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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Apologética - Ciência e Fé I

Olá a todos! Nos últimos posts temos estudado sobre Apologética, ou seja, a defesa da fé. Após uma introdução sobre o tema, passamos a nos debruçar sobre diversos aspectos e outras temáticas que surgem quando estamos pensando em defender a razão da nossa esperança (I Pe. 3:15). O tema de hoje não é nem um pouco mais light do que os outros que vimos: é possível haver conciliação entre fé e ciência?


Nós vivemos na Terra, um planeta cheio de beleza, ordem, de uma natureza exuberante e que por muitas vezes nos intriga. É interessante notar que os primeiros cientistas eram cristãos! Estamos pensando aqui em Copérnico, Newton, Kepler, Kelvin e, em certa instância, até Einstein. O ponto principal que vamos tentar defender aqui é: o Cristianismo foi condição essencial para o surgimento da ciência.

(Obs.: Este é um ponto passivo para os historiadores da ciência, que admitem que o Cristianismo mais ajudou do que atrapalhou a ciência, mas vamos tentar desenvolvê-lo melhor.)

Vamos lá. O que é ciência? Ora, quando nos referimos a este termo, estamos pensando num esforço da mente humana que depende dos sentidos para avaliar a realidade. A ciência tal como a conhecemos tem por base duas ideias principais: o método científico (observação, identificação do problema, hipótese, experimentação, formação de teses ou leis) e o naturalismo/materialismo (tudo o que existe pode ser percebido e compreendido pelos nossos sentidos).

E quanto à fé? O texto de Hebreus 1:11 nos diz: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.”. Já o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (importante dicionário online de Portugal) define fé como: “Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro.”.

Note que as duas definições (uma sacra e outra secular) não são contradizentes entre si, pelo contrário: apontam para uma crença em algo que não se pode ver ou tocar, mas que se entende como verdadeiro. Veja que até então não estamos falando de fé em Deus ou Jesus, mas apenas de fé de uma maneira geral, como aquela tirada da definição de um dicionário mesmo.

A pergunta que se propõe então, é: fé é privada de razão? Vemos que a definição do dicionário traz a ideia de adesão àquilo que se considera verdadeiro, logo, há algum pensamento racional por trás disso. Podemos desenvolver isto um pouco melhor da seguinte forma:

Calvino fazia menção ao sensus divinatis, que é o desejo intrínseco a todo ser humano de chegar-se a Deus, de preencher o vazio da busca pelo espiritual dentro de si, mas que este desejo foi deturpado pelo pecado. A ideia é de que a fé per si é algo próprio da natureza humana, que tem aceitação racional sem argumentos cogentes. Veja-se por exemplo: alguém é acusado de ter cometido um crime, mas não consegue reunir evidências para mostrar que não é culpado.

Então, como vimos, fé não é somente algo religioso, há outros tipos. Os fatos não são entendidos isoladamente, mas dependem de um sistema de crenças. A Terra é redonda. Ok. Mas o que isto implica? Em que contexto isso é relevante? O sistema de crenças que leva à compreensão dos fatos e sua interpretação é um tipo de fé, pois também baseia-se em pressupostos (como já vimos antes).

Vamos ver um exemplo prático disso? Analisemos a história do Bóson de Higgs! Isso mesmo, podemos demonstrar através de uma descoberta científica que a fé perpassa todos os níveis do entendimento humano. Olha só que bacana:


Em 1964, o físico Peter Higgs, da University of Edinburgh, na Escócia, propôs (a partir das ideias de Philip Anderson) a existência de uma partícula que atuaria unindo todas as partículas conhecidas da matéria (férmions) e os transportadores das forças que agem sobre elas (bósons), num oceano quântico onipresente chamado campo de spin-0.

Porém estamos falando da década de 1960 e os experimentos feitos na época não foram suficientes para provar a existência de tal partícula e, por isso, a teoria não teve credibilidade na época – inclusive muitos acreditavam que estas pesquisas eram um beco sem saída e encorajavam os cientistas a desistirem desta área de estudo.

Porém a ideia era muito boa, parecia se encaixar de uma forma tão boa que alguns cientistas – mesmo a teoria de Higgs não tendo sido provada ainda – resolveram continuar baseando-se nesta ideia para suas formulações teóricas. Durante a década de 1970, algumas ideias desenvolveram-se e apontavam que as ideias de Higgs estavam certas; na década de 1980, o Bóson de Higgs permanecia uma grande incógnita da Física, pois não podia ser provado.

Não obstante, a ideia não morreu aí. Ela era muito boa. Encaixava-se bem demais. Ela só podia ser verdadeira. Mas não era possível prová-la. Não obstante, muitas ideias continuaram a se desenvolver baseadas apenas na crença da veracidade das ideias de Higgs.

Na década de 1990, experimentos ainda buscavam ansiosamente esta partícula; e mesmo ela não tendo sido provada, em 2010, a revista científica Physical Review Letters's reconheceu o trabalho (ainda não provado cientificamente) de Higgs e concedeu a ele e outros autores o J. J. Sakurai Prize for Theoretical Particle Physics.

Meus caros, foi só em 2012! E só em 2013 que confirmaram mesmo! E até hoje, 2016, os cientistas estão bem confiantes (que termo “preciso”, né?) que a partícula que eles descobriram no CERN é de fato o Bóson de Higgs. Mas, de qualquer forma o cara ganhou o Nobel em Física de 2013 pela sua importante descoberta para a Física contemporânea.

Vejam bem a história: 1964-2012. Gente, são mais de 40 anos de diferença! O que leva uma comunidade de cientistas, baseados pela lógica e pelo seu pensamento racional, ficar quase meio século baseando suas ideias em algo que eles apenas acreditam ser real, sem que o mesmo esteja provado? Minha gente, a resposta é muito clara: .

E isto não é ruim! Mesmo não sendo provado por argumentos cogentes, isto não tira a veracidade de um fato e nem tampouco a capacidade de acreditar nele e basear a sua vida, sua pesquisa acadêmica, suas ideias naquilo. A fé não é condição para a falta de racionalidade.

Vamos ver de novo o texto de Hebreus 11:1, e olha como tem tudo a ver com o Bóson de Higgs: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.”. A fé, meus caros, não se trata só de religião. Fé e ciência não são contraditórios, não há uma guerra entre eles, muito pelo contrário, estes termos são complementares.


No próximo post vamos continuar a fortalecer a ideia da relação essencial que há entre o Cristianismo e a Ciência, demonstrando que foi necessário que cientistas cristãos estivessem dispostos a estudar a revelação de Deus na natureza para que a ciência chegasse no patamar que chegou hoje.

Até lá, seja Deus vosso guia e vossa luz

S.D.G.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Apologética - Deus II

Bom, ainda estudando sobre apologética, no último post falamos um pouco sobre ateísmo e colocamos como objeto de estudo a questão da existência de Deus, mas vamos direto ao ponto: quais argumentos poderiam ser utilizados para a existência de Deus?

O primeiro argumento que se pode utilizar é o cosmológico, cuja origem pode ser traçada até Tomás de Aquino (séc. XIII). Em termos simples, este argumento defende que para que a realidade viesse a existir, há a necessidade de uma Causa Inicial para tudo (que, na Bíblia, apontamos em Gn. 1:1).

