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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Escatologia - A mensagem de destruição do templo

Alô, pessoal! Depois de algumas semanas em off estamos de volta para continuar estudando Escatologia, o estudo do fim dos tempos. Há muito que já falamos e tão pouco ao mesmo tempo: falamos do propósito de estudar esse tema (que não é só Apocalipse!), da Agenda Escatológica de Jesus em Mateus 24 (princípio das dores, grande tribulação e segunda vinda), do reino inaugurado e do conceito de "últimos dias", especialmente sob os enfoques das diferentes correntes escatológicas vigentes... Ufa! Realmente, até aqui nos ajudou o Senhor.

Estes estudos, falo novamente, são quase transcrições das aulas ministradas aos adolescentes da II Igreja Presbiteriana de Boa Vista, onde tenho tido oportunidade de aprender muito e compartilhar um pouco do que Deus tem ensinado. Escatologia está no nosso dia a dia!  


O tema de hoje, que é um pouco ominosa e parece estar ao mesmo tempo num passado ou num futuro muito distante, está em Mateus 24:1-2: "Tendo Jesus saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos para lhe mostrar as construções do templo. Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada."

Este texto está no início da agenda escatológica de Jesus (que já estudamos) e aponta para a destruição do templo em Jerusalém. Jesus está profetizando que aquilo ficaria totalmente derribado. Já falamos em outras ocasiões que o cumprimento de uma profecia no passado é uma garantia de cumprimento no futuro. 

As perguntas que vamos tentar responder são: Qual o significado da destruição do templo? Quais dados históricos mostram que as profecias são verdadeiras? E o que isso tem a ver com nós hoje? Bom, vejamos então ver o que podemos aprender. Vamos lá.

No capítulo 24 de Mateus, Jesus está pregando no Monte das Oliveiras e ele saía do templo quando os discípulos chamaram atenção para as construções. Devemos nos inserir mais no contexto de Mateus para entender porque os discípulos fizeram isso. Eles estavam lembrando de algo que Jesus já havia dito alguns versos antes:
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. (Mt. 23:37-38)
Jesus estava fazendo uma referência direta ao templo em Jerusalém neste último verso. Os discípulos ouvem Jesus falar (capítulo 23) e então saem do templo (começo do capítulo 24) e, ao sair do templo, eles não conseguem evitar chamar a atenção de Jesus para aquela magnífica construção. Isto é evidenciado no texto de Marcos: "Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos: Mestre! Que pedras, que construções!" (Mc. 13:1)

É como se os discípulos estivessem dizendo: "Senhor... mas tem certeza mesmo que isso aqui vai ficar deserto? Olha pra isso, que belezura! Um prediozão desse!". Mas Jesus afirma de forma mais categórica aquilo que disse em Mateus 23, destacando que ali não ficaria "pedra sobre pedra", apontando para uma grande calamidade.

A resposta de Jesus entrelaça dois importantes acontecimentos: a destruição do templo em si, aquele mesmo que eles estavam visitando naquela ocasião (isso aconteceu mesmo, conforme veremos a seguir) e a própria destruição do mundo, o "último dia", o juízo final. E os discípulos entenderam que essa mensagem apontava para um aviso escatológico pois perguntaram a Jesus: "Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para cumprir-se." (Mc. 13:4)

Adianto a vocês que o templo foi destruído no ano 70 d.C., porém, só falar que isso aconteceu no ano tal é muito pouco, não traduz o contexto em que isso aconteceu. Como já estudamos aqui também, não há oposição entre fé e ciência, pelo contrário, a ciência nos ajuda a exercer nossa fé. Hoje nós vamos relacionar estas duas coisas vendo como se desenrolaram os eventos que culminaram no cumprimento desta profecia por meio da História.

Voltamos um pouco o filme para o período de 37 a.C. até 4 d.C., que foi o período de domínio do Rei Herodes. Esse vocês conhecem, era o que comandava a Judeia na época do nascimento de Jesus e mandou matar todas as crianças menores de dois anos na região que ele nasceu. Esse cabra ruim foi nomeado pelos romanos para governar sobre a região da Judeia.

Ele era chamado pelos oficias romanos de "Rei dos judeus", visto que tinha sangue judeu. Porém não foi um bom homem para o seu próprio povo: obrigou muitos a realizar trabalhos forçados com construções e aumentou impostos sobre a população. Isto seria apenas o começo de anos de sofrimento sob o domínio do império romano.

Em 6 d.C., depois que Herodes morre, inicia-se a época dos "Procuradores", que eram pessoas apontadas pelo governo romano para governar diferentes regiões, incluindo aí a Judeia. Neste período, até meados dos anos 30 d.C., houve certo respeito e tolerância por parte dos procuradores para com os costumes dos judeus.

