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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Apologética - Deus e as injustiças

Olá pessoal! No post de hoje vamos continuar estudando algumas questões que sempre nos são colocadas e muitas vezes não sabemos como responder. A de hoje pode ser expressa de uma forma que já ouvimos várias vezes: Se Deus é justo, por que há tanta injustiça no mundo

Vamos tentar responder essa pergunta demonstrando de onde vem de fato a injustiça no mundo, como Deus revela a Sua justiça e o que devemos esperar disso.

"Sentença revelada ao profeta Habacuque.

Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostras a iniqüidade e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida.

Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos e desvanecei, porque realizo, em vossos dias, obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas.
" (Hc. 1:1-6)
Acabamos de ler o começo do livro do profeta Habacuque. Este homem vê o povo de Israel afundando no pecado, ele vê a injustiça (a iniquidade) e questiona a Deus, clama a Ele para que a justiça seja feita. 

Deus não censura o profeta, pelo contrário, Ele quer que nos revoltemos com as injustiças também, Ele quer que estejamos ávidos por vê-la ser cumprida: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos." (Mt. 5:6).

O problema da injustiça no mundo tem uma origem simples e clara: o pecado. Depois que ele entrou no mundo, este passou necessariamente a ser permeado por injustiças. A natureza pecaminosa do homem faz com que a injustiça seja o curso normal das coisas caso não haja uma intervençao para aprumar o rumo. 

Discussões quanto à natureza má do homem não são necessárias agora e entram em outro assunto. Mas cabe apenas lembrar que não precisamos ensinar a criança a fazer o mal, isso ela já sabe; porém, temos que continuamente corrigi-la, para que entenda o que é o certo a se fazer.

Na atualidade, a "Justiça" é um ideal. Quando os juristas almejam por ela, sabem que ela é o alvo a ser alcançado, um ideal que nesta terra não será possível concretizar com toda plenitude (embora isto não seja motivo para que findem seu trabalho). 

A injustiça, por sua vez, é manifesta em todos os lugares e de diversas formas; para usar minha graduação pra alguma coisa, podemos exemplificar mostrando os problemas das desigualdades sociais entre países ricos e pobres, opressão econômico-militar-cultural que estes últimos sofrem e mesmo desigualdades dentro dos próprios países ricos. Esse vídeo demonstra isso bem. 

Logo, vemos que a injustiça é algo que está continuamente presente e permeando a nossa realidade como um todo. Mas a pergunta que fica é: Deus se importa? O justo Todo-Poderoso liga para o que acontece aqui? E Ele pode fazer ou faz alguma coisa? É de suma importância que leia-se o post até o final, pra não ficar tirando conclusões precipitadas.

Em primeiro lugar, devemos lembrar que Deus vê todas as injustiças, as que acontecem no mundo inteiro: "Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;" (Gn. 6:5); e até mesmo as que não vemos: "Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações." (Jr. 17:10).

Em segundo lugar, Deus não é um ser de coração duro que enxerga isso como muitos enxergam as tragédias do mundo, Ele não é indiferente: "Quando o SENHOR lhes suscitava juízes, o SENHOR era com o juiz e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias daquele juiz; porquanto o SENHOR se compadecia deles ante os seus gemidos, por causa dos que os apertavam e oprimiam." (Jz. 2:18).

Lendo isso, alguém poderia pensar que Deus tinha uma falsa compaixão, que via tudo e "não faz nada". O problema é que o pecado quer desafiar a justiça de Deus, ele não quer aceitá-la! Pense no Éden. Satanás queria quer Eva questionasse a noção de justiça divina: "Como assim Deus não quer que vocês não comam do fruto proibido?! Isso é injusto!"

Satanás tentou fazer a mesma coisa com Jó, tentando argumentar que Jó só era fiel porque Deus estava "comprando" a devoção dele com bênçãos, como se não fosse justo honrar o servo que tem tudo. Porém, na história, vemos que os verdadeiros servos de Deus permanecem fiéis mesmo em meio às dificuldades (isso até remete ao último post).

A verdade, meus caros, é que Deus vê as injustiças e as julga. Mas... como? A resposta é bem simples: Ele faz isso por meio da Sua ira.