A ideia é: toda consequência deve ter uma causa anterior, ou um primeiro motor (se pensarmos em movimento, por exemplo). A causa para o que quer que seja deve ser eficiente em si própria, ou seja, não pode precisar de uma causa, ou então ela seria simplesmente uma consequência de algo anterior. Logo, dizemos que a Causa Inicial deve ser não-causada

Se pensarmos que não houve uma primeira causa, então qual seria a explicação para o começo de tudo? Nos deparamos com algumas alternativas esdrúxulas: a primeira delas seria que a realidade veio do nada. Mas se veio do nada, como poderia vir? "Ex nihilo, nihil fit", é a lei da Física que afirma que algo não pode vir do nada (também aplicada à Biologia nos tempos Iluministas). Logo, vemos que este primeiro argumento não tem sustentação lógica para seguir em frente.

A outra possibilidade que muitos argumentam é que o universo é simplesmente eterno. Isto nos traz uma série de outras complicações; a principal delas é que se houvesse um regresso infinito no tempo, o hoje não existiria! Ora, se não se pode contar até o infinito, como começar a contar a partir dele? Para dar um exemplo matemático: quantos números existem entre 0 e 1? Infinitos: 0,1; 0,01; 0,001; 0,0001, e assim por diante. Como então sair do 0 e chegar no 1? O hoje não chegaria nunca.

Além disso, a própria ciência argumenta que o universo teve um começo também. Não é nenhuma novidade a ideia do Big Bang, em que o universo teria começado com uma espécie de superexplosão chamada de "singularidade". Também a Segunda Lei da Termodinâmica nos dá interessantes argumentos ao afirmar que processos em sistemas fechados tendem ao equilíbrio, como ondas numa bacia, por exemplo. 

Ora, sendo o universo um grande sistema em movimento, alguma hora ele tenderia ao equilíbrio. Os cientistas nos trazem duas possibilidades: morte quente (contração - a gravidade lentamente puxará o universo inteiro para um único ponto) ou morte fria (expansão - a gravidade vai lentamente perdendo força até que tudo esteja afastado demais para exercer força sobre outrem). De qualquer forma: o universo teria um fim. Logo, teria um começo.

Outro argumento bastante utilizado é o argumento teleológico, que afirma que todas as coisas foram criadas com um objetivo ou propósito. Neste argumenta-se que o universo mostra marca de desenhos e combinações que não se veem de maneira aleatória na natureza, logo, alguém deve ter "arquitetado" essas coisas. A probabilidade de que tudo acontecesse de modo aleatório e chegasse na nossa realidade é tão surreal que é preciso mais fé para crer nisso do que em Deus.

E isto vemos na Bíblia também: "nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade," (Ef. 1:11).

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Após, afinal, de várias discussões e conclusões para a existência de Deus, a pergunta que se segue é: a lógica é suficiente?

Vejam bem: a existência é uma ideia sem conteúdo. Se algo existe, ok, tudo bem, existe. Note que a Bíblia nem se preocupa em provar a existência de Deus, pois a existência por si não é significante; ela não diz nada, apenas afirma uma ideia. Além disso, como já vimos, o conceito de "Deus" é muito vago no Relativismo.  Após todos estes argumentos, alguém poderia concordar com a existência de um "deus", apenas. Olhe só:

A pessoa concorda que teria que ser algo muito poderoso para criar a realidade a partir do nada absoluto; logo, como argumentou-se, deveria ser uma entidade não-causada e eterna. Tudo bem. Aí a pessoa concorda também que deveria esta entidade deveria existir fora do tempo e do espaço, pois estes nem existiam ainda e, como não existiam, não se poderia mudar (imutável). E se essa entidade criou seres com intelecto e emoções, deve então ter uma personalidade também. Beleza. Concordamos. Legal. Qual é o problema?

Isto tudo no máximo prova a existência de uma divindade com atributos e que crer nela é a única explicação racional, tanto faz se seria Deus ou Krishna ou, sei lá, Rá. Meus caros, o problema do homem não é a existência de Deus: tanto, que, como se pode ver, é lógico crer na existência de uma entidade soberana sobre tudo. O problema do homem sempre foi o pecado. O homem não se recusa a "saber que Deus existe", ele se recusa é a submeter-se a este Deus! Ele quer ser seu próprio deus.

Não obstante, a incredulidade humana não altera a existência de Deus. O que deve ficar claro é que crer em Deus não é suficiente: "Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem." (Tg. 2:19). A crença em si é uma ideia vazia, deve-se ter relacionamento: não adianta conhecer a Deus e não fazer a Sua vontade:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade." (Mt. 7:21-23)

Nós não precisamos ter medo de defender a nossa fé e argumentar, até porque, temos a lógica e seu Autor ao nosso lado. Mas, devemos lembrar (como argumentos nos primeiros posts sobre Apologética), que estas argumentações devem ser utilizadas com fins evangelísticos e não meras discussões intelectuais. No fim, temos que voltar a conversa para Jesus. Ele, e não a lógica, é o verdadeiro caminho para Deus.


Seja Ele vosso guia e vossa luz.

S.D.G.


P.S.: aqui está o exercício proposto dessa aula.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Apologética - Deus I

Olá minha gente (ou quem quer que leia isso)! Pois bem. Já falamos de Apologética de maneira geral, já falamos do Relativismo e seus pressupostos, falamos também da Bíblia e sua inspiração divina. Continuando nossa linha de temas polêmicos, vamos falar hoje de um dos principais deles: Deus existe?

Ao longo da história muitos filósofos tentaram responder essa pergunta, via de regra desacreditando Deus. Sendo que na Idade Média houve uma manipulação da sociedade muito grande por parte da Igreja Católica, é natural que fosse durante o Iluminismo que esta questão se tornasse mais latente, época em que os iluministas fizeram questão de criar uma separação entre "fé" e "razão", coisa que (pelos últimos posts) já vimos que não é verdade.

O ateísmo é a filosofia que busca negar a existência de Deus; afirmam basear-se na lógica para resolver suas questões (o que muitos deles não percebem é que a lógica também pertence a Deus, Ele é o autor da razão) e também são materialistas, ou seja, buscam afirmar que tudo o que existe, existe pela natureza ou pode ser percebido pelos sentidos.

Mas o próprio ateísmo não é uno em torno de uma única corrente de pensamentos, há vários tipos deles. Por exemplo, o panteísmo é um tipo de ateísmo, pois afirmam que Deus é tudo o que existe. Isso é um silogismo para dizer que Deus não existe, pois, se Ele é e está em tudo (o pôr-do-sol, o sorriso, o amor, a justiça, o universo, etc.) é como se não fosse nada.

Os mais conhecidos são os ateístas ofensivos. Estes são aqueles que ficam constantemente te atacando com perguntas e tentando forçar você a provar que Deus existe. Quanto a estes, é muito fácil dar a volta por cima: como já foi orientado em posts anteriores, não fique só na defensiva, ataque também. Peça que eles provem que Deus não existe e assista tranquilamente a incapacidade deles de fornecer explicação lógica da não-existência de Deus.

Vendo este problema, muitos ateus deixaram de assumir uma postura ofensiva e passaram a uma defensiva, ou seja, tornaram-se agnósticos na prática. Eles defendem que a existência de Deus não pode ser provada e não necessariamente que Deus não existe (vê a diferença?).

