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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Apologética - Demônios II

Então, pessoal. Continuando a temática do post anterior, estamos tentando mostrar biblicamente o que há para saber sobre os demônios. Como comentei antes, a princípio achei ser um pouco de perda de tempo estudar sobre isso, mas depois fiquei pensando que é importante que nós tenhamos um bom contato com a verdade, para não sermos levados por ventos de falsas doutrinas.

Hoje pretendo abordar três temáticas: os demônios e sua atuação com os humanos; possessão; e repreensão demoníaca. O primeiro deles reintroduz o tema trazendo um gancho com o post anterior, falando um pouco sobre as ações dos demônios, enquanto os dois últimos puxam um novo conteúdo que confunde ainda muita gente.



Bom, algo claro a se lembrar é que os demônios ainda estão ativos nesta terra. O Senhor Deus, em sua soberania, julgou oportuno permitir sua ação, mesmo que contida pelos limites determinados por Ele. O problema é que ainda muitas pessoas estão cegas demais para perceber suas influências; além disso, os demônios estão constantemente mudando sua forma de agir, para tentar mais eficazmente atingir seus objetivos. 

E quais são estes objetivos, afinal de contas? Bom, respondemos isto no post anterior: o que Satanás e os demônios mais querem é cegar o entendimento do homem e levá-lo a pecar:
"Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensino de demônios," (I Tm. 4:1)
"mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feito cativos por ele para cumprirem a sua vontade." (II Tm. 2:26)
Os que não são nascidos de Deus estão naturalmente inclinados para a influência do Maligno, até porque (algo que veremos), o mal não está fora de nós, mas é intrínseco a nós. De qualquer forma, o apóstolo João ensina como os do mundo estão predispostos ao mal: "Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica a justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão." (I Jo. 3:10).

Mas é importante entender (e aqui chegamos num tópico que eu disse que iríamos entender melhor) que nem todos os pecados têm origem demoníaca. Ao contrário do que vários movimentos pecam, a culpa do pecado não é de Satanás... é nossa mesmo!
"Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz." (Tg. 1:14)
"Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias." (Mt. 15:19)
Isso parece tão óbvio, mas tem tanta gente que ainda não conseguiu compreender isso! Quando Caim pecou, o que foi que Deus disse? Ele foi caçar o demônio que havia "influenciado" Caim? Que nada, meus caros, olha o que Ele disse: "Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas cumpre a ti dominá-lo." (Gn. 4:7). O pecado jaz dentro de nós, espreitando nossa própria natureza para que nós pequemos e fiquemos assim cada vez mais distantes de Deus.

Por isso, e aqui já começando a linkar com os próximos tópicos, entendam que nossa função não é ficar repreendendo demônios ou caçando-os, não é ficar nas fronteiras do ocultismo tentando "compreender melhor" o inimigo. Nosso dever é aquele que sempre foi: não pecar! Tão simples! Tão óbvio! Nosso dever é viver retamente, uma vida digna que agrade ao Senhor!

Este é o foco de Paulo ao instruir a Igreja Primitiva; ele não manda repreender espíritos malignos. Veja como orienta: 
"Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne." (Gl. 5:16); 
"à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso" (I Co. 1:2)
É importante enfatizar isso porque hoje muito se prega que a influência demoníaca é a porta para os pecados que nos afligem, nos escravizam, etc. Mas vemos que algumas vezes é justamente o contrário: os nossos próprios pecados podem ser porta para influência demoníaca. Veja, mais uma vez, como Paulo orienta aos efésios:
"Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo." (Ef. 4:26-27)
"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;" (Ef. 6:10-11)
Tiago mata de vez a charada quando diz: "Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tg. 4:7). A galera adora usar esse versículo, especialmente os telepastores. Olha lá, "resisti ao diabo", "você deve lutar", "você tem o poder", etc. Cara... o mais importante é o começo do versículo: Sujeitai-vos, portanto, a Deus. Essa é a verdadeira chave para impedir qualquer influência satânica ou demoníaca em nossas vidas.


Certo. Então vamos agora para um tópico interessante: possessão. A parte mais complicada dessa questão é o termo "possessão" em si e sua interpretação hollywoodiana; em muitos casos, a melhor tradução é aquela aplicada em Mt. 11:18, onde se lê: "Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio!"