Quando se fala disso (e aqui pode até parecer que isso não tem nada a ver com o tema justiça/injustiça, mas tem sim), muita gente pensa logo em cenas como a imagem acima: cataclismos, destruição em massa, apocalipse, etc. Mas antes de pensar em tudo isso, devemos lembrar que a ira divina é a expressão do Seu justo juízo contra o pecado e o pecador. Ela é pura, sem mácula. É a Sua Justiça (a verdadeira, inatingível) reagindo contra a injustiça. 

Deus tem necessidade de manifestar a Sua ira. Entenda-se: Deus não pode deixar de punir o pecado, senão Ele iria contra sua própria natureza, não seria lógico: "Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar;" (Hc. 1:13a). A própria natureza de Deus demonstra que o convívio com a impureza é algo impossível para Ele, tal a sua perfeição.

Veja bem, Deus nunca vai deixar de ser amoroso e paciente (também características d'Ele), mas Ele não é obrigado a oferecer isso a todos, porque, afinal de contas, quem é merecedor de Seu puro amor? Aquele que não tem pecado! Justamente porque Ele não pode ter comunhão com o pecado. Ele não é obrigado a se comportar segundo o nosso modelo do que é amor ou paciência, Ele é amor. Por outro lado, se Deus deixasse de demonstrar sua justiça (por meio da ira), Ele estaria sendo injusto consigo mesmo, visto que não pode ter convívio com a injustiça! E isso não é possível! (Releia o parágrafo se necessário).

Logo, para Deus, é impossível que Ele não revele Sua ira: "Abomináveis para o SENHOR são os perversos de coração, mas os que andam em integridade são o seu prazer." (Pv. 11:20). Ele abomina o pecado e tudo que é consequência dele.

Essa ira de Deus, a Bíblia ensina, é terrível: "Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" (Ap. 6:15-17). 

Além disso, a ira de Deus, sendo a expressão mais pura da Justiça, é imparcial. Ele é de fato, justa, assim como o justo Juiz que a exerce: "Agora, vem o fim sobre ti; enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei segundo os teus caminhos, e farei cair sobre ti todas as tuas abominações." (Ez. 7:3). Só Ele é capaz de exercer um julgamento desse tipo.

Outro aspecto da ira divina é a sua manifestação. Muitos acham que a ira é, como falei, uma expressão última do que é a Justiça divina, como no Apocalipse (texto que inclusive já lemos). Neste sentido, é importante lembrar que a ira de Deus é gloriosa também no sentido que redunda em glórias a Ele porque exalta a Sua própria justiça! Ela é terrível aos ímpios, mas aos justos e à Sua própria pessoa, ela é o fartar dos que têm "fome e sede de justiça" (lembrando do texto de Mateus).

Ainda sobre a manifestação, muitos podem estar se perguntando: "Ok, se Deus é justo e puro, não podendo conviver com a injustiça, porque Ele não executa Sua ira? Porque Ele permite que o mal se alastre na terra e a injustiça seja a norma? Afinal, porque Ele não faz nada?"Preciso de dois argumentos para responder esses questionamentos. 

O primeiro é afirmar, pela Bíblia, que Deus manifesta sim a sua ira a seu tempo. Isso se dá de forma parcial/contínua: "Deus é justo juiz, Deus que sente indignação todos os dias." (Sl. 7:11), ou seja, Deus não está alheio ao mundo e opera nele continuamente, exercendo sua ira e justiça quando necessário no tempo presente, no agora, nesta terra em que vivemos.

E também se dará de forma final/última: "Está perto o grande Dia do SENHOR; está perto e muito se apressa. Atenção! O Dia do SENHOR é amargo, e nele clama até o homem poderoso. Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas," (Sf. 1:14-15)


Lembram que falei que precisava de dois argumentos? Como o segundo já é à guisa de conclusão, vamos revisar o que já vimos até aqui: que a injustiça presente no mundo é consequência do pecado do próprio homem; que Deus não está alheio a ela; e que Ele se manifesta em reação a este mal por meio da Sua ira.

Quanto à pergunta de "por que Deus não executa logo e extirpa a injustiça da terra?" O primeiro argumento é que Deus manifesta sua justiça nessa terra sim, mas Ele o faz a Seu tempo e da forma que bem entende. 