Porém, pelo menos do meu ponto de vista, os piores são os ateus praticantes. Estes são aqueles que não negam a existência de Deus e nem a fé, porém cria substitutos para ela. Estes ateus, também chamados de "ateus crédulos" já ouviram falar de Cristo, Sua morte e ressurreição, porém isto não faz a menor diferença em suas vidas. As vezes vão à igreja, mas vão atrás de sensações. Estão muito próximos dos crentes, mas terrivelmente longe do Salvador. 

No fundo, o ateísmo não deixa de ser uma forma de fé, pois também tem seus pressupostos (materialismo, racionalismo, por exemplo) e também derivam seus pensamentos de um axioma. A fé é muito mais do que algo religioso, ela implica em acreditar em algo ou interpretar algo baseado em pressupostos. Porém o ateísmo não consegue explicar o funcionamento da realidade, ele simplesmente a tem como randômica. Mas ainda assim se veem ordem e leis... que coisa não...


O mundo cria um deus para satisfazer suas necessidades, inclusive as intelectuais/psicológicas. Mas nenhuma pessoa pode escapar de conhecer a Deus:

"Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebido por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato." (Rm. 1:20-21)

Deus não é um mero fato ou conhecimento a ser aprendido, Ele é a origem de todos os fatos e conhecimentos! É justamente por isso que eles O refletem! Ele é muito mais profundo do que a gente possa imaginar. Veja, por exemplo, o que ocorreu em Ex. 3:13-14:

"Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? 
Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros." 

Neste contexto, Moisés está conversando com Deus pela sarça ardente (famoso episódio), e ele pergunta a Deus pelo seu nome. Na cultura hebraica, o nome era muito importante, porque muitas vezes definia quem a pessoa era; tanto foi assim que Jesus chegou a mudar o nome de algumas pessoas (Pedro, Paulo) para que ficasse mais condizente com sua personalidade.

Moisés estava querendo que Deus se definisse para ele. Ele queria uma resposta objetiva e lógica para quem era o Deus com quem ele falava. Mas aí veio um problema: não é possível para Deus se definir para nossa mente pequena, então ele responde com uma frase "EU SOU O QUE SOU", o que, logicamente, é até difícil de compreender. Porque Deus, repito, não é simplesmente um conhecimento ou um fato a ser aprendido. Ele é a origem deles!


No próximo post veremos alguns argumentos principais para a existência de Deus, baseados naquilo que os ateus mais clamam ser a sua base de fé: a lógica. Não é de agora que a utilizamos (como vimos nos outros posts) e nem a deixaremos. Nós vamos explicar a todos a razão da nossa esperança.

Seja Deus vosso guia e vossa luz. 

S.D.G.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Apologética - Bíblia II

Gente, no último post vimos uma introdução para mostrar que o livro que nós chamamos de Bíblia, que entendemos como sagrado, não é simplesmente uma coletânea de escritos humanos. São na verdade textos inspirados por Deus que foram preservados pela providência divina durante séculos para chegarem tal como eram até nós hoje. E não se enganem, há outras evidências. Vejamos.



Sabe a Ilíada, de Homero Homem? Aquela que deu origem até àquele filme "Troia"? Pois é, temos aproximadamente 643 cópias desse livro, que ninguém questiona, que ninguém duvida da história, que ninguém aponta erros gramaticais na cópia do poema ou outros detalhes. Minha gente, só do Novo Testamento são mais de 24.000 cópias! Erros de acentuação, ortografia são tão mínimos que sequer maculam o texto original.

Até mesmo inimigos dos cristãos e dos judeus nas suas respectivas épocas confirmam a existência dos textos. Ora, se até os inimigos demonstram que aquilo já era utilizado e muitas vezes utilizam-se de trechos para reclamar ou argumentar, porque haveríamos de duvidar da sua integridade?

Como se não bastasse, a Bíblia dá evidências internas de sua probidade, como podemos ver nos textos a seguir:

"Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio fora testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde a sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que fostes instruído." (Lc. 1:1-4)

Note a preocupação do médico Lucas em instruir corretamente seu amigo Teófilo. Ele não queria que o pobre homem tivesse "meias-verdades" ou "boatos" sobre quem foi o verdadeiro Jesus. Não. Lucas procedeu a uma minuciosa investigação para garantir que o que ele fosse escrever para seu amigo fosse de fato a verdade.

"O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida [...], o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco." (I Jo. 1:3)

O Apóstolo João não é em nada diferente. Ele escreve sua epístola dando, em primeiro lugar, o selo de autenticidade ao que estava falando. Ele não "ouviu falar", ele não "leu isso em algum lugar". Ele estava lá. Ele viu e ouviu. Não falava de algo que ouviu de terceiros.

"Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares de sua majestade." (I Pe. 1:16).

Pedro sabia muito bem do que estava falando. Ele esteve com Jesus até bem próximo do fim. Viu quando o levaram no jardim. Esteve com Ele em diversos momentos marcantes no ministério de Jesus. A Bíblia aponta para seu próprio conteúdo, ela é o seu verdadeiro teste de verificação da verdade.

Como se não bastasse isso, verifique-se também as profecias do Velho Testamento. Pode ser aquelas que apontavam para o Cativeiro, algo previsto com cerca de um século de antecedência. Ou aquelas que apontam para Jesus, nossa! Essas então! A probabilidade de 08 profecias de Jesus estarem corretas, tendo em vista a diferença temporal (e que os judeus não aprovaram Jesus então não teriam razão para mudar o que já estava escrito) é de 1x1017!!

E se ainda isso não for suficiente, aqui vem a mais forte de todas: a Bíblia é a mesma do começo ao fim. Sim, mas e daí? Ah! Imagine que você comece a escrever uma história e peça para seu vizinho continuá-la, mas espere, você não pode mostrar a ele o que você já escreveu! Agora imagine que de algum modo ele continua esta mesma história logicamente e passa para outro no mesmo procedimento.

Agora imagine um livro completo escrito dessa forma começando em 1500 a.C. e terminando em 100 d.C. (de Moisés a João, aproximadamente); imagine ele sendo escrito por mais de quarenta autores, de culturas diferentes (judeus, gregos, outros povos), línguas diferentes (hebraico, aramaico, grego) e mesmo de nível de instrução diferentes (poetas, reis, pastores, pescadores, médicos, etc.). Para que um livro escrito dessa forma tivesse coesão do começo ao fim, só com ajuda divina!

Deus usou diferentes meios para alcançar as diferentes pessoas. É por isso que nós devemos ler a Bíblia dentro de seu contexto, não se pode exigir dela o que você quer, só porque você quer. Narrativas devem ser lidas como narrativas, poemas como poemas, leis como leis e assim por diante. 

Muita gente diz que a Bíblia é imprecisa em muitos versículos. Mas será que o que foi escrito naquela época era impreciso para quem estava naquela época? Pense nos recordes mundiais de velocidade, por exemplo. Há apenas algumas décadas atrás, o nível de precisão era de segundos; hoje, já precisamos partir para os milésimos para vermos as diferenças. Isto significa que antes era menos preciso? Ou que a necessidade de precisão anterior era diferente da atual?

