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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Escatologia - A ressurreição e o juízo final

Fala pessoal! Este, a princípio, é o penúltimo post que farei sobre este assunto tão rico que é escatologia, o estudo dos últimos tempos. Não afirmo, nem de perto, que esgotamos o assunto, mas que tivemos uma boa caminhada e passamos por alguns dos tópicos mais abordados, isso acho que dá pra afirmar. O de hoje é um desse tipo. 

Um pequeno parêntese reflexivo. Iniciei esse blog em 2014 sem absolutamente pretensão nenhuma. Nunca fiz questão de que os posts fossem longe, tampouco fiz marketing do blog. Mas estou muito contente em ver que este espaço tem sido instrumento para dialogar com outras pessoas a respeito da Palavra. São ideias e ideais que valem a pena compartilhar. Sempre pensei, e continuo, que se apenas uma pessoa lesse o que escrevi e fosse abençoada... pronto. O blog já serviu seu propósito. Jamais imaginei que ele pudesse ter alcance tão longo. Que Deus te abençoe, leitor(a), que essas palavras possam fortalecer seu coração. Fim do parêntese reflexivo. Vamos ao estudo.

"Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus." (Jó 19:25-26)
"Na vida, só tenho certeza da morte". Já ouviram essa frase? Esta é uma triste verdade que ninguém  nessa terra pode negar. Apenas uma pessoa veio à terra e venceu a morte. Nosso salvador Jesus. Ele não evitou a morte, ele passou por ela. E venceu. 

Por isso, a morte para o cristão não é o fim. Não precisamos temer a morte, porque assim como Jesus ressuscitou e ele vive em nós, assim também a vida eterna está concedida a nós, por isso sabemos que a garantia da nossa vida está no fato de que Cristo vive, e podemos afirmar: "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Co. 15:55)

Mas não estamos aqui para falar da morte. Estamos aqui para lembrar da promessa que nos foi dada da ressurreição no dia final: "num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados." (I Co. 15:52)

Quando Lázaro morreu, sua irmã Marta estava inconsolável. Ele já estava doente, mandaram chamar Jesus, só que ele "demorou". Quando finalmente chegou na cidade de Lázaro, este já estava morto e sepultado há 4 dias. Marta aproximou-se de Jesus e disse que se ele estivesse ali, aquilo não teria acontecido, mas ao mesmo tempo declara que sabe que Jesus tem poder para salvá-lo. A resposta:
"Declarou-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir. Eu sei, replicou Marta, que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia." (Jo. 11:23-24)
Vejam que interessante! Nós sabemos que Jesus estava prestes a realizar um milagre e ressuscitar Lázaro, mesmo ele já estando morto e enterrado; mas Marta não sabia. Ela achava que Jesus estava falando da ressurreição final. Opa! Mas isso não é coisa do Apocalipse? Então como é que ela já sabia? Hum! 

Então é porque, como já vimos, a Escatologia não se resume ao Apocalipse, tampouco ao Novo Testamento. Em Isaías já temos essa promessa: "Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à luz os seus mortos." (Is. 26:19)

É por isso que quando Jesus afirma, no Sermão do Monte, que: "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." (Jo. 6:44), sua divindade ficava tão evidente. Porque os judeus sabiam que aquilo era uma promessa dada pelo próprio Deus, já no Antigo Testamento. E Jesus vem para reforçar essa promessa e dar garantia de seu cumprimento.

Já vimos que não haverá dois "retornos" de Cristo (vimos nesse post), por isso, também não há que se falar em duas ressurreições. Jesus é bem claro ao afirmar que: "Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão:" (Jo. 5:28). Novamente, o texto bíblico fala de uma ressurreição e não "ressurreições", no plural: "tendo esperança em Deus, como também estes a têm, de que haverá ressurreição, tanto de justos como de injustos. (At. 24:15)

E aqui já começa a intersecção com o tema do juízo final. Não obstante haver já o senso comum de que há céu e inferno e são destinos diferentes, para pessoas diferentes, Paulo deixa bem claro qual é o contexto disso (o texto é meio longo, mas vale a pena):
"e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho)." (II Ts. 1:7-10)
Já falamos no último post que não temos que temer este momento, visto que Jesus já pagou o preço pelos nossos pecados. O que deve ser chamado à atenção aqui é que haverá uma única ressurreição final que incluirá a todos: justos e injustos. E neste momento é que virá o juízo.

Neste juízo, que não temos explicitação na Bíblia de como se dará, há alguns pontos que são certos. O primeiro é que todos comparecerão diante dele: "Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus." (Rm. 14:10)

Os salvos não terão seu destino decidido neste julgamento. Isso porque o seu destino já foi definido: "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus." (Rm. 8:1). Note no texto que Paulo escreve aos Romanos e inicia dizendo que agora, já não há condenação. Ele não diz que no futuro. Ele está dando a garantia de que desde já somos salvos e justificados por Cristo e seu sacrifício. 

