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terça-feira, 26 de abril de 2016

Apologética - Deus II

Bom, ainda estudando sobre apologética, no último post falamos um pouco sobre ateísmo e colocamos como objeto de estudo a questão da existência de Deus, mas vamos direto ao ponto: quais argumentos poderiam ser utilizados para a existência de Deus?

O primeiro argumento que se pode utilizar é o cosmológico, cuja origem pode ser traçada até Tomás de Aquino (séc. XIII). Em termos simples, este argumento defende que para que a realidade viesse a existir, há a necessidade de uma Causa Inicial para tudo (que, na Bíblia, apontamos em Gn. 1:1).

A ideia é: toda consequência deve ter uma causa anterior, ou um primeiro motor (se pensarmos em movimento, por exemplo). A causa para o que quer que seja deve ser eficiente em si própria, ou seja, não pode precisar de uma causa, ou então ela seria simplesmente uma consequência de algo anterior. Logo, dizemos que a Causa Inicial deve ser não-causada

Se pensarmos que não houve uma primeira causa, então qual seria a explicação para o começo de tudo? Nos deparamos com algumas alternativas esdrúxulas: a primeira delas seria que a realidade veio do nada. Mas se veio do nada, como poderia vir? "Ex nihilo, nihil fit", é a lei da Física que afirma que algo não pode vir do nada (também aplicada à Biologia nos tempos Iluministas). Logo, vemos que este primeiro argumento não tem sustentação lógica para seguir em frente.

A outra possibilidade que muitos argumentam é que o universo é simplesmente eterno. Isto nos traz uma série de outras complicações; a principal delas é que se houvesse um regresso infinito no tempo, o hoje não existiria! Ora, se não se pode contar até o infinito, como começar a contar a partir dele? Para dar um exemplo matemático: quantos números existem entre 0 e 1? Infinitos: 0,1; 0,01; 0,001; 0,0001, e assim por diante. Como então sair do 0 e chegar no 1? O hoje não chegaria nunca.

Além disso, a própria ciência argumenta que o universo teve um começo também. Não é nenhuma novidade a ideia do Big Bang, em que o universo teria começado com uma espécie de superexplosão chamada de "singularidade". Também a Segunda Lei da Termodinâmica nos dá interessantes argumentos ao afirmar que processos em sistemas fechados tendem ao equilíbrio, como ondas numa bacia, por exemplo. 

Ora, sendo o universo um grande sistema em movimento, alguma hora ele tenderia ao equilíbrio. Os cientistas nos trazem duas possibilidades: morte quente (contração - a gravidade lentamente puxará o universo inteiro para um único ponto) ou morte fria (expansão - a gravidade vai lentamente perdendo força até que tudo esteja afastado demais para exercer força sobre outrem). De qualquer forma: o universo teria um fim. Logo, teria um começo.

Outro argumento bastante utilizado é o argumento teleológico, que afirma que todas as coisas foram criadas com um objetivo ou propósito. Neste argumenta-se que o universo mostra marca de desenhos e combinações que não se veem de maneira aleatória na natureza, logo, alguém deve ter "arquitetado" essas coisas. A probabilidade de que tudo acontecesse de modo aleatório e chegasse na nossa realidade é tão surreal que é preciso mais fé para crer nisso do que em Deus.

E isto vemos na Bíblia também: "nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade," (Ef. 1:11).

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Após, afinal, de várias discussões e conclusões para a existência de Deus, a pergunta que se segue é: a lógica é suficiente?

Vejam bem: a existência é uma ideia sem conteúdo. Se algo existe, ok, tudo bem, existe. Note que a Bíblia nem se preocupa em provar a existência de Deus, pois a existência por si não é significante; ela não diz nada, apenas afirma uma ideia. Além disso, como já vimos, o conceito de "Deus" é muito vago no Relativismo.  Após todos estes argumentos, alguém poderia concordar com a existência de um "deus", apenas. Olhe só:

A pessoa concorda que teria que ser algo muito poderoso para criar a realidade a partir do nada absoluto; logo, como argumentou-se, deveria ser uma entidade não-causada e eterna. Tudo bem. Aí a pessoa concorda também que deveria esta entidade deveria existir fora do tempo e do espaço, pois estes nem existiam ainda e, como não existiam, não se poderia mudar (imutável). E se essa entidade criou seres com intelecto e emoções, deve então ter uma personalidade também. Beleza. Concordamos. Legal. Qual é o problema?

Isto tudo no máximo prova a existência de uma divindade com atributos e que crer nela é a única explicação racional, tanto faz se seria Deus ou Krishna ou, sei lá, Rá. Meus caros, o problema do homem não é a existência de Deus: tanto, que, como se pode ver, é lógico crer na existência de uma entidade soberana sobre tudo. O problema do homem sempre foi o pecado. O homem não se recusa a "saber que Deus existe", ele se recusa é a submeter-se a este Deus! Ele quer ser seu próprio deus.

Não obstante, a incredulidade humana não altera a existência de Deus. O que deve ficar claro é que crer em Deus não é suficiente: "Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem." (Tg. 2:19). A crença em si é uma ideia vazia, deve-se ter relacionamento: não adianta conhecer a Deus e não fazer a Sua vontade:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade." (Mt. 7:21-23)

Nós não precisamos ter medo de defender a nossa fé e argumentar, até porque, temos a lógica e seu Autor ao nosso lado. Mas, devemos lembrar (como argumentos nos primeiros posts sobre Apologética), que estas argumentações devem ser utilizadas com fins evangelísticos e não meras discussões intelectuais. No fim, temos que voltar a conversa para Jesus. Ele, e não a lógica, é o verdadeiro caminho para Deus.


Seja Ele vosso guia e vossa luz.

S.D.G.


P.S.: aqui está o exercício proposto dessa aula.

Um comentário:

  1. ótimo conteúdo, me ajudou a complementar o estudo da Bíblia apologética, bem interessante, demais mesmo!

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