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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Apologética - A glória de Deus: vaidade? (II)

Hello, hello! Nesta última braçada de estudos sobre Apologética, estamos buscando entender um pouco mais sobre a glória de Deus e nos questionando se Ele é um ser egoísta por querer essa glória toda para si. No último post vimos um pouco da razão pela qual Deus detém toda essa glória, da Sua autoridade e poder. 

Notem que ainda não respondemos bem a pergunta se Deus quer a glória para si porque seria alguém narcisista; e finalizamos o último post com um teaser: O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Mas... qual é o fim principal de Deus? Quais são as motivações de Seu coração? Existe algo que o move? Ele tem algum objetivo com Seus planos?


 Vou deixar que os textos bíblicos respondam a essas perguntas, observando o caso de Israel:
"Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz." (Is. 43:6-67)
"Porque, como o cinto se apega aos lombos do homem, assim eu fiz apegar-se a mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá, diz o SENHOR, para me serem por povo, e nome, e louvor, e glória; mas não deram ouvidos." (Jr. 13:11)
"Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas maravilhas; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias e foram rebeldes junto ao mar, o mar Vermelho. Mas ele os salvou por amor do seu nome, para lhes fazer notório o seu poder." (Sl. 106:7-8)
"Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha honra me conterei para contigo, para que te não venha a exterminar. [...] Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem." (Is. 48:9,11)
Durante toda a trajetória do povo de Israel, Deus esteve movido tão somente pelo amor à Sua glória! Não foi pelo o que o povo fez ou por quem eram. Desde a criação, Deus os havia criado para a Sua glória. Veja como o texto de Ezequiel deixa a questão claríssima:
"Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes. [...] Não é por amor de vós, fique bem entendido, que eu faço isto, diz o SENHOR Deus. Envergonhai-vos e confundi-vos por causa dos vossos caminhos, ó casa de Israel."  (Ez. 36:22, 32)
Não resta dúvida, portanto: a motivação de Deus (Sua determinação última) não pode ser outra se não a Sua própria glória. O fim principal de Deus é glorificar a Si e gozar a Si mesmo para sempre! O problema do homem consiste em sempre acharmos que somos o centro do universo. Muito embora seja derramado sobre nós o amor de Deus, não quer dizer que ele é exclusivo nosso.


Estamos explorando aspectos da glória divina, Seu propósito, autoridade, porém, mais uma vez, isso tudo ainda parece apontar para um Deus egocêntrico, que busca apenas a Si mesmo, como num eterno narcisismo. A verdade é que não gostamos de pessoas assim; gente que vive querendo a glória para si. E isso ocorre por alguns motivos.

Primeiro é que não gostamos porque elas fazem isso em excesso, ficam constantemente "relembrando" a sua glória e a necessidade da exaltação. Segundo, isso demonstra fraqueza e insegurança da parte delas: elas vivem da glória que os outros as dão, como se sua própria existência estivesse vinculada à glória que elas conseguem arrancar das pessoas. Terceiro, não raro, essas pessoas querem a glória para si à custa de outras pessoas, sem se importar com elas.

Temos razão em não gostar de gente assim. Mas nosso Deus não é como elas, Ele não é fraco ou inseguro. E o texto bíblico mostra que Ele não busca o próprio interesse, veja: "O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;" (I Co. 13:4-5). Então por que, afinal de contas, ele vive querendo a glória toda para Si?!

Vendo este texto e contrastando com o que lemos sobre o que move Deus, parece haver uma contradição: ao mesmo tempo que Deus diz que faz todas aquelas coisas por amor de Seu nome, afirma também que não procura seus próprios interesses, visto que não somente age movido pelo amor, também é amor. 

A diferença -- e aqui chegamos no cerne da resposta à pergunta proposta -- é que o empenho de Deus em buscar a Sua própria glória é um ato de amor! Se Ele deixasse de fazer isso, nós é que perderíamos! Pense bem: qual seria a melhor coisa que Deus poderia nos dar para demonstrar o Seu amor? Ora, muito fácil: Ele mesmo!! Não somente fez isso por meio de Jesus, Ele também sabe que o melhor caminho é uma vida de intimidade com Ele. Por isso faz tanta questão que o glorifiquemos!

Vejam bem: o que fazemos quando nos deparamos com algo bom? Nós enchemos de honra! Vou dar exemplos práticos: vamos num restaurante e elogiamos a comida boa ("Nossa, que churrasco bom aquele, né?"); vemos um bebê e logo ficamos encantados ("Como é bonita a filha da fulana, não é mesmo? A cara da mãe."); até mesmo nas coisas mais simples, como um time de futebol ("Rapaz, que jogada bonita, aí sim, viu?").

Meus caros, o louvor no sentido de adoração do que nos agrada não é um ato acessório: é o clímax da alegria! O prazer espontâneo transborda em louvor, em gratidão, em adoração! A alegria é incompleta até que possamos expressá-la, seja como for que façamos isso!

Por isso, Deus é o total oposto do egoísmo! Se Ele é verdadeiro e quer nos dar o melhor para nossa alegria, então, Seu objetivo não poderia ser outro se não o de nos fazer adorá-Lo! Não porque Ele precisa, jamais! Mas porque Ele nos ama e quer nos dar plenitude de alegria! A auto exaltação de Deus é a maior fonte de todas as virtudes, é o caminho para a fonte de alegria eterna!


Mais uma vez, e para finalizar essa série de estudos, lembramos que o pecado é o depreciador supremo da glória de Deus. Todo pecado é uma preferência aos prazeres passageiros aos eternos que Deus tem preparado para nós. E todos estamos sujeitos a isso: "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus." (Rm. 3:23).

O primeiro passo para entender a glória de Deus é que a glória, per si, não é para nós. Entendam: mesmo que nós tivéssemos como conseguir a glória para nós, isso não seria o melhor! É a troca do eterno pelo passageiro. 

Por isso (e lembramos do último post aqui) a glória de Deus é humilhante. Ela demonstra claramente o quão não merecedores nós somos do amor e da própria glória de Deus, mas, mesmo assim, Ele escolhe nos amar e nos dar a fonte de alegria eterna: "Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte," (I Pe. 5:6).

Enquanto muitos contestam esse Deus que quer a glória toda para Si, outros compreendem que essa busca pela Sua glória é o melhor para nós. Nós podemos defender a razão da esperança que há em nós. Usem a Apologética não para seu engrandecimento intelectual, mas para a glória do nosso Deus, utilizando-se dessa ferramenta para proclamar as verdades d'Aquele que nos tirou das trevas para Sua maravilhosa luz.

A este Deus, nosso Pai, que por Seu filho, expressão máxima de Sua glória nesta terra, nos livrou das amarras eternas do pecado; que por meio do Espírito Santo está continuamente agindo em nós, dando-nos oportunidade de honrá-Lo aqui nesta terra; a este Deus toda a glória pelo séculos dos séculos, amém!

Seja Ele vosso guia e vossa luz.
Para sempre, 
Soli Deo Gloria.

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