Uma outra evidência é que a Bíblia fala de si mesma. "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." (II Tm. 3:16-17). Isto é a própria Palavra de Deus testificando dela mesma.


Mas... será que além do que está escrito na Bíblia aconteceu algo mais? Será que absolutamente tudo está registrado nela? A resposta encontramos nela mesmo: "Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro." (Jo. 20:30). Mas então porque não tem tudo? A Bíblia também responde: "Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome." (Jo. 20:31).

Jesus é a Palavra viva, Ele é o tema central das Escrituras. O Antigo Testamento olha para Ele na frente e o Novo Testamento aponta para trás, olhando para Ele também. Não foi a Igreja que estabeleceu isso; a igreja apenas buscou sua autoria, conteúdo e testemunho para confirmá-lo. É por isso que nós devemos obedecer a essa Palavra. É necessário o estudo diário para conhecer o Autor da Palavra. 

Muitas vezes você pode encontrar aparentes "contradições" ou "incoerências". Não as ignore! Estude a Bíblia! Veja se aquilo está errado mesmo ou se há uma explicação no contexto ou mesmo com outro texto da própria Bíblia. Ter fé no Autor da Palavra não é uma fé cega, é uma fé que o incentiva a conhecê-Lo mais profundamente. É conhecer a carta do Pai, para poder se relacionar com Ele.

Leia esta carta. Esta carta que foi trabalhada durante séculos para que você a tenha em mãos. Conheça o Autor dela, Ele tem tanto para dizer a você!

Seja Ele teu guia e tua luz.

S.D.G.

P.S.: para quem tiver interesse, aqui está o exercício.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Apologética - Bíblia I

Pois bem. Estudando sobre Apologética, já a abordamos de maneira geral e no último post começamos a abordar assuntos específicos; o primeiro deles foi o Relativismo e suas afirmações de que "tudo é relativo". No post de hoje vamos estudar um pouco sobre este livro sagrado dos cristãos chamado "Bíblia": ela é palavra de homens ou Palavra de Deus?

Quando se fala de Bíblia em confrontos apologéticos, estamos via de regra pensando no seu cânon; esta é uma palavra que vem do grego e significa "vara reta" ou "régua". Refere-se aos livros bíblicos que caracterizam-se como divinamente inspirados. A questão é: como saber se esses livros são canônicos de fato? Estamos falando de 66 livros na Bíblia. Outra: e os apócrifos, que são considerados escritos humanos, sem inspiração divina?



Sobre o cânon do Antigo Testamento

O cânon protestante do Antigo Testamento é o mesmo do cânon hebraico massorético, mudando apenas a ordem. Os massoretas eram judeus estudiosos que guardavam a tradição oral do texto, e as “massoras” eram anotações ou estatísticas colocadas ao lado das linhas do texto.

Há diversas testemunhas do cânon hebraico. Um dos principais é o historiador judeu Josefo (37-95 a.C.) que registrou tudo deste Artaxerxes, após a cessação dos profetas, inclusive afirmou que desde a época de Malaquias (reinado de Artaxerxes) nada foi acrescentado aos livros do cânon hebraico; sendo isto aceito pela comunidade judaica.

Mas Josefo não é o único, podemos citar Mileto, Bispo de Sardes; Orígenes, erudito do Egito: Tertuliano; Jerônimo, que também comprovaram o cânon hebraico. Este último cidadão foi o tradutor da Vulgata Latina, que deu origem ao cânon católico (vamos já falar mais sobre isso); é interessante notar, porém, que Jerônimo considerava os livros apócrifos apenas úteis para edificação e não como canônicos.

Aliás, outras versões da Bíblia na época confirmavam também o cânon hebraico, como a Peshita, que era a versão sira da Bíblia. Note também que o próprio Jesus e os apóstolos não questionaram o cânon hebraico de sua época e tampouco citaram os livros apócrifos.

Mas e quanto ao cânon católico do Antigo Testamento, que inclui os livros apócrifos, que são: adições a Daniel e Ester; Baruque; Carta de Jeremias; I e II Macabeus; Judite; Tobias; Eclesiástico e Sabedoria, além de por vezes incluir III e IV Esdras além de Oração de Manassés após o Novo Testamento? Tudo isto originou-se na Vulgata Latina, que, por sua vez, veio da Septuaginta.

A Septuaginta é nada mais nada menos que a tradução dos livros judaicos para o grego, por volta do século II a.C. Os tradutores da época traduziram diversos livros da cultura judaica e não somente o cânon hebreu; sendo acadêmicos e não necessariamente religiosos, eles não consideravam os livros como obrigatoriamente sagrados, mas sim títulos que valiam a pena traduzir pelo conhecimento em si. De qualquer jeito, foi feita a tradução de diversos livros e não só do cânon.

Séculos mais tarde, foi a vez de Jerônimo fazer a tradução da Septuaginta para o latim, originando a Vulgata Latina. Ele incluiu os livros apócrifos na sua tradução e ele mesmo afirma (sim, há textos assinados por ele que comprovam!) que apenas os incluiu por achá-los úteis para o ensino e aprendizado da Bíblia (assim como temos muitos outros livros ou posts em blogs que buscam ter o mesmo propósito de elucidar um pouco mais sobre a Palavra).

Esta tradução da Bíblia tornou-se a mais utilizada pela Igreja Católica na Idade Média. Durante este tempo muitas outras traduções começaram a pipocar e muitas delas afastaram-se cada vez mais dos textos originais. As edições tornaram-se comuns e muitas variantes textuais da Bíblia surgiram.

A inclusão oficial dos livros apócrifos deu-se no Concílio de Trento (1546). A Igreja Católica, embora possa não afirmar isto categoricamente, os incluiu em clara reação ao protestantismo e o movimento da Reforma. Especialmente porque alguns livros apócrifos tinham importantes doutrinas para a manutenção da religiosidade católica, como as orações pelos mortos, as famosas indulgências e até mesmo a crença do purgatório.

Quando surge então a igreja protestante, ela não aceita todos os livros apócrifos por considerá-los não inspirados. Mas isto foi ainda resultado de muitas discussões entre os líderes e estudiosos, não foi uma decisão tomada por unanimidade num mero gesto de revolta. 

A parte triste desta história é que por ironia foram incluídos os livros apócrifos no cânon católico quando o próprio Jerônimo dizia que não os achava divinamente inspirados, apenas úteis para informação e estudo (especialmente sobre o período intertestamentário). 

Antigamente, até eram incluídos também nas Bíblias protestantes, como fontes históricas e culturais (coisa que são mesmo!), mas eles não estavam juntos do texto bíblico, eram mais como um apêndice que ficava só no final, separado do texto sagrado. Mas depois resolveram tirar também: sinceramente, melhor assim, para evitar mais confusões e anedotas históricas.

Sobre o cânon do Novo Testamento

Este é mais "tranquilo": católicos e protestantes concordam quanto a ele, embora os judeus (por razões óbvias) não o aceitem. Mas demorou também até todos os livros serem aceitos, havia outros livros considerados importantes na época e foi necessário muito discernimento do Espírito Santo, pois alguns deles (Hebreus, Tiago, Apocalipse e outros) foram submetidos a severas avaliações.

