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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Testemunhar do amor - III

A IPSW foi fundada há 15 anos, mas ainda é uma igreja pequena; deve contar com, no máximo, 100 membros (pelo que me foi informado). O templo em si não é tão grande, mas conta com o necessário, incluindo um piano! (Depois posto fotos de dentro do templo)

Naquele culto de quarta-feira, creio que éramos em, no máximo, umas 12 pessoas. Quase consigo me lembrar de todos, mas não vou arriscar citar para não acabar esquecendo de alguém. A abertura foi feita pelo presbítero Eduardo (que depois descobri ser o pai da Ana), um homem alto, cabelo encaracolado e olhos claros, logo chama a atenção. Em seguida cantamos dois hinos, que a própria Ana tocou ao piano (já já a apresentarei).

Após isto, aconteceu algo do qual eu lembro claramente, e que logo me chamou a atenção: naquele dia, era um jovem, na verdade um adolescente de 17 anos, que daria a palavra. Este era o jovem, seu nome era Guilherme:

Guilherme e sua característica boina (não, ele não usa só pq passou no vestibular e está careca agora. kkkkkkkk)

Confesso que minha primeira reação foi de ceticismo. “Um adolescente dando a palavra? Mas este não é o presbítero? Onde será que está o Pr. Washington? Será que há falta de pessoas que ensinem?”.

E conforme todas aquelas perguntas me passavam pela cabeça eu ia lembrando de diversas coisas. Era Deus me ensinando desde o começo: quem era eu pra julgar alguém pela idade? Logo eu que tantas vezes defendi que os jovens sejam ouvidos, que se aprenda com o que eles tem a dizer, que não sejam julgados só por serem jovens! Logo eu que defendo e pratico uma pedagogia de ensino para adolescentes que não os considera como inferiores, mas os trata como iguais, o que faz com que eles mesmos reconheçam a autoridade!

Ora, o próprio Jesus com apenas 12 anos já ensinava a mestres (Lc. 2:42-52)! E ele disse que derramaria este mesmo poder sobre nós (At. 1:8)!

Isto me levou a lembrar que é Deus quem nos capacita para fazer a sua obra. Não depende de nós! Ele usa pessoas analfabetas ou com PhD, de muitas ou singelas habilidades, surdas, cegas, e, acima de tudo, pecadoras; ora nenhuma dessas é capaz de realizar a obra d'Ele por si própria:

[...] porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Fp. 2:13)

Aos poucos o Espírito foi agindo na minha mente e coração, para que eu pudesse, (pelo menos né) dar uma chance para o preletor da noite e julgar as palavras que ele ia proferir, e não a sua aparência, pois não é isto o que mais importa:

Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.” (Jo. 7:24). (Esse até merece negrito).

E glórias a Deus por Ele ter feito isso em meu coração naquela noite! Que mensagem preciosa foi aquela que o Guilherme trouxe! Segundo ele mesmo (eu perguntei um dia desses) o tema era: “Orar para conhecimento teológico, desembocando em prática devocional, ética e ação de graças.” - bem facinho hein! rsrsrs

Eu já falei pra ele montar um blog não sei quantas vezes, porque são boas mensagens que valeriam a pena serem lidas. Se ele me passar o que escreveu, eu postarei aqui, com os devidos reconhecimentos autorais, é claro. 

Pois bem, após a mensagem, seguiu-se a parte relacionada à oração. Como são sempre poucos os presentes, é possível uma dinâmica interessante. Sentados em semicírculo, como estávamos, cada um ia dizendo seus pedidos de oração e/ou agradecimento e, a seguir, dividíamo-nos dois a dois para orar pelos pedidos uns dos outros.

Foi um momento muito bom, porque todos falaram seus pedidos, partilharam de necessidades, preocupações e também alegrias pelas quais estavam passando. Isto tornou o momento calorosamente íntimo, deixando a todos muito à vontade, pois sabíamos que nossos irmãos estavam ali para orar conosco e por nós.

Dentre os que estavam presentes, a maior parte era de idosos ou pessoas mais velhas, então ouvia-se muitos agradecimentos por parentes que se recuperaram de alguma doença ou que estavam passando por provações, lembro até de uma senhora que falou que seu marido estava se recuperando de um câncer... (essa história será desenrolada depois).