O caldo engrossa no ano 37, quando toma o poder do império o famoso Calígula. No seu domínio, visando aumentar sua influência e enfraquecer o poderio dos judeus, ele ordena que fossem colocadas estátuas suas nas sinagogas em Jerusalém, como afirmação de poder. Nesta mesma época, o Rei Agripa foi apontado para ser o procurador da região.

Calígula continua a pressionar o povo judeu e no ano 40 toma uma decisão exagerada: quer que coloquem uma estátua sua no templo de Jerusalém. Foi a diplomacia do Rei Agripa que garantiu que isso não acontecesse, pois destacou ao imperador que uma atitude dessa resultaria numa verdadeira guerra civil ante a revolta dos judeus. 

Não obstante, durante as décadas de 40, 50 e meados de 60 d.C., os judeus continuaram a viver sob a opressão dos romanos, continuando a realizar trabalhos forçados e ver sua economia agravada pelos constantes aumentos de impostos por parte de seus dominadores. Isso piora no ano 66.

Neste ano o procurador da região era um cidadão chamado Géssio Floro. Depois de decisões que prejudicavam o povo judeu, este decidiu protestar ante as demandas. Seu protesto consistiu em não pagar os impostos e deixar de fazer sacrifícios pelo imperador romano no Templo. 

Aqui temos uma importante ressalva: os judeus continuavam judeus! É óbvio isso, mas as vezes estudamos a Bíblia e esquecemos de relacionar o conhecimento que há ali com a História. Jesus, neste ponto, já estava morto e ressurreto e os judeus continuavam com suas ordenanças, seguindo a Lei do Antigo Testamento como se nada tivesse acontecido, visto que não reconheceram em Jesus o messias prometido. Por isso, realizar sacrifícios no templo ainda era parte do seu dia a dia.

Voltando: Géssio aumenta os impostos e o povo não paga. Como retaliação, o procurador manda invadir o Templo e rouba de lá 17 talentos de ouro, dizendo que eram para o imperador. O povo, por sua vez, começa a fazer chacota de Géssio pela cidade, como se o "pobrezinho" precisasse de grana. E, claro que o procurador aceitou isso de boa... só que não: ele reage mandando crucificar os líderes e saqueia parte da cidade. Este foi o estopim da Revolução Judaica.

Os judeus, que já estavam se preparando para algo assim há um tempo, então rapidamente atacam as guarnições militares e em pouco tempo tomam o controle do território da Judeia. Seu domínio vai além de Jerusalém e expandem para boa parte do território; os judeus vencem algumas batalhas que surpreenderam os romanos e os próprios judeus passam a acreditar que podem finalmente reconquistar sua independência. Nesta mesma época, muitos cristãos fogem de Jerusalém (guardem essa informação).

No ano 67, então, o império romano não deixa por menos. Nero (o imperador à época), envia 60.000 homens liderados por Tito e Vespasiano para a região. Eles, com as forças militares romanas, começam a reconquistar o território. No ano 68, então, eles já haviam reconquistado toda a Galileia e estavam continuamente ganhando mais território.

Isto levou os judeus a precisar recuar, ficando cada vez mais acuados dentro do território. Muitos deles se refugiaram direto em Jerusalém, já que lá era uma cidade fortificada e contavam com o Templo. Só que lá dentro da cidade a situação ficou crítica também. Conflitos entre as lideranças judaicas levou a uma guerra civil dentro da própria cidade.

No ano 69, Vespasiano se torna o imperador e Tito fica no comando da guerra na Judeia. Por sua vez, então, Tito avança com mais vigor na conquista do território. Ele finalmente avança até chegar em Jerusalém. Só que como a cidade é muito bem fortificada, ele não consegue entrar. Então faz um cerco à cidade: cava trincheiras ao redor, garante que não iriam mais entrar alimentos e quem tentasse sair era crucificado. A esta altura,

Vale lembrar que Jerusalém ficou sitiada por 07 meses. Neste meio tempo, ainda estava rolando lá dentro uma guerra civil e a coisa era tensa: em determinado momento, líderes radicais tocaram fogo em um estoque de alimentos na cidade, para forçar as pessoas a lutarem contra os romanos, enquanto outros partidários achavam que a luta não seria a melhor opção.

No ano 70, então, finalmente os romanos conseguem romper as muralhas de Jerusalém e invadem a cidade. Esta invasão foi para destruir tudo mesmo: queimar casas, matar mulheres e crianças, e cumprir a profecia de Jesus. Lá em Jerusalém, o Templo era o último refúgio das pessoas, porém nem ali estavam a salvo: o templo é destruído pelos romanos e as pessoas executadas cabalmente.