Mas afinal de contas, quais são os critérios de canonicidade dos livros do Novo Testamento? Já vimos que no Velho Testamento, a herança histórica judaica (que foi dada pelo próprio Deus por meio de Moisés e os escribas e tendo sido preservada por eles) foi um dos fatores essenciais. Mas há outros critérios além destes? Sim, há.

O testemunho interno do Espírito Santo é o principal deles (para ambos os Testamentos). O testemunho do Espírito vale também para o entendimento da igreja como um todo. Uma coisa deve ficar clara: não foi a Igreja ou os homens que determinaram o cânon, eles apenas o reconheceram! Foi Deus quem determinou o cânon antes mesmo da fundação do mundo, pois é expressão da sua eterna Palavra. Nós somos convencidos pelo Espírito Santo dessa verdade.

Já no século I d.C. muitos destes livros do Novo Testamento eram citados e reverenciados. Não obstante, nos séculos II e III eles foram muito questionados e debatidos, por conta de muitas heresias que surgiam derivadas da má interpretação deles. Foi apenas no século IV que eles foram reconhecidos oficialmente (apenas os 27 livros que compõem o Novo Testamento).

Outro critério que é de suma importância é claro que é o conteúdo dos livros. Qualquer que seja o escrito, ele não poderia estar em desacordo com os padrões ensinados por Jesus e os apóstolos ou mesmo com o Antigo Testamento (que aponta para Jesus). Foi por causa deste critério que os livros apócrifos foram rejeitados. 

Além disso, temos também as evidências internas dos próprios livros do Novo Testamento. Ou seja, temos escritos feitos por pessoas diferentes, em tempos diferentes, mas que apontam para evidências de inspiração com, por exemplo, textos comuns a todos.


Meus irmãos. Para que Deus nos deu o cânon? Deus tem se revelado à humanidade desde os tempos de Adão; mesmo após a queda, Ele não nos abandonou. O propósito de Deus com essas revelações sempre foi para que o homem O pudesse conhecer. Sua revelação culminante foi em Jesus: foi quando cessaram as novas revelações, pois daí em diante já era possível conhecê-lo pelo que já havia.

Agora é hora de conhecer este Senhor, este autor da carta! Leia a Bíblia, você está vendo que isto não é uma fé cega, que nós temos uma razão de ter esta esperança. Que o que temos escrito hoje, não chegou até nós por acaso, mas sim pela mão de Deus moldando a história do homem e garantindo que a Sua Palavra chegasse até nós hoje.

Seja Deus vosso guia e vossa luz. A Ele toda a glória.

S.D.G.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Apologética - Relativismo

Bom dia, meus caros. Até aqui nós vimos um pouco sobre Apologética de um modo geral: o que ela é, suas variações, seus objetivos e mesmo ideias de como utilizá-la de uma maneira mais abrangente e biblicamente correta. Hoje nós vamos abordar o Relativismo e (pelo menos tentar) demonstrar suas falácias. Então vamos lá.


Eis a famosa história do Relativismo (há variações dela, mas a ideia é a mesma): havia uma tribo de cegos numa região remota da Índia. Certa feita, chegou nesta tribo um elefante, mas ninguém ali conhecia aquele animal. Então o chefe da tribo chamou os três maiores sábios e pediu que cada um dele analisasse o bicho que dissesse o que era aquilo afinal de contas. 

O primeiro foi lá, pegou na perna do elefante e, vendo a firmeza dela, declarou sem medo: "Não é um animal, trata-se de uma árvore". Então vem o segundo e pega na orelha do elefante, e, por sua vez afirma categoricamente: "Não pode ser uma árvore, na verdade nem é um ser vivo, pois parece-se mais com uma cortina". Já o terceiro, assustado afirma: "De modo algum! Isto é uma cobra!", pois havia pegado na rabo do elefante.

A "moral" da história que o Relativismo prega é: somos todos cegos e cada um pode defender apenas o seu ponto de visto. Logo, a verdade é relativa, pois depende de quem fala e de seu ponto de vista. Parece tudo muito certo não é?

Mas deixe eu lhe perguntar: o elefante deixou de ser elefante? Hum.. acho que não. Seria ele uma árvore, uma cortina ou uma cobra? E ele por acaso é a junção de árvore + cortina + cobra? Olha, também acho que não. Logo, vê-se de imediato que a verdade não deixa de ser verdade só porque alguém não é capaz de expressá-la; mas já estou me adiantando, vamos voltar ao Relativismo.

Esta filosofia prega que não existe verdade absoluta. Não haveria ninguém para avaliar as diferentes verdades, logo, nenhuma poderia ser absoluta. Frases como "tudo é relativo" ou "essa verdade funciona para você, mas não para mim", são clássicas dessa filosofia.


Mas é muito difícil abordar estes conceitos sem ver a falha logo de cara: se tudo é relativo, então a afirmação "tudo é relativo", também é! Ora, é uma filosofia autodestrutiva, sem consistência interna lógica. Esta é a primeira característica dessa filosofia autodestrutiva.

Outra coisa: o mundo vive de absolutos e não variáveis. Se tudo é relativo, vamos fazer assim: eu sou dono de um açougue e 1kg de carne custa R$15,00 (tanto no meu açougue como em qualquer outro), mas como tudo é relativo, eu considero 1kg como 458g. Aí eu pergunto: quem é que vai querer comprar de mim, visto que eu sequer entendo um quilo como um quilo e sim como uma fração dele? 
O mundo não vive de variáveis, ele existe baseado em absolutos. Usar o relativismo só para embasar argumentos não o torna válido, mas uma falácia propriamente dita.

Ora, tudo que nós conhecemos é baseado em leis, sejam elas naturais ou criadas. Se nós inventarmos de relativizar os conceitos das leis vamos parar na cadeia (numa situação em que as leis sejam cumpridas de fato, né?). Ah! E quem se arriscaria a relativizar a lei da gravidade? Será que dá pra fazer isso? É possível realmente afirmar que tudo é relativo? Mas se tudo é relativo, como explicar os absolutos? Mesmo que toda humanidade acreditasse que a terra era plana ela deixaria de ser redonda?

"Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se," (Rm. 2:14-15)

Deus pôs no coração do homem a consciência, que está impressa no seu coração. Esta lei de Deus é a verdade (Jo. 17:17). A Palavra é eterna (Sl. 119:142,160), reta (Sl. 119:137), eterna (Sl. 119:142), vale para sempre (Sl. 33:11), imutável - algo que nem a ciência é (Is. 40:8, Tg. 1:17). A consistência interna disso é tamanha que o próximo post será somente sobre a Bíblia como verdade.

Mas não se engane. O Relativismo está de longe de ultrapassado, ele se molda às diferentes realidades e pode afetar nossas vidas de diversas maneiras. Um dos perigos que oferece é que, se não há uma verdade, então ninguém poderia interpretar a Bíblia e dizer que é a verdade (no próximo post veremos que é possível fazer isso: basta usar a própria Bíblia como base de comparação); além disso, Jesus não seria o único caminho a Deus e sim "um dos caminhos", ignorando Jo. 14:6.

Outro grande perigo: pragmatismo. A autorrealização se torna o novo foco, pois se é relativo, então o meu ponto de vista tem sua importância também e é preciso satisfazer o "eu". Como a verdade não é mais o foco, as pessoas vão à igreja para se sentir bem. A "experiência", o "encontro" com Deus, com o sobrenatural é mais valioso do que a própria Bíblia. 

