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quinta-feira, 21 de junho de 2018

Escatologia - O anticristo I

Olá, pessoal! Vamos continuar estudando Escatologia, o estudo do "fim dos tempos" e, não, isso não significa apenas o Apocalipse (já vimos isso aí). Já abordamos também uma série de outros temas que nos ajudaram a ver como essa temática nos prepara para a volta de Cristo e nos ensina a viver uma vida que agrade a Deus enquanto aguardamos. O tema de hoje já está aí no cabeçalho, é o tão falado "Anticristo". Quem é, afinal, essa figura? Já está agindo? Para quê ele veio ou virá?     


Estas são perguntas que tem desafiado uma infinidade de autoridades filosóficas, teológicas, políticas, e por aí vai. Mas afinal, o que há revelado na Escritura sobre ele? Já vimos que o próprio Jesus, ainda que não use o termo "Anticristo", refere-se a ele no seu sermão escatológico (a famosa agenda escatológica de Jesus). Vamos passar então a ver mais de perto essa figura.

É o apóstolo João o primeiro a usar esse termo: "Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora." (I Jo. 2:18). É altamente salutar que o apóstolo faça o uso do termo tanto no singular como no plural. O termo no singular provavelmente se refere ao mesmo que Jesus falou em Mateus e Paulo em II Tessalonicenses:
"E ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. [...] Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos." (Mt. 24:4-5, 23-24)
"Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição," (II Ts. 2:3)
A primeira coisa que precisamos falar é desse prefixo "anti". No nosso idioma isso indica oposição e o anticristo tem essa característica: ser contra Cristo ou querer tomar o seu lugar. É isso que Paulo ensina quando fala do tal homem da iniquidade: "o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus." (II Ts. 2:4).

Fuja um pouco da lógica hollywoodiana de ver o anticristo apenas como o perseguidor da Igreja, ou aquele que trará grande calamidade. O maior perigo dessa figura é justamente querer tomar o lugar de Cristo. É nisso que a Bíblia põe ênfase: é reforçado no ensino de Jesus quando ele chama de "falso cristo" e também pelo apóstolo João lá no Apocalipse. 

Lá no capítulo 13 tem a descrição da besta que emerge do mar (não vou colocar o texto todo aqui porque fica muito grande). Nessa descrição, vemos que a besta que emerge do mar (que é o anticristo) afirma-se no lugar de Deus a ponto de todos a adorarem. Essa estratégia de engano também é alertada por Paulo
"e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo." (Ap. 13:8)
"Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos." (II Ts. 2:9-10)
O grande problema aqui, então, é a estratégia do engano que o anticristo usa pra enganar a todos, querendo inclusive se colocar no lugar de Deus. Isto lembra muito as palavras de Jesus quando falou dos tempos da apostasia na sua agenda escatológica; lembra-nos até quando Paulo alerta que mesmo a forma de Satanás não é necessariamente "feia": "E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz." (II Co. 11:14). (Aliás, já estudamos isso aqui).

O anticristo, por sua vez, não apenas engana, mas também persegue a igreja (também já vimos isso quando falamos da agenda escatológica). Podemos lembrar também das palavras de João quando nos alerta que a luta dos santos contra os inimigos da igreja será algo constante nos últimos dias, sendo a igreja salva apenas pelo próprio Deus: "Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu." (Ap. 20:9).

Agora, em outro ponto sobre a figura do anticristo, veja o que o apóstolo João disse: "todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo." (I Jo. 4:3). Esta ideia está fortemente ligada com o texto do começo desse post onde aparece o termo "anticristos" (no plural mesmo).

Em primeiro lugar, cabe dizer que o "espírito do anticristo" não é um fantasma, um espírito personificado (tipo um demônio) ou algo assim: esqueçam Hollywood! "Espírito" aqui é como se fosse "comportamento" ou "modo de pensar". Pense no Zeitgeist, o "espírito do tempo". De maneira bem esdrúxula, poderia dizer que é parte do Zeitgeist atual que as pessoas sejam muito focadas em redes sociais, ou seja, é uma marca dos nossos tempos.

