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quarta-feira, 7 de março de 2018

Escatologia - O tal do milênio: as diferentes correntes escatológicas

Fala pessoal! Estamos aí com mais um post sobre nosso estudo de Escatologia, o estudo do "fim dos tempos". Já abordamos de maneira geral o porquê de estudar escatologia, já falamos da agenda escatológica de Jesus (em Mt. 24) e da inauguração do seu reino, que está intimamente ligado com a ideia de "últimos dias".

Como já falei, estes estudos das aulas que dou para os adolescentes da II Igreja Presbiteriana de Boa Vista. E, como é natural de todas as aulas, surgem muitas perguntas e dúvidas dos alunos. Ainda, surgem questões do tipo "eu tenho um amigo que disse que...", e aí aparecem outras doutrinas além da nossa e por aí vai.

Por causa disso, depois de exposta a ideia do Reino de Cristo na terra e a ideia dos últimos dias, resolvi fazer uma aula de honestidade intelectual com os alunos, falar pra eles que isso que estamos estudando parte de uma perspectiva amilenista e que há outras perspectivas sobre este mesmo tema. 

É preciso que eles compreendam que existem essas outras perspectivas, para não serem tomados de surpresa. A princípio, destaquei que a nossa doutrina se pauta pelo amilenismo e que devemos respeitar a posição teológica de outras denominações, ainda que entendamos que a nossa é a mais biblicamente embasada. 

A seguir vamos apresentar de maneira geral cada uma delas e vamos fazer um quadro resumido ao fim. O que cabe dizer que as crenças que todas abordam, e veremos individualmente, são: o milênio, a segunda vinda de Cristo, o Anticristo, a Grande Tribulação, a Ressurreição, o Julgamento e a relação entre Igreja e Israel.


O texto que embasa toda essa discussão, a princípio, é: "Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo." (Ap. 20:1-3).

As interpretações deste texto, têm embutidas em si todas aquelas outras categorias citadas acima, como parte de diferentes pressupostos. Neste post vou meramente listar cada um destes pressupostos das diferentes correntes, visto que este estudo não fazia parte do roteiro inicial das aulas propostas aos alunos.

Por primeiro, para os amilenistas, o milênio a que se refere o texto de Apocalipse não é literal. Trata-se de um período longo, mas que já começou quando Cristo cumpriu a sua missão na primeira vinda. Isto é o ponto que temos exaustivamente estudado nos posts anteriores, com diversos textos que embasam essas afirmativas.

Sua segunda vinda ocorrerá portanto em um único evento, visível a todos, a mesma ocasião em que ocorrerá o arrebatamento, que também será único. Esta segunda vinda, ocorrerá apenas após a Grande Tribulação. Na mesma ocasião, haverá a ressurreição de salvos e ímpios, os primeiros para a glorificação, e os segundos para a condenação, num único julgamento. Por isso, para os amilenistas, não há diferenciação entre Igreja e Israel, entende-se que Deus tem um único povo e que a Igreja é o verdadeiro Israel.

Quanto à questão do Anticristo, os amilenistas argumentam que houve diversos Anticristos durante a história. Já falei isso em posts anteriores: o "anti"-Cristo é aquele que é "contra"-Cristo, é literalmente o que a palavra significa. Haverá post específico sobre essa temática, mas essa explicação simples serve para entender porque há o argumento de que o Papa é um anticristo: pelo simples fato de que ele, ao se designar mediador entre Deus e homens, tenta assumir o lugar de Cristo.

Assim, para os amilenistas, a posição do Anticristo é constantemente ocupada por diferentes perseguidores e falsos profetas da igreja. Escatologicamente falando, a figura do Anticristo seria exacerbada durante a Grande Tribulação, onde uma figura maior surgirá para ocupar essa posição de maneira mais evidente.

Muito interessante notar que, para os amilenistas, o "Anticristo" não precisa ser necessariamente uma "pessoa": sistemas de governo, ideologias, filosofias ou construções sociais que se coloquem contra o Evangelho de maneira a impedir seu avanço ou tomar seu lugar, comportam-se também ocupando a posição de "Anticristo."

Os posmilenistas têm posições muito similares aos amilenistas, alterando apenas em alguns pontos. A começar, claro, pelo milênio: para os pós, o milênio começa conforme ocorre a expansão do Evangelho e as pessoas forem convertidas. Para eles, há um processo paulatino em que a era presente aos poucos se funde com o milênio de acordo com esse aumento do Evangelho.

Por conta disso, a Grande Tribulação, em seu ponto de vista, já é experimentada hoje. Não obstante, o entendimento sobre a segunda vinda de Jesus, o arrebatamento, a ressurreição dos mortos e seu julgamento são idênticos aos do amilenistas, razão pela qual também seu entendimento sobre Israel e a Igreja são similares. Até mesmo a ideia do Anticristo é similar, onde eles argumentam que qualquer pessoa que seja contra o cristianismo e o persiga é um Anticristo.