Parece que ir à igreja, ter um relacionamento com Deus ou com o próximo só tem validade se sentimos alguma coisa. Aí você pode até dizer: "ainda bem que não sou assim", mas quando lê a Bíblia, se, ao final, não sentiu nada, parece que não valeu a pena, parece que "Deus não quis falar", como se a Palavra dele voltasse vazia! Geração que busca por sinais e sentimentos:

"Como afluíssem as multidões, passou Jesus a dizer: Esta é geração perversa! Pede sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas." (Lc. 11:29)

Os resultados se tornam mais importantes do que a própria verdade. Pregar, fazer programação, obedecer a Deus: só se for para "se sentir bem". O culto se torna algo para o homem e não mais para Deus, se a pessoa não "sentir algo" durante o culto, então, afinal, "porque ela perderia o tempo dela?". Jesus, nem de longe era assim:

"Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso: quem o pode ouvir? [...] À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele." (Jo. 6:60,66)


Como identificar, afinal, o que é a verdade? Esta parece ser a pergunta que surge. É bem verdade que nem tudo é relativo, mas algumas coisas são. Veja que não estou tentando argumentar que devemos absolutizar tudo, mas sim que nem tudo é relativo. Por exemplo, a temperatura ideal de um ambiente vai depender se a pessoa está perto ou não do condicionador de ar, se está de casaco ou não, se está acostumada com determinada temperatura ou não, etc... É relativo! Sim!

Mas nem tudo é relativo. O problema para identificar afinal, qual é a verdade é o seguinte: o coração do homem também é relativo. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jr. 17:9)

Nós só podemos chegar em algo absoluto, como a verdade, partindo de uma base absoluta, fruto de um ser que é Absoluto. Quem conhecerá afinal o coração do homem, visto que nem ele mesmo é capaz de o discernir? A resposta está no versículo seguinte ao que lemos acima: "Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações." (Jr. 17:10)

Nós devemos desesperadamente voltar à Verdade objetiva: a Jesus. "Respondeu-lhes Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim." (Jo. 14:6). É o ensino e aprendizado da verdade que o levará a verdadeiras "experiências" e "encontros" com Deus: não o contrário! Não tenha medo de abraçar a verdade absoluta em meio a este caos de relativos.

O crente não pode se isolar na Verdade, ele deve entrar na ofensiva, precisa mostrar que esta Verdade absoluta ainda existe. A sua primeira ofensiva é viver o verdadeiro Evangelho, é mostrar esta Verdade agindo em nossas vidas e, adivinha o que o conhecimento da verdade fará:

"Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (Jo. 8:31-32)


Uma mentira repetida diversas vezes se torna verdade... Será? Na verdade, uma mentira repetida diversas vezes torna-se aparência de verdade, mas não é a verdade: o elefante continua sendo um elefante. Apenas conhecer esta verdade não é suficiente, nós temos que vivê-la, aplicá-la, mostrar que isto não é um mero produto de nossas mentes, é a Verdade que veio para trazer a vida!

Deixe esta Verdade abrir seus olhos e transformar sua vida também. 
Seja Deus vosso guia e vossa luz!

S.D.G.


P.S.: Aqui está a atividade desta aula. Se quiser fazer e me enviar, fico no aguardo.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Apologética - V

Hello, hello! Então. Nos últimos posts temos visto um bocado sobre Apologética, o que é, suas variações e passamos a abordar alguns aspectos (aliteração!) práticos dela num contexto de conversa informal. Hoje, ainda nesse contexto, vamos chegar ao fim: debatemos, utilizamos daquelas estratégias de opor as cosmovisões para que a única racional vença e demonstramos que o nosso raciocínio foi vencedor... mas e o final do debate?



"Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra. [...] Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus." (Jo. 8:43,47)

Os incrédulos, muitas vezes, não sabem ou não admitem que perderam um debate, ás vezes isso acontece por uma recusa explícita em não admitir a derrota, mas isso também pode ocorrer de outras formas. Ele pode querer "começar de novo", recuar para mudar sua cosmovisão só para conseguir embasar um argumento, ele pode querer "concordar em discordar" ou dizer que foi apenas um "mal-entendido".

Há várias razões para que ele não reconheça a derrota. A primeira nós já dissemos: no fundo, ele nunca espera que você ganhe. E, pior, ele jamais acha que você conseguiria fazer isso usando as suposições dele (lógica; ou seja, ele acha que talvez você conseguisse provar uma consistência lógica somente sob seu ponto de vista, mas jamais sob o dele. Então quando você usa as bases do próprio pensamento dele para prová-lo errado, ele não consegue segui o pensamento racional do debate.

Muitos acham que este é o limite da Apologética: ganhar, mas o outro não reconhecer a vitória. Mas não é só por isto que devemos desistir. Uma das primeiras coisas que devemos fazer é simplesmente dizer que ganhou o debate e explicar o porquê. E, (o principal!) aproveitar a oportunidade para expor-lhe a verdadeira Sabedoria, utilizar a Apologética como instrumento de evangelização (que é o seu real propósito!).

Explicitamente reivindique a vitória, explique a base racional pela qual você ganhou e se ele quiser "começar de novo", dizendo que você confundiu alguma coisa, você pode apontar que, se ele é tão racional como diz ser, algo assim não poderia ter acontecido. Por fim, demonstre as implicações da derrota, qual seja: que a racionalidade divina é superior à racionalidade humana.

É bem verdade que talvez o coração dele esteja totalmente endurecido, tão cego pelo pecado que mesmo uma conclusão racional não possa penetrar em sua mente. Mas é aqui que nós confiamos plenamente no poder do Espírito Santo de Deus. Como dissemos desde o começo: não queremos converter ninguém pela Apologética, isto é ato personalíssimo de Deus. O que queremos é lançar a semente da Palavra por meio de argumentos sólidos para que esta Palavra venha a frutificar no coração de quem a ouve.

Algo importante a ressaltar: em momento algum eu estou defendendo que você seja rude, duro ou contencioso em pregar o Evangelho ou defender a fé; muitos de vocês me conhecem e sabem que eu mesmo não sou assim. Mas também não posso ceder às crenças do Relativismo que querem me dizer que todos são iguais perante Deus e totalmente racionais: desculpa, mas não é isso que a Bíblia ensina! 

Como já vimos: o homem natural não é racional, tanto que a loucura de Deus consegue ser ainda mais sábia que qualquer racionalidade humana. Segundo, nem todos são iguais: como vimos no versículo no começo desse post, nem todos são de Deus. Terceiro, como também já falamos, a hostilidade que temos é espiritual, não física ou moral (socialmente externa). Quarto, não somos nós que convertemos o pecador, nós simplesmente tentamos argumentar persuasivamente de modo a expor a ele de modo racional a razão da nossa esperança.

“Em nosso conflito intelectual com os incrédulos, não é preciso muito para ser invencível – a questão é se seremos fiéis ou não em ressoar a mente de Cristo e proclamar a sabedoria de Deus.” (CHEUNG, p. 47)


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Pois é, meus irmãos. Como deu pra ver, eu basicamente resumi muita coisa do que disse Vicent Cheung em "Apologética na Conversação", cujo link tenho disponibilizado em basicamente todos os posts sobre este tema, até então.

