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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Escatologia - À espera

E é isso aí. Chegamos ao fim de mais uma série de estudos, compartilhando ideias e ideais que valem a pena aprender. Vimos alguns princípios básicos da Escatologia, falamos da Agenda Escatológica de Jesus (que acabou provando ser um dos principais marcos de todos os nossos estudos!), a ideia do reino inaugurado e os últimos dias que ele inaugura (uma ideia estreitamente ligada à mensagem de destruição do templo de Jerusalém); sobre isso vimos também as diferentes correntes escatológicas na ideia do "milênio" de Apocalipse. 

Falamos do novo céu e nova terra, o tal do galardão que nos aguarda; falamos da linda mensagem contida na parábola das 10 virgens. Vimos temas polêmicos (e hollywoodyanos) como o anticristo, 666, a Grande Tribulação, a volta de Cristo, a ressurreição dos mortos e o juízo final. 

Em todos estes, e especialmente quando estudamos sobre missões e escatologia, vimos que o estudo do fim dos tempos não vem para satisfazer curiosidade, mas para nos ensinar a viver uma boa vida na terra enquanto aguardamos o fim. 

E o que fazer com tudo isso que aprendemos? Um dos grandes problemas da igreja hoje (e dos crentes em geral) é viver na terra sem olhar para as coisas do alto. Por isso frisamos tanto nos estudos a importância de estar preparado para o retorno de Jesus e viver uma vida com responsabilidade, que reflita o caráter de Cristo e assim sejamos encontrados firmes quando ele voltar.

Agora é viver à espera do retorno de Jesus.


Na agenda escatológica de Jesus, ele faz uso de cinco parábolas para deixar mais claro o contido na Agenda. São elas: a parábola da figueira (Mt. 24:32-42), a parábola do pai de família e o ladrão (Mt. 24:43-44), a parábola do bom e do mau servo (Mt. 24:43-44), a parábola das virgens (Mt. 25:1-13) e a parábola dos talentos (Mt. 25:14-30). Todas elas estão ligadas à ideia de preparação, inclusive uma delas nós já estudamos um pouco mais a fundo (a das virgens) e estão ligadas à ideia de espera com responsabilidade. 

Na parábola da figueira e do pai que não sabe a hora que o ladrão virá, Jesus quer alertar aos seus discípulos que não tenham uma espera curiosa, para só saber o que vai acontecer. O que Jesus quer é: "Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão." (Mt. 24:32).

Nos tempos de Jesus, o figueira era a primeira planta que florescia e dava frutos, ela anunciava a estação de colheita que estava prestes a iniciar. Em vários momentos na Bíblia a figueira traz a ideia de mostrar que algo está prestes a acontecer. Quando a igreja não atenta para os sinais ao seu redor e não se prepara, torna-se rapidamente mundana. É isto que Paulo alerta quando escreve aos romanos
"E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Rm. 12:2)
Às vezes parece que Jesus estava errado. Todo mundo lê isso e pensa: "Ora! Mas como é que eu não veria o fim do mundo se aproximar? Está tudo aí!". Porém a Bíblia mesmo prova que isso já aconteceu antes. É o que Jesus explica na parábola:
"Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem." (Mt. 24:25-37)
Que os ímpios não vejam até é plausível, mas a Igreja tem que estar preparada! Ela não pode se misturar ao mundo ao ponto de ser igual a ele, temos que ser diferentes. Nossa vida nessa terra é passageira e temos que lembrar qual é o nosso ponto de chegada: "Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus," (Ef. 2:19)

Na parábola do pai de família, Jesus é irônico em dizer que ninguém combina com o ladrão a hora que vai ser roubado. E justamente por causa disso, a gente vive olhando para os dois lados da rua, verificando se não tem ninguém rondando nossa casa, vivendo com responsabilidade e ficando atento aos sinais de algo que pode acontecer a qualquer momento. Que parábola perfeita!

