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quinta-feira, 12 de abril de 2018

Escatologia - Galardão no céu

Olá, pessoal! Este post ainda continua os estudos sobre Escatologia, mas não faz parte do "cânon" das lições apresentadas na revista que uso para as aulas com os adolescentes da II Igreja Presbiteriana de Boa Vista. Ele surgiu de dúvidas apresentadas em sala de aula. O que é esse galardão no céu? Alguns vão receber mais que outros? Como Deus vai recompensar a gente?

Esse foi o ponto de partida para este estudo. Vamos lá.   


O que é esse tal "galardão"? Uma definição mais direta do termo é: "Reconhecimento; compensação por serviços de um valor muito elevado." Com isso já temos uma ideia geral do que é isso. A Bíblia cita essa palavra em diversas passagens: 22 vezes na versão Almeida Revista e Atualizada, para ser mais exato. E notem que isso não acontece apenas no Novo Testamento:
"Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, uma visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande." (Gn. 15:1)
"O galardão do humilde e o temor do SENHOR são riqueza, e honra, e vida." (Pv. 22:4)
Estes dois textos apontam para a recompensa dada pelo Senhor aos seus servos, já no Antigo Testamento. Promessas que já se cumpriram em certa medida. No Novo Testamento, o termo está vinculado a promessas presentes e futuras:
"Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós." (Mt. 5:12)
"Nesse caso, qual é o meu galardão? É que, evangelizando, proponha, de graça, o evangelho, para não me valer do direito que ele me dá." (I Co. 9:18)
"Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras." (Ap. 22:12)
E é justamente neste último texto que se concentra a discussão sobre "galardão". Como Deus vai retribuir isso? Infelizmente esta é uma conversa que acaba caminhando para a velha discussão entre os discípulos: "Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?" (Mt. 18:1)

No céu não haverá diferente grau de santidade entre os eleitos. Não tem como isso acontecer. Porque céu em si já é a maior consumação possível da graça. Vamos lembrar da parábola dos trabalhadores na vinha (Mt. 20:1-16).

A parábola basicamente descreve um patrão que primeiro contrata um servo pelo salário de 1 denário para trabalhar o dia inteiro. Só que conforme o dia vai passando, o patrão contrata outros servos para trabalhar no dia. Porém, ao final, ele paga 1 denário para todos, mesmo aqueles que chegaram depois. Aí o servo que começou primeiro pergunta porque ele fez isso, já que achou injusto. A palavra do patrão é bem simples: "Mas o proprietário, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti." (Mt. 20:13-14).

Há uma ânsia em querer se comparar, em olhar para os outros e ver se você está se dando melhor que ele. Quanta maldade e egoísmo no coração humano! Porque o proprietário pagou todos da mesma forma? Porque isso é um meio de graça! Nós somos vistos da mesma forma perante Deus, não pelo que nós fizemos, mas por Quem fez por nós. E já que Jesus nos tornou iguais diante de Deus, também é natural que nosso tratamento assim o seja: "dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz." (Cl. 1:12)

A Bíblia nos aponta que muito mais que filhos de Deus, somos coerdeiros com Cristo! "Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados." Isto já é suficiente para nos mostrar que o galardão no céu é pouco se comparado à graça maior que simplesmente estar no céu.

Incorre em outro erro quem pensa que galardão é algo que nos é devido pelas nossas obras. Por certo que nossas serão recompensadas, a Bíblia ensina isso (basta ver os textos que já lemos sobre o galardão). Mas a nossa salvação não vem por essas obras! A salvação é dada simplesmente pela graça divina. Tais obras são apenas consequência da salvação.

E justamente porque a conversão é um processo individual único, e também porque ninguém é igual a ninguém (e graças a Deus por isso!), Ele destinou pessoas diferentes para obras diferentes, basta lembrar da analogia do corpo e a unidade da igreja em I Coríntios (o texto é grande mas vale a pena ler):

"Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? O certo é que há muitos membros, mas um só corpo." (I Co. 12:14-20).

E Paulo ainda vai continuar apontando diferentes dons (I Co. 12:28) e demonstrando como cada um deles serve a um propósito diferente, conforme a necessidade da igreja. Meus irmãos, como vamos comparar os dons? Como podemos nós medir os resultados? Quem fez mais: Lutero ou o pastor da igreja local que pela sua simples pregação transformou a vida de uma cidade? Como podemos nós medir isso e dizer quem vai ser mais ou menos recompensado?

Lembrem-se: pelas nossas obras nós não merecíamos nada de Deus. Não somos Seus devedores. "porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade." (Fp. 2:13). É ainda mais dura a palavra de Jesus:
"Porventura, terá de agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado? Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer." (Lc. 17:9-10)
O galardão, seja lá o que ele for, é justo a cada um de nós: conforme Deus determinou. o Melhor exemplo que achei para descrever isso é como se nós chegássemos no céu com copos, copos de beber mesmo, mas cada um de tamanho diferente, conforme Deus proveu que fossem eles. Então nós chegamos lá e Deus enche todos esses copos, de modo que estejamos plenos e completos! Não teria nem como receber mais porque não caberia nos nossos copos. Nós estamos completamente regozijados!


Ao final, então, o que é o galardão? Uma coroa? Um objeto precioso? Que valor têm jóias no céu onde ouro é sinônimo de tijolo (já que as ruas são feitas disso)? Por certo que a Bíblia estava apontando apenas para algo muito valioso, precioso. E isso também é uma das coisas que a Bíblia não revela totalmente: o que é o galardão?

Não importa! Foi revelado o suficiente: que temos que fazer boas obras para glorificar o nosso Pai que está nos céus e que depois Ele, mesmo não precisando, nos retribuiria conforme elas. Nós não podemos fazer mais almejando conseguir mais, nós temos que fazer o que Ele pede de nós e nosso copo com certeza já estará cheio quando chegarmos no céu. Seja lá o que for que bebermos, todos beberemos da mesma graça, e juntos, para a glória do nosso Deus!

As nossas obras devem sempre apontar para Deus, com quem poderemos desfrutar eternamente das glórias e graças dadas a nós gratuitamente mediante Jesus Cristo, no céu. A Ele seja a glória para sempre, amém!

Seja Deus vosso guia e vossa luz,
S.D.G.

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