Nos próximos posts vamos tratar de temas mais especializados que são, de fato, aquilo que tenho estudado com os adolescentes na Escola Bíblica Dominical (tem até tarefa pra casa!). Vocês verão que é possível aprofundar bastante em cada um dos temas e que há muita coisa para se ver; o que tentamos expor até aqui são princípios norteadores para que você possa fazer bom uso da Apologética.

Espero que eles tenham enchido você, cristão, de esperança para defender sem medo a sua fé; e que tenha enchido você, não-cristão, de curiosidade para saber o que são estas "coisas estranhas" das quais nós tão ousadamente falamos. 

Que o Espírito Santo do nosso Senhor esteja conosco. Seja Ele nosso guia e nossa luz.

S.D.G.


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Apologética - IV

Olá meu povo. Então. No último post falamos sobre a importância de atacar as pressuposições dos incrédulos ao invés de simplesmente defender o evangelho com fórmulas ou decorebas; lembramos também que nossa mente deve ser como a de Cristo. Neste post vamos tentar discorrer um pouco mais sobre como manter o confronto e o que é importante lembrar.

"Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo." (I Co. 2:16)

Já vimos que se conseguirmos arranjar e manter um confronto intelectual de modo que haja uma oposição entre a sabedoria de Deus e a sabedoria dos homens, a vitória é certa, pois a primeira é inimaginavelmente maior que a segunda. 


Uma coisa que é importante ressaltar é que nós não devemos utilizar princípios, proposições e pressuposições não-bíblicas para construir nossa cosmovisão ou formular argumentos. Ora, se acreditamos que a Palavra é a Verdade, então qualquer outro argumento de outra fonte só servirá para enfraquecer nossa linha de raciocínio, gerando confusão.

É importante demonstrar como as duas cosmovisões (do cristão e do incrédulo) são opostas e contradizentes, expondo como só uma delas pode ser verdadeira. Isto é importante para manter o debate sempre no ponto principal, não adianta divagar, sempre tem-se que voltar para esta ideia, pois assim estaremos colocando o raciocínio humano contra o de Deus. E, ora, se até mesmo a loucura de Deus é mais sábia que todo o pensamento humano, não temos o que temer!

Outra coisa: não podemos aceitar meio-termos! Dizer que o Cristianismo também está certo, é o mesmo que dizer que ele está errado, justo porque ele mesmo reivindica estar totalmente certo. É a mesma coisa que dizer que Deus existe em tudo (como fazem os panteístas): isto é o mesmo que dizer que Ele não está em lugar nenhum, já que está em absolutamente tudo.

Estamos lembrando aqui da estratégia que pensamos no outro post: não devemos deixar que o oponente progrida em seu raciocínio sem antes estabelecer as bases lógicas que o levaram a qualquer conclusão (seja ela explícita ou não); desta forma, as cosmovisões estarão sempre em confronto, e o incrédulo não conseguirá formular racionalmente nenhuma de suas bases.

Aliás, você não precisa esconder sua estratégia: deixe claro ao oponente que você está questionando as suas bases porque, sem ela, ele não poderá formular nenhum grande argumento, visto que ele não teria sustentação lógica ou racional. Não é nem necessário ignorar o assunto que trouxe a discussão a tona, apenas faz-se necessário estabelecer as bases para chegar até ele... 

O lance é que o problema principal está justamente na base! Ou seja, você está demolindo a arquitetura da cosmovisão do incrédulo, mostrando que o seu edifício intelectual não é tão bem montado como ele imagina.

Mas... como fazer tudo isso? Aí que entra: preparo! Você deve ter um bom conhecimento da Escritura para saber o que ela fala. Isto não é difícil, meus caros, lembre-se que não é pela sua capacidade que você aprende o que Deus revela, é Ele quem te capacita: "quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir." (Jo. 16:14)

Mas isto não nos exime de estudar e conhecer essa palavra, lembremos de um dos primeiros versículos que citei (isto para não mencionar muitos outros): "antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós," (I Pe. 3:15)

Logo, o bom apologista não é aquele que tem os melhores argumentos: mas aquele que melhor domina o conhecimento da Palavra de Deus, que é Sua revelação para nós! Com isto em mente, ele poderá clara e racionalmente rebater qualquer argumento que não esteja embasado na Verdade.

Note, assim, que não é o método que nos dá a vitória no debate: é o conteúdo! Se vencêssemos apenas pelo método, isso era apenas mais um sofisma intelectual. Um bom apologista conhece o conteúdo daquilo que prega e, dessa forma, é capaz de reconhecer aquilo que não é verdadeiro, pois não está assentado no verdadeiro fundamento da razão: Deus.

Seja Ele vosso guia e vossa luz.

S.D.G.

sábado, 9 de abril de 2016

Apologética - III

Alô amigos da rede... erh... Alô amigos! Então, no último post tratamos um pouco do que a Palavra de Deus fala sobre a racionalidade de Deus e a “racionalidade” dos homens. Hoje vamos tratar de um assunto que é central na Apologética: atacar! Lembra como falamos que nossas falas não devem constitui apenas defesas, mas também ataques àquilo que não é bíblico? Pois é, vamos desenvolver.


Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo," (II Co. 10:3-5)

Quando estamos conversando com alguém sobre nossa fé, muitos são hostis, mas nem todos são assim. Alguns são corteses, parecem até sinceros, mas, infelizmente, perante os olhos de Deus (que enxerga as intenções do coração e não a aparência), eles ainda são rebeldes que não conseguem evitar ofender a Deus (podem até mesmo estar se enganando, achando que estão conseguindo).

Por isso, é preciso entender que: qualquer engajamento intelectual entre um cristão e um não-cristão é uma batalha espiritual. Os sinais dessa batalha nem sempre vão se manifestar de maneira física porque a verdadeira hostilidade está no campo espiritual.

Muitas vezes, fazemos abordagens e encontramos pessoas que parecem tão "compreensivas", que ao invés de estarmos apologeticamente pregando a palavra, parece mais que estamos engajando apenas em um diálogo amigável. Porém as mentes destes dois indivíduos não compartilham da mesma realidade, pois eles a enxergam de maneiras diametralmente opostas. Nós devemos encarar a situação como Deus a encara:

"Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entra a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?" (II Co. 6:14)

Agora estamos vendo que qualquer interação intelectual entre cristãos e incrédulos se trata de uma batalha e não apenas um diálogo. Com isso, se estamos pensando em uma batalha, temos que lembrar que a luta consiste tanto em ataque quanto em defesa. Vejamos algumas estratégias do oponente:

Quando o incrédulo entra numa discussão, ele não acha que você vai estar correto, pois não consegue conceber que o Cristianismo seja a única verdade. Por isso, ele não aceitará a derrota, porque, na cabeça dele, você simplesmente não pode estar totalmente correto. Por conta disso, sempre que ele se ver encurralado, ele recua e tenta contra-atacar mudando o seu argumento inicial.

É aí que está nossa chance: com cada argumento dele, nós devemos contra-atacar numa ofensiva que mine a noção dele de racionalidade. A ideia é tentar demolir o pensamento dele de modo a demonstrar que a base que ele pisa (a qual ele julga ser absolutamente firme) não é sólida. A nossa estratégia consiste em atacar tudo na cosmovisão do adversário. 