As maiores diferenciações começam quando passamos a ver o ponto de vista dos premilenistas históricos. Para eles, em começo, o milênio será literal, porém ele só ocorrerá após a segunda vinda de Cristo, ainda que reconheçam o Reino dele hoje já presente na terra. Não obstante, permanece com eles também o entendimento de que a segunda vinda será um evento único e visível, bem como o arrebatamento.

Argumentam porém, que, ainda que a Igreja estará presente na Grande Tribulação, o Anticristo será uma pessoa inimiga da igreja que se levantará durante este período. Além disso, visto que o milênio para eles ocorre após a segunda vinda, há também dois julgamentos e duas ressurreições: a primeira ocorre justamente na segunda vinda, quando os salvos ressuscitam e são julgados; o segundo ocorre no final do milênio, que é a vez dos ímpios ressuscitarem e serem julgados.

Nota-se aqui uma maior diferenciação entre aspectos principais de questões da forma apresentada pelos amilenistas e posmilenistas. Também, ainda que os premilenistas argumentem que a Igreja é o Israel espiritual, em seu ponto de vista há diferenciações entre Igreja e Israel, sendo que este último será tratado separadamente por Deus em algumas questões escatológicas.

Por fim, o premilenismo dispensacionalista é o mais hollywoodiano de todos: é baseado neste que alguns filmes, livros e séries são produzidos. Aqui há drásticas diferenças com os modelos anteriores. Sua maior aproximação está com o premilenismo histórico, pois também argumenta que o milênio é literal e ocorrerá após a Segunda Vinda. Mas as semelhanças param por aí.

Por exemplo, para eles, a segunda vinda e o arrebatamento ocorrerão em duas fases: 1) arrebatamento secreto da Igreja. Depois disso passam-se 07 anos de tribulação aqui na terra e aí vem 2) a segunda vinda. Essa diferenciação e a ideia do arrebatamento secreto são chaves na seu entendimento dos outros pontos escatológicos.

Por exemplo, já que haveria esse arrebatamento secreto, a Igreja então não passaria pela Grande Tribulação, pois seria arrebatada antes. Neste período, o Anticristo seria também uma pessoa inimiga declarada da Igreja, mas que nada poderia fazer com os que foram arrebatados. Esse entendimento gera 03 momentos distintos para o julgamento e a ressurreição:

1) O primeiro julgamento seria o dos salvos no arrebatamento secreto, bem como a sua ressurreição. 2) O segundo já seria a ressurreição dos judeus (após aqueles 07 anos de tribulação), nesta mesma ocasião haveria o julgamento destes judeus e alguns gentios. E 3) a ressurreição dos ímpios após o milênio, ocasião de seu julgamento também.

Nesta corrente escatológica vemos uma evidente separação entre Israel e Igreja, que são vistos como dois povos distintos. Israel tem um tratamento diferenciado tanto na questão do arrebatamento quanto do julgamento, sendo vistos de maneira bem distinta das outras correntes escatológicas.


Existem importantes autores que aderem a essas diferentes correntes escatológicas. Cada uma delas propõe diferentes entendimentos para a ação da Igreja no presente, especialmente em relação à evangelização e envolvimento da Igreja em questões sociais.

O amilenismo, conforme já estamos estudando e vamos continuar a estudar, a princípio, é a corrente que melhor oferece base condizente com a exegese bíblica, sendo mais condizente com as posições elencadas pelos apóstolos e Jesus (e já vimos isso em posts anteriores); coaduna com esse argumento autores como Elias Medeiros, Berckhof, Allis, e outros. Por outro lado, a posição mais fraca é a premilenista, que parte de uma grade cronológica pré-estabelecida e vai às Escrituras apenas fazer "recortes" para encaixar em seus pressupostos já dados.

Não obstante, cabe a nós respeitar as diferentes posições dos colegas. É importante salientar que mesmo dentro de uma corrente escatológica, há posições divergentes: não é monolítico o entendimento de todos os amilenistas ou posmilenistas, por exemplo. Se nos perguntarem, temos que estar preparados para argumentar biblicamente a respeito da nossa, por isso vamos continuar estudando-a e aprendendo um pouco mais sobre Escatologia.

Sejamos servos fieis, porque, independente da corrente escatológica que se prove correta no futuro, há pontos que são comuns a todos e que são certos, pois estão claramente revelados na Palavra de Deus: haverá uma Grande Tribulação, todos nós passaremos pela Ressurreição e o Julgamento, e, com toda a certeza, haverá a SEGUNDA VINDA de nosso Senhor Jesus.

Maranata! Vem, Senhor Jesus!
Vem e encontre aqui uma Igreja firme e fiel, que te segue em meio a qualquer tribulação!
Permita-me ser um dentre eles.
Permita que os leitores também sejam. Por favor, sê com todos eles e capacita-os, seja seu Guia e sua luz.

S.D.G.

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