Assim, o "espírito do anticristo" tem a ver justamente com aquelas pessoas que tem um modo de pensar que lembra as atitudes do anticristo: daí João os chamar de "anticristos". E qual seria esse comportamento? Ora, o que já vimos: ensino falso! Esses são os que os apóstolos constantemente chamam de "falsos profetas", "falsos mestres", "falsos apóstolos".

Aí eu pergunto: tem algum desses hoje em dia? Gente que ensina mentiras sobre a Bíblia? Gente que deturpa a Palavra pra benefício próprio (como ganhar dinheiro)? Gente que tenta se passar por Cristo (no sentido de ser o salvador e de se dizer o verdadeiro caminho para Deus)? Gente que, de propósito, interpreta erroneamente as Escrituras pra daí justificar seus pecados? O espírito do anticristo é uma realidade hoje.

O ensino que é pregado por essas pessoas revela ainda outra verdade sobre o espírito do anticristo: foco nas coisas do presente, nas coisas do mundo, e não nas de Deus, do porvir. E João sabia disso, por isso alertou: "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo" (I Jo 2:15-16)

Aqueles que são do mundo, falam do mundo. Quem ama o mundo, deseja ouvir sobre as coisas do mundo. E tudo isso, necessariamente, não falam da parte de Deus: "Eles procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve." (I Jo. 4:5)

O ensino destas pessoas é que revela sua verdadeira intenção e nós temos que estar atentos: "Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro." (I Jo. 4:6)

É justamente por isso que essa é uma realidade do presente: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios" (I Tm. 4:1). Aqueles que vivem segundo o espírito do anticristo antecipam a manifestação do iníquo (que já vimos acima no texto de II Tessalonicenses).

Por fim, qual deve ser nossa posição sobre isso? Como a igreja deve reagir diante dessas verdades? Já vimos, em grande parte, a resposta a essas perguntas na agenda escatológica de Jesus (leiam os posts!).

O maior contraste que a igreja terá com a figura do anticristo será seu apego à verdade e sua defesa. Enquanto o anticristo trabalha com o engano, a igreja será um pilar para resistir à estratégia do erro:
"Permaneça em vós o que ouvistes desde o princípio. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis vós no Filho e no Pai." (I Jo. 2:24)
Mas manter essa verdade viva não será uma tarefa fácil. A perseguição contra a igreja já é uma realidade nos dias presentes. Em qualquer momento, porém, só será possível resistir confiando em Deus e suas promessas: "Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo." (Jo. 16:33)

Esse bom ânimo só pode provir de Cristo. Se a igreja se contaminar com o mal deste mundo e seus ensinos, então já estará derrotada. A igreja está encarregada de guardar a verdade e de continuar falando dela a todos. Isto ocorrerá até o dia final: "Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se." (Ap. 22:11).


A igreja não precisa ter medo do anticristo ou daqueles que vivem conforme seu espírito, seu modo de pensar. A igreja deve continuar sendo testemunha da verdade, bem como Cristo ordenou. Estejamos atentos aos anticristos que surgem nos meios das igrejas: pregando palavra com aparência de verdade, mas deveras sendo agentes da destruição da verdade.

Esse post foi diferente do que muitos talvez esperassem. Porque muito mais importante do que saber se o anticristo é uma instituição, uma ideologia, uma pessoa, se já está no mundo ou não (ainda que isso também seja importante e vamos falar disso), é saber como devemos nos preparar e agir durante esses dias. A igreja deve deixar claro que pertence a Deus e não ao mundo.

Estejamos atentos e testemunhemos confiadamente sobre o poder de Deus e sua Palavra. Seja Ele nosso guia e nossa luz.

S.D.G.

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