Note: isto não deve ser uma tentativa de impedir o progresso do debate! Não. Mas este deve ser a nossa estratégia norteadora, porque ao atacar os princípios por trás do discurso do oponente, você impede que ele consiga construir argumentos maiores baseados em falácias. Isto nos é útil porque o incrédulo, que frequentemente nos acusam de irracionais, não terão como protestar se seguirmos um padrão de racionalidade rígido e correto, que eles mesmos não conseguirão derrubar. 

A estratégia é: descobrir as premissas subjacentes e atacá-las. Analisar os silogismos subtendidos nas falas dos incrédulos. Questioná-los sobre os pontos aparentemente menos importantes, pois, dessa forma, ele nem terá chance de construir sua argumentação principal.

Demande que ele explicite seu raciocínio, ou seja, você deve fazer perguntas para que ele demonstre que o que diz é logicamente formulado. Se ele não conseguir fazer isso, então o irracional é ele. Nós não podemos somente ficar na retaguarda esperando ataques, devemos questionar o outro e fazer com que ele se responsabilize pelas suas objeções e declarar abertamente as premissas por trás delas, provando que estas são verdadeiras.

Quer um exemplo? O incrédulo pergunta: "Se Deus existe, porque há mal no mundo?". Neste ponto, muitos cristãos fazem milhões de malabarismos para tentar responder, quando deveriam simplesmente perguntar: "E daí? Qual é o problema disso?". Olha só o que fizemos: agora nós estamos no ataque!

O incrédulo fez uma pergunta com diversos silogismos por trás: o principal deles é que ele entende que se Deus existe então o mundo deveria ser perfeito. Mas como ele chegou nessa conclusão? Que argumentos ele pode dar para dizer que isto é correto? De onde ele tirou isso? Viu como é importante que ele demonstre claramente o que quer dizer? Muitos incrédulos nunca sequer chegaram a pensar sobre isso e, de fato, não sabem ou não têm base racional para a maioria de seus argumentos.

Muitos cristãos se afobam em tentar responder assertivas dos incrédulos, quando, na verdade, deveriam é analisar as ideias por trás dos argumentos deles. Por isso é importante ter uma mentalidade bíblica que possa se adaptar a qualquer situação: não dependa de fórmulas. "Ah, se ele disser isso, eu falo isso". Não! Porque você nunca vai conseguir cobrir todas as variações possíveis e vai ficar numa saia justa quando encontrar um argumento para o qual não se preparou.

Outra coisa: nós não estamos nos esquivando das perguntas deles, até porque (como farei em posts mais adiante), podemos responder os questionamentos específicos. O que estamos tentando demonstrar é que as perguntas e objeções dos não-cristãos, no fundo, no seu patamar mais basilar, não fazem sentido algum, pois não são baseadas no logos (Jo. 1:1)!

“Estamos convencidos que, assim como Deus tornou todo o pensamento não-cristão tolo e fútil, todo não-cristão cairá diante de uma pressão racional, pois a Razão de Deus está contra ele [...]” (CHEUNG, p. 28). 

Nossa apologética não pode ser somente uma defesa, fazendo parecer que nós temos que nos desculpar pelo que acreditamos. Nós devemos incansavelmente atacar o pensamento não-cristão com a força imensurável do Autor da lógica! Nós devemos ter a mente de Cristo!

Encha sua mente com a lógica do Autor da razão. Seja Ele vosso guia e vossa luz.

S.D.G.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Apologética - II

Pois bem. No último post vimos de um modo geral a ideia da Apologética. Neste post, vamos tentar abordá-la ainda de forma geral, mostrando como a sua ideia deve ser sempre colocar a cosmologia bíblica contra a não-bíblica, de modo a demonstrar a falácia desta última. Isto não é algo que transcorrerá em poucos parágrafos e com certeza precisaremos de mais posts para discutir isso (desta vez vou diluir bem o tema em pequenos textos, para facilitar a leitura).

Mas à frente vamos abordar questões mais sensíveis e que constantemente surgem em nossas conversas: Relativismo, A Bíblia é mesmo a Palavra?, Deus existe?, o problema do mal, e várias outras que sempre são constante alvo de questionamentos, até mesmo de cristãos. Mas, por agora, sigamos em frente falando ainda de Apologética.


Uma das primeiras coisas que temos que lembrar, é que discutir religião, política, esportes é algo que raramente fazemos em ambientes formais, é muito mais provável que nós venhamos a ser questionados da razão da nossa fé em reuniões de família, no trabalho, nas lanchonetes de universidades e até mesmo na rua. Por isso, temos sempre que pensar que temos um ambiente informal para fazer a defesa da nossa fé.

Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos. Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? 
Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação.” (I Co. 1:18-21)

A Palavra de Deus é bem clara em mostrar que Ele determinou que o homem, pela sua própria sabedoria, jamais conseguiria descobrir a verdadeira natureza da realidade (que é Deus). Isto serve para esmagar o orgulho humano e mostrar como as cosmovisões não-bíblicas não conseguem chegar-se a Deus. Nenhuma racionalidade humana sequer consegue chegar perto da de Deus:

Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” (I Co. 1:25)

É muito claro: mesmo a “loucura de Deus” ainda consegue ser mais sábia do que toda e qualquer racionalidade humana. Nós, porém, não somos iguais ao mundo, nós compartilhamos parte do conhecimento de Deus que Ele mesmo nos revelou! Nós podemos padronizar nossos pensamentos segundo Ele: nós temos a mente de Cristo! (I Co. 2:16)

Se qualquer debate se resumir a sabedoria humana X sabedoria de Deus, então a vitória está mais do que certa. A inteligência e racionalidade são coisas que a Bíblia garante aos que O temem: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência.” (Pv. 9:10)

É triste ver que muitos cristãos hoje têm grande respeito e até medo das mentes, ideias e ideais não-cristãs. Isto frequentemente leva a um bloqueio mental que não deveria acontecer, pois quem batalha por nós não é a nossa inteligência, dicção ou capacidade. É o Senhor Deus!  Lembre-se do “gago” Moisés, do “fraco” Davi, do temeroso Josué. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm. 8:31b)

Meus caros, o máximo que aqueles que compartilham de uma visão não-bíblica podem obter são ideias sábias pelos padrões humanos. Padrões estes mergulhados na obscuridade do pecado, que, no fundo, os torna não capazes de produzir verdadeira racionalidade. Isto não significa que devemos subestimá-los, mas também não precisamos superestimá-los!

“Se você é um cristão, então você deveria crer na Escritura. Se você crê na Escritura, então você deveria crer que a sabedoria divina é maior do que a sabedoria humana [...]” (CHEUNG, p. 10). E isto não deveria estar baseado em nenhum dom intelectual que você julgue ter, mas baseada e totalmente dependente da sabedoria de Deus revelada nas Escrituras. (Obs: tenho vários outros posts falando sobre esta maravilhosa Palavra de Deus; se quiser, depois confira-os clicando aqui).


Com esta mente, a mente de Cristo, o que haveremos de temer?
Deixe Cristo inundar sua mente! Seja Deus vosso guia e vossa luz.


S.D.G.