Na parábola do servos fieis, Jesus está alertando para algo que ele já saberia que ia acontecer: na igreja primitiva, muitos achavam que era questão de semanas, no máximo, até Jesus voltar: "tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda?" (II Pe 3:3-4a)

E quando ele não o fez, muitos abandonaram da fé, porque sua verdadeira esperança não estava em Cristo, mas nas coisas que eles queriam que acontecesse. O problema disso tudo estava em viver uma espera que não refletia fidelidade. Deus não tem que fazer as coisas no nosso tempo. Uma espera responsável não é uma espera egoísta, querendo atingir nossos próprios objetivos. A espera está muito mais ligada com a ideia de viver com fidelidade. Isto fica evidente na parábola dos servo bom e do mau. Leiamos:
"Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens. 
Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios, virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes." (Mt. 24:45-51)
O trabalho do servo bom é ser cuidadoso e fiel com o que lhe foi confiado, para que sempre haja sustento (é o que o texto nos informa). E note que o comportamento do servo bom é sua rotina, seu dia a dia. Ele não está um servo fiel, ele é um servo fiel. É isso que Jesus quer nos dizer: vivam a vida de forma justa e fiel em todo tempo.

O servo infiel, por sua vez, é um beberrão, que maltrata os outros, que vive uma vida de dissolução. Ele faz isso, a princípio, por causa da "demora"; porém o que é visível é que, na verdade, ele não estava comprometido com seu senhor. Ele queria realmente era satisfazer os próprios desejos egocêntricos: "Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo." (Fp. 3:18)

Quando Jesus voltar, será revelado o que há de verdade no coração de todos, é o dia em que será separado o joio do trigo, de saber quem realmente buscou o reino do Senhor e quem estava buscando atender apenas seus próprios interesses. Para os crentes, isso é um processo de depuração, de revelar a nossa lealdade e limpar a terra do pecado.

E se estamos falando de limpeza do pecado, estamos falando de santidade: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor," (Hb. 12:14). Viver em santidade é exercitar aquilo que Deus nos ordenou todos os dias. Está muito ligado ao que vimos na parábola das virgens em ter o azeite preparado, por exemplo.

A relação com Deus é cultivada todos os dias, não é algo esporádico. Isso está estreitamente ligado com o que vimos na parábola das virgens, sobre as néscias: não podemos negociar o essencial. Aquilo que é vital, aquilo que é realmente necessário. Gente, Deus não está só nos grandes momentos da vida! Deus está em cada pequeno aspecto do nosso dia a dia! É assim que cultivamos uma relação com Deus: percebendo que ele está ao nosso lado todo tempo e buscando sua presença.

E quando passamos a ver isso, fica fácil traduzir nossa fé em atitudes do dia a dia. Fica mais fácil atingir nosso propósito, quando Jesus diz: "Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça;" (Jo. 15:16). Não estamos aqui a passeio, também temos trabalho a cumprir. Na parábola do servo bom e do mau, não apenas a atitude do servo, mas também o trabalho deveria ser cumprido, para que, quando o senhor retornasse, encontrasse tudo em bom estado.


Ao final de tantos estudos sobre escatologia, voltamos para onde começamos: não se deve estudar escatologia por mera curiosidade, é preciso realmente aprender. Um dos maiores problemas da igreja hoje é que se vive como se o mundo fosse nosso objetivo maior, esquece-se de para onde vamos, com quem viveremos, das marcas do fim dos tempos, das ideias e dos ideais que valem a pena ser estudados, defendidos, espalhados por todo o mundo.

Ter uma espera responsável é tudo aquilo que já vimos: conhecer o fim, saber dos seus sinais, permanecer firme mesmo em meio às provações, confiar plenamente em Jesus e saber que ele vem para nos buscar e nos dar uma vida totalmente diferente de tudo que imaginamos! Não precisamos ter medo do futuro ou das coisas que vão acontecer, pelo contrário, elas nos dão esperança!

Esperança da vinda de nosso Jesus e seu retorno triunfante; esperança do fim das tribulações, para viver num mundo totalmente livre do pecado; e, o melhor, esperança de viver eternamente na glória maravilhosa de Deus, desfrutando e glorificando para sempre a esse Deus eterno que nos deu muito mais do que poderíamos imaginar. Glórias pra sempre, Senhor! Glórias até o fim dos tempos e o começo da eternidade!
"Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!" (Ap. 22:20)
S.D.G.

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