Os crentes, portanto, serão julgados sim, mas pelos seus atos, o que está diretamente ligado ao seu galardão (o que também já estudamos aqui): "Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho." (I Co. 3:8)

O ato do juízo final, portanto, é regozijo para alguns e tristeza para outros. O profeta Daniel já falava desse dia no Antigo Testamento: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno." (Dn. 12:2). Quando isto acontecer e Deus julgar as pessoas: "Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve." (Ml. 3:18).

Antes que dúvidas e revoltas surjam contra esse julgamento, eu já vou deixando claro: Isso é justo! Total e puramente justo. Não há ato de maldade de Deus em julgar e condenar pessoas ao inferno. O que seria injusto é pecadores como nós recebermos a graça de termos uma vida eterna ao lado do nosso pai celeste. Isso sim seria injusto. É tão somente pela graça (um presente não merecido!) que podemos desfrutar desse presente e graças a Deus por isso! 

E, antes de discordarem de mim, lembrem-se que já estudamos isso antes. Nos posts de Apologética há vários em que isso é demonstrado, vou deixar o link de dois, é só clicar e ler. "Deus e as injustiças" e "Deus, fatalidades e tragédias". Os posts sobre a glória de Deus, em certa medida, ajudam a compreender também esse aspecto com certa profundidade -- especialmente para entender porque o inferno é horrível: é justamente porque lá não está presente a glória de Deus.

Voltando. Há um contraste, então, no momento da ressurreição: os salvos para a vida, os ímpios para a condenação. Na nova vida que é concedida ao cristão, também lhe será concedido um corpo glorificado. A ressurreição implica em viver eternamente diante de Deus e, como sabemos, Deus não pode ter comunhão com o pecado, simplesmente não dá. Portanto, para que nós possamos desfrutar da Sua presença com plenitude, Ele nos dá um novo corpo. Limpo, santo, livre do pecado.
"E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial." (I Co. 15:49) 
"Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas." (Fp. 3:20-21)
"Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é." (I Jo. 3:2b) 
"E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram." (Ap. 21:4)
Meu Deus! Quanta bênção que eu não mereço! Olha o contraste que há desse corpo glorificado com o meu atual. Quando eu nasci, lá em 1991, eu já comecei a morrer. Este corpo que agora tenho é fadado à morte, isto é algo do qual não escaparei. Por outro lado, com o corpo glorificado, eu vou nascer para viver

E justamente porque eu não vou mais morrer, então não tem mais necessidade de eu me reproduzir. É nesse contexto que deve ser lido e entendido o texto de Lucas quando Jesus diz: "mas os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento."

Nós não seremos anjos (já vimos isso extensivamente aqui, aqui e aqui), porque fomos criados homem e mulher (Gn. 1:27). Tampouco significa que não haverá amor. O que haverá é uma forma tão superior de amor, que o casamento já não fará mais sentido. O símbolo da união entre Cristo e a Igreja não será mais necessário, porque nós estaremos vivendo o fato e não o símbolo dele; além disso, sendo co-herdeiros com Cristo e filhos de Deus, a nossa família estará completa e será plena. Precisamos estudar a Bíblia à luz da própria Bíblia!

O mais magnífico da promessa do corpo glorificado é que a Bíblia fala que seremos semelhantes a Cristo! (Fp. 3:20-21, conforme lemos acima). Isto significa um corpo livre do pecado e tudo que isso implica: nossas emoções, racionalidade, desejos, comportamentos, nosso próprio modo de ser será totalmente diferente, porque finalmente estaremos limpos, livres do pecado, e plenamente capazes de amar, obedecer, e glorificar ao Senhor para todo o sempre! (O que, aliás, é a melhor coisa que poderia nos acontecer! Vide o que já estudamos aqui e aqui)


Há coisas na Bíblia que não claras, porque Deus assim escolheu não revelar. Mas há outras que podemos aprender. Aprendemos que a nossa história não é cíclica ou aleatória, ela tem um propósito, um fim. Vimos que a ressurreição será um evento único, tanto para crentes quanto ímpios. Neste momento também haverá juízo, o qual pode ser tanto para vida quanto para morte, a depender da relação pessoal com Cristo.

Disso depreendemos que o juízo é inevitável e virá para todos. Os salvos não estão excluídos de responsabilidade nesse dia, pois ainda terão que prestar contas das suas obras. Isto implica em uma vida moral e espiritualmente saudável, que reflita esse momento na vida do crente. O dia final é o dia que redime a história, onde haverá perfeita justiça sobre os homens. 

Por fim, temos a certeza de que tudo isso ocorrerá porque Cristo já cumpriu parte disso e já anunciou que o mesmo acontecerá com a gente. E podemos ver isso na Bíblia! Lembram daquele episódio de Lázaro e o diálogo de Jesus com Marta? Pois é. Nós vimos só um trecho do diálogo. Vocês sabem o que Jesus responde para Marta, quando ela achou que a ressurreição à qual ele se referia era a ressurreição final? Foi isso: 
"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (Jo. 11:25)
Seja esse Jesus vosso guia e vossa luz.
S.D.G.

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