. Quando ele veio a primeira vez, veio humilhado, assumiu a forma de servo para ser sacrificado. Agora ele retorna triunfante! Cheio de poder e graça: "Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores." (Ap. 19:16).

Jesus volta com objetivos específicos: "E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras." (Ap. 21:5). Jesus vem para finalmente realizar o juízo final e a ressurreição dos mortos, inaugurando um novo marco na realidade:
"Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras." (Ap. 20: 12-13)
Esse momento de julgamento, que é tão temido por muitos que estudam o Apocalipse, na verdade é momento de grande bênção e júbilo para os santos! Parece estranho, mas exemplifico de maneira figurativa: é porque quando Deus retirar do arquivo a folha com nossos pecados, enumerados, sem que nenhum falte, Ele vai olhar para aquela folha desprezível, para o ser humano asqueroso que cometeu aquilo tudo, vai descer os olhos pela página e lá no final vai ter um carimbo, um selo. Em sangue. Na forma de cruz.
"tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;" (Cl. 2:14)


A volta de Cristo será um evento único, visível para todos, em que Cristo voltará em pessoa, para transformar a terra, julgar ímpios e eleitos. Essa grande verdade do evangelho deveria martelar nas nossas cabeças todos os dias! Precisamos lembrar de para quê estamos vivendo aqui na terra. Qual a esperança que te move? A nossa esperança está pautada pelas coisas da terra ou as do céu?
"Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro." Ap. 22:7). 
Nos ajuda a guardar a tua palavra, meu Senhor. Nos ajuda a sermos encontrados dignos, servos fieis, quando tu retornar. Ah! E Jesus... retorna, meu pai, retorna e livra-me do corpo dessa morte, para que eu possa, em plenitude, te adorar em espírito e em verdade! Seja nosso guia e nossa luz.
Maranata, vem Senhor Jesus!

S.D.G.

domingo, 12 de agosto de 2018

Escatologia - Missões e o fim do mundo: o que tem a ver?

Fala pessoal! Estamos de volta aí com mais um estudo sobre "Escatologia", o estudo do fim dos tempos. Já vimos que escatologia não é só o Apocalipse, mas que é um tema presente em toda a Bíblia. Além disso, falamos da Agenda Escatológica de Jesus, de temas que pareciam estranhos como a destruição do templo, a parábola da noiva, as diferentes correntes da escatologia; e também temas curiosos como o anticristo, o galardão e o número da besta

Como já mencionei antes, cada vez mais fico surpreso como a base do estudo desses temas escatológicos está na Agenda Escatológica de Jesus. Lá, Cristo deu um panorama do assunto e deixou revelado em outros textos algumas complementações (ainda que parcialmente, em alguns casos). E hoje, não surpreendentemente, vamos falar de outro ponto elencado por Jesus na sua agenda, que se resume nesse versículo:
E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim. (Mt. 24:14)

O verso que lemos está no contexto do "princípio das dores". Conforme já estudamos, este será o tempo em que haverá grande crescimento da apostasia e ódio aos cristãos. É bem interessante que justamente nesses tempos é que haverá a pregação do evangelho a todas as nações e isso será um testemunho.

Em primeiro, cabe entender que o texto não está literalmente falando de absolutamente todas as pessoas, mas todas as nações. Isso quer dizer que não será necessário que todo ser humano ouça isso para que se cumpra a promessa de Jesus. O que ele está querendo dizer é que todos terão a oportunidade de, em algum momento, ouvir do Evangelho: aceitação ou recusa não tem a ver com a promessa em si, já faz parte de outro contexto.

Novamente, o texto não está dizendo que todos, absolutamente, ouvirão falar de Jesus, mas sim que ele se tornará uma realidade que não poderá se dizer: "Jesus? Nunca ouvi esse nome antes." Ou seja, é um contexto em que não se poderá dizer que não se teve a chance. Isso implica ainda que não haverá uma "segunda chance": agora é a hora de conhecer a Cristo.

Como já estudamos também, a promessa de que o evangelho seria espalhado não é única do Novo Testamento, já em Gênesis, por exemplo, isso é parte da promessa a Abrão: "Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra." (Gn. 12:3). O que se torna mais evidente essa bênção no Novo Testamento é simplesmente o cumprimento claro disso com o evangelho e os gentios.

Essa expansão do evangelho tem uma relevância escatológica importante porque está dentro do contexto da restrição de Satanás:
Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo.(Ap. 20:1-3)
Não vamos falar aqui do que significa esses mil anos (já estudamos disso!), basta lembrar que o milênio é um período figurativo (não literal) que começou com a primeira vinda de Cristo. Quando ele veio, inaugurou sua vitória sobre Satanás também; é o que menciona nesses textos, falando aso discípulos:
Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. (Lc. 10:17-18)
Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.(Jo. 12:31-32)
Essa vitória de Jesus se traduz na restrição da ação de Satanás neste mundo. Ainda que muito poderoso e influente, Satanás não consegue extinguir a Igreja do Senhor, a instituição missionária que prega a Cristo, simplesmente não pode, porque Jesus garantiu a nossa segurança. E por isso também nós devemos pregar ousadamente a respeito de Cristo.


A pregação do Evangelho, é, por fim, a grande marca do período entre a primeira e a segunda vinda de Jesus. Veja que no Antigo Testamento e mesmo no Novo Testamento, o evangelho de Deus era pregado. Mas nunca como agora o evangelho foi tão pregado, tão disseminado, e tão mais a Igreja deve se fortalecer para cumprir a Palavra, fazendo dos nossos tempos uma grande era missionária. Basta lembrar da última ordem de Jesus antes de partir: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura." (Mc. 16:15)

Depois que Jesus ascendeu aos céus, a marca da Igreja deve ser, portanto, a pregação da palavra. Isso fica evidente na visão de João, durante o Apocalipse: "e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação." (Ap. 5:9)

O fato da Bíblia apontar para diferentes tribos, línguas, povos, etc, demonstra que a pregação do evangelho deve ser feito de modo inteligível, para que todos possam entender. Essa pregação não se dá somente pelo falar em determinado idioma, mas também em viver essa pregação por meio do testemunho, demonstrando com ações e palavras quem é Deus, para todas as etnias e povos.

Além disso, reparem no texto bíblico de Apocalipse, onde fala que haverá, entre os eleitos no céu, aqueles que procedem de toda tribo, língua, povo e nação. Mais uma vez demonstrando que não necessariamente todas as pessoas estarão ali naquele dia. A salvação, no final das contas, pertence somente: "e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro pertence a salvação." (Ap. 7:10)

Portanto, missões, no sentido de pregar o evangelho, deve ser a marca do período que estamos vivendo. A pregação do evangelho é um sinal de graça de Deus, uma oportunidade que até os anjos quiseram! Jesus disse que esse evangelho será pregado a todo mundo, então virá o fim. A igreja deve, portanto, se esforçar ao máximo para cumprir logo seu papel e para que a promessa de Jesus se cumpra logo.

Sim! Porque é isso que queremos! Queremos a volta do nosso Senhor Jesus! Queremos viver plenamente na glorificação do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Me ajuda, Senhor, a cumprir teus mandamentos, me ajuda a proclamar teu reino nessa terra, me ajuda a ser luz em meios às trevas, para que o mundo possa ver quem tu és, para que meu Senhor Jesus volte.

Maranata, vem Senhor Jesus!
Seja nosso guia e nossa luz,

S.D.G.