O segundo argumento é absolutamente lógico. Pense numa lei, lei humana mesmo, pega algum artigo aí do Código Penal que tipifica o crime de homicídio por exemplo (o mais simples que tiver). Ok. Se alguém infringir essa lei, essa pessoal cometeu uma injustiça, a Justiça foi ferida e clama-se para que um correção seja dada. Isso ocorre porque é justo que seja punido aquele que comete um crime. É justo que aquele que fez o que é mau receba uma pena para pagar pelos seus erros. 

Então por favor entendam: Deus não executa Sua Justiça de forma sumária nessa terra simplesmente por amor a nós. Ora, se a consequência do pecado é a morte no sentido de separação total de Deus, então Deus pode muito bem olhar pra terra e dizer: "Vou acabar com toda a injustiça do mundo", então com um simples movimento da mão Ele extingue toda a raça humana da terra, "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3:23).Logo, se todos pecaram, todos incorrem no crime cuja punição é a total separação de Deus, ou seja, a carência total da Sua glória.

Mas surge aqui outra dúvida: então como é que Deus consegue se relacionar conosco se Sua própria natureza não permite a comunhão com o pecado? Excelente pergunta, eu diria. A resposta: porque a injustiça que era nossa, foi imputada em outra pessoa. Não adianta de nada eu tirar o crime de um homicida e jogá-lo sobre outro homicida, não há justiça nisso. 

Para nos justificar, Deus, movido unicamente pelo Seu amor, tomou todas as nossas transgressões para Si, por meio de Seu filho Jesus, alguém puro, sem mácula, sem pecado, que morreu numa cruz pelos meus e os seus pecados, os quais foram n'Ele imputados, para que nós pudéssemos desfrutar da glória de Deus, para que nós pudéssemos, enfim, ter comunhão com Ele. 

A Justiça final não é um ideal que os ímpios verdadeiramente procuram, porque a expressão máxima da Justiça significa sua morte, sua aniquilação, sua total separação de Deus, visto que isso... é nada mais nada menos... que justo.


Haverá um dia que Deus corrigirá toda injustiça. O profeta Habacuque, que questiona Deus quanto às injustiças no mundo reconhece isso também: "Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé." (Hc. 2:4)

Ele tem vive por uma fé que sabe que Deus vai suprir suas necessidades: "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mt 6:33); fé que a Igreja de Jesus vencerá no fim dos tempos, quando de Seu retorno: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." (Mt. 16:18).

Muitas vezes queremos fazer justiça com nossas próprias mãos. Carregados pelos nossos sentimentos traiçoeiros, muitas vezes esquecemos que a vingança pertence ao Senhor: "não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor." (Rm. 12:19). Ela pertence a Ele porque só Ele é capaz de executá-la de forma absolutamente justa. 

E Ele vai executá-la. Deus odeia a injustiça e vai retribuí-la a Seu tempo: "Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte," (I Pe. 5:6). Isso nos relembra a importância de vivermos aqui na terra uma vida pautada pela fé. Não uma fé cega, mas uma fé que sabe no que acredita, que é capaz de defender suas ideias e ideais. Movida por uma paciência e esperança que permitem suportar o tempo presente. 

O justo viverá pela fé inabalável que tem a garantia da verdadeira Justiça, aquela que vem do Senhor. 

Habacuque, o profeta indignado com a injustiça, crê nisso. Reconhece que pode e deve aguardar a verdadeira Justiça com fé, que mesmo em tempos de injustiça ele sabe que deve viver uma vida que testemunhe do Deus de toda justiça; que pela fé, mesmo em meio aos males desse mundo ele pode dizer: "todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação." (Hc. 3:18)

É hora de se regozijar no Deus da salvação. É hora de deixar Ele abrir seus olhos para que possa enxergar a verdadeira Justiça. Arrependa-se da sua injustiça, do mal que habita em você, clame ao Senhor por Sua graça e misericórdia, para que, pela fé, tenha esperança tanto no futuro, quanto no presente.

Seja Ele o vosso Deus, 
Seja o justo Juiz vosso guia e vossa luz.

S.D.G.

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