Durante o período da guerra civil em Jerusalém, ele também relata casos de melhores amigos que viraram combatentes e inimigos entre si.

Há ainda relatos de que enquanto o templo pegava fogo, os soldados romanos matavam todos os judeus que estavam por ali, independente de estarem portando armas ou não, independente de sexo, idade ou condição social. De acordo com o historiador Josefo, cerca de 1 milhão e 100 mil pessoas não-combatentes morreram durante todo o período do cerco a Jerusalém e cerca de 97 mil foram escravizadas como espólio de guerra. O massacre foi completo.


Todos estes fatos não estão na Bíblia. Eles foram estudados por diversos historiadores, registrados e estão entre os escritos científicos que embasam o pensamento de muitos estudiosos sobre aquela época e sobre aquele povo. Não obstante, estes ensinos nos ajudam a entender a Bíblia sob outro enfoque, nos mostrando o cumprimento de uma profecia de Jesus.

Para os judeus, o Templo era visto como a manifestação física de Deus entre seu povo. Aquele era o lugar que apontava para o Deus Todo-Poderoso e que ele estava como povo judeu. Era nisso que eles acreditavam. Quando Jesus fala aos discípulos que ali não ficaria pedra sobre pedra, eles entendem que aquilo tinha um significado muito mais profundo. A calamidade que foi a destruição do templo tinha um significado escatológico mais profundo.

Lembram que falei que durante a Revolta Judaica muitos cristãos fugiram daquela região? Pois é, por que será que eles fizeram isso? Por que não lutaram ao lado dos judeus naquela ocasião? A resposta está na Bíblia, Jesus já os havia alertado:
Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela. Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito. Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles.
Vejam só a relação das palavras de Jesus com os acontecimentos nas vidas daquelas pessoas! Eles viram a revolta acontecer, viram Jerusalém sitiada e lembraram das palavras de Jesus! E mais: eles as obedeceram! Naquela época, os cristãos saíram da região da judeia e foram para Pella, na Transjordânia, recusando-se a lutar contra os romanos, pois lembraram da profecia de Jesus "para se cumprir tudo o que está escrito".

Continuando a história, depois estes cristãos receberam autorização dos romanos para voltar para Jerusalém, já no final do século I. Isto aponta mais diretamente para a separação que ficou evidente entre cristãos e judeus, pois o primeiro grupo obedecia diretamente aos ensinos de Jesus.

Esse retorno de um grupo de cristãos também tem um significado: ele aponta para um novo começo. E esta novidade de vida é aguardada pela Escritura: "A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus." (Rm. 8:19) e "esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça." (II Pe. 3:12-13)















Para os judeus o Templo era um lugar indestrutível, ele apontava para sua aliança com Deus e, por causa disso, achavam que nunca seriam destruídos. Eles não reconheciam que Jesus era o cumprimento maior da aliança de Deus. O maior problema, porém, é que carregados pela sua soberba, acharam que Deus estaria do seu lado mesmo nesta nova administração da graça, como se Deus fosse o Deus deles apenas e fosse para sempre abençoá-los.

Irmãos, nós também não somos assim muitas vezes? Vivemos uma vida em que esquecemos das consequências dos nossos atos, vivendo pelo aqui e pelo agora. Os judeus, no começo de sua revolta, julgavam que pelo seu próprio poder conseguiriam conquistar sua independência (tanto que até estavam tendo importantes vitórias militares), porém se esqueceram de quem é o verdadeiro general.

Viver uma vida que esquece de olhar para o futuro e vive apenas pelo presente é uma das marcas da geração contemporânea. Esse estudo nos convida a pensar na destruição do templo como símbolo do fim dos tempos, mas também aponta para um novo começo: um novo céu e uma nova terra. Um lugar onde teremos uma vida totalmente diferente, onde poderemos para sempre desfrutar da graça de Deus. Ali teremos para sempre comunhão com ele, não haverá necessidade de templo algum, pois estaremos na Sua presença.

Enquanto isto não chega, porém, vamos fazer como os crentes que ouviram as palavras de Jesus e as obedeceram quando veio o tempo da tribulação. Que possamos permanecer fiel a Ele, vivendo uma vida que glorifique o Seu nome, lembrando do passado e olhando para o futuro. Para que, quando ele chegue, encontre aqui servos fieis, apesar das circunstâncias.

A esse Deus a glória, para sempre!
Seja Ele vosso guia e vossa luz.

S.D.G.

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