Quando chegou minha vez de falar, eu estava meio desconcertado. Todos aqueles olhos postos em mim, e eu me sentindo tão em casa. Logo disse meu nome, que estava em Brasília a serviço por tempo indeterminado (podia ser até o final do ano, podia ser só por algumas semanas) e que eu estava ali para servir à IPSW, que desde que saí de Boa Vista, Deus havia posto este propósito em meu coração.

Lembro que os olhos deles brilharam! Que alegria era para eles receber mais um servo do Deus vivo! Fiquei muito contente com esta recepção. Todos ficaram bastante empolgados com esta possibilidade e logo mais já estavam comentando que eu deveria ajudar com o pessoal da música. Engraçado como Deus age né? Creio que isso aconteceu por causa do jeito como cantei os hinos e me perguntaram se eu tocava alguma coisa.

Essa é a importância de lembrar que: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens [...]” (Cl. 3:23). E é o próprio Senhor que nos honra: “Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça.” (Jo. 7:18)

Eu quero sempre ter o testemunho de João Batista: “Convém que ele cresça e que eu diminua.” (Jo. 3:30). Eu vivo para testemunhar do amor.

Mas comentei também com eles que gostaria primeiro de falar com Pr. Washington e ver o que ele teria a dizer e como eu poderia melhor auxiliar, deixando-o à vontade para me alocar onde quisesse, ou até mesmo dizer que não precisaria de nada. O importante era colocar-me à disposiçao da liderança para servir.

Naquele dia eu orei com o Presbítero Eduardo, pai da Ana, que descobri ser a namorada do Guilherme. Lembro muito bem de um pedido específico daquele presbítero, porque é algo de extrema importância e eu concordo muito com ele. Ele disse:

- Oremos para que a nossa igreja faça mais diferença nesse bairro. Temos que buscar um trabalho evangelístico maior no nosso próprio bairro; a igreja pode crescer muito ainda, e temos que começar pelos que estão próximos de nós.

A palavra dele foi profunda, porque esta é uma realidade pela qual temos que lutar nas nossas igrejas. Começar pelos que estão mais próximos parece e é o mais lógico, porém nem sempre o fazemos. A Palavra de Deus é dura e clara quanto a isso:

O que despreza ao seu vizinho peca, mas o que se compadece dos pobres é feliz.” (Pv. 14:21)

Logo após o culto fui falar com aquele jovem que trouxe a palavra, cumprimentei-o pelo bom estudo e lembro que disse algo como: “Cara, acho que seremos bons amigos.” Porque vi naquele jovem a mesma disposição para estudar a Palavra que eu tenho! E eu estava animado por ter encontrado alguém assim, com quem pudesse trocar ideias e ideais, crescendo mais no conhecimento da Bíblia.

Foi ali que fui apresentado à Ana, a moça que tocou piano naquela noite, namorada do Guilherme. Uma jovem super simpática e sorridente, que ficou muito contente por eu ter aparecido lá com o propósito de servir. Olha quem é a Ana:


Creio que não conversamos tanto assim naquele dia, apenas uma introdução básica. Ali aprendi que o Guilherme havia sido aprovado no vestibular de Direito na UnB e que a Ana ainda estava estudando. Comentei com eles que era formado em Relações Internacionais (RI) e eles ficaram muito contentes também, porque estão acostumados a realizar simulações (which is, indeed, pretty exciting!).

Não lembro muito bem de tudo que falamos... certamente eu e a Ana devemos ter falado alguma coisa de música, mas não sei ao certo. Porém, com promessas de conversar mais no domingo, nos despedimos. E ali começou uma boa amizade que se mantém até hoje. 


Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.” (At. 2:44)


Nos próximos posts vou tentar contar um pouco mais da história que tive o privilégio de viver com este casal e nesta igreja. Provavelmente não haverá tanta coisa assim para falar, mas umas e outras coisas boas aconteceram e merecem destaque.

Até lá, seja Deus vosso guia e vossa luz!

S. D. G.

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