Por que isso? Porque hoje em dia o termo "possessão" dá ideia de um ataque demoníaco extremo, como se a pessoa não conseguisse resistir e tivesse que sucumbir. São os casos mais famosos que vemos nos cinemas, nos "causos" e contos que correm até no meio evangélico.

Embora não se negue que isso seja sim uma possibilidade, até porque a própria Bíblia relata isso, o que quero tentar esclarecer aqui é que o ataque demoníaco e mesmo a "possessão" não se dá somente dessa forma alarmante, com gente caindo estrebuchando no chão e falando em vozes. O Pr. Augusto Nicodemus explicou isso bem claramente na sua página no Facebook. Ele citou Lc. 22:3-4, que diz:
"Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze. Este foi entender-se com os principais sacerdotes e os capitães sobre como lhes entregaria a Jesus;
E depois explicou: "Quando Satanás entrou em Judas, ele não caiu no chão revirando os olhos, falando em voz diferente e com força descomunal. Ele simplesmente saiu e foi ganhar dinheiro vendendo Jesus." Simples assim.

Daí surge aquela dúvida de sempre: um cristão pode ser "possuído"? Bom, vejamos o texto bíblico, que afirma que o pecado não terá domínio sobre nós, aqueles que fomos regenerados: "Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça." (Rm. 6:14). Logo, de cara já temos a resposta: um verdadeiro cristão, aquele que está debaixo da graça, ou seja, que é renovado pelo Santo Espírito do Senhor, não pode ser "possuído", no sentido extremo.

Não obstante, isto não quer dizer que ele não possa sofrer algum ataque demoníaco em graus diferentes. Vejamos os casos: "Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos?" (Lc. 13:16). Neste caso específico, vê-se ação demoníaca de caráter físico sobre a quem Jesus chamou "filha de Abraão".

Ataques físicos são os favoritos da mídia, mas vejam que eles não são os piores: "Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens." (Mt. 16:23). Neste momento, Pedro julgava estar zelando pelo bem de Jesus, mas, na verdade, estava sofrendo forte influência demoníaca, ao ponto de Jesus precisar repreender; a influência espiritual do inimigo é a mais perigosa.

Com todo o cuidado que o idioma lusitano me permite, estou tentando demonstrar o que a Bíblia fala a respeito de demônios, possessão e influência. Não nego que muitas coisas escabrosas acontecem até hoje -- ora, até Martinho Lutero relatava fortes ataques demoníacos na época em que traduzia a Bíblia -- o que estou tentando dizer, de diversas formas é que, mais do que aparições ou ataques físicos, o que os demônios mais querem é nos cegar espiritualmente.

Entendam que muito embora é fato de que acontecem causos e causos de ataques e possessões, não são estes o objetivo do inimigo, eles o fazem isso sempre com o mesmo propósito: impedir que a glória de Deus venha a reinar. Este é o verdadeiro perigo por trás das suas ações.

É por isso que para um descrente, o "ter demônio", para usar a expressão bíblica, é algo quase ordinário. Estando eles mergulhados no pecado, é o perfeito habitat para os demônios. A possessão em si, é algo muito extremo. É muito mais útil para os demônios influenciar as pessoas, algo que pode ocorrer através do medo (uma de suas principais estratégias), que faz com que pessoas tenham certa reverência e temor por eles.

Porém muitíssimo mais útil é que Satanás pode se transformar em anjo de luz! A sedução é a melhor arma! Maquiavel ensinava ao príncipe que era melhor ser temido do que ser amado, mas, se pudesse, a junção dos dois seria o melhor! Para os demônios, é muito mais fácil atingir seu objetivo com enganos e mentiras do que destilando o medo. O amor pelo pecado é um caminho muito mais atrativo ao homem do que as ações tomadas pelo temor.


Bom, caminhamos agora para o tópico da "repreensão". Pra começo de conversa, acontece aqui o mesmo problema da terminologia que ocorre com "possessão". A "repreensão" é um termo que aponta para autoridade e só quem pode fazer isso é Jesus (por favor leiam o texto do pessoal do Bereianos aqui sobre esse assunto).

Mas isto não quer dizer que nós cristãos não possamos ordenar ou expelir demônios sobre circunstâncias bem específicas. É bem sabido que foi o próprio Jesus que deu essa autoridade aos discípulos que foi estendida a outros (como vemos em Filipe e Paulo, consciente de sua autoridade espiritual):
"Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas." (Lc. 9:1)
"As multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados." (At. 8:6-7)
"Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas" (II Co. 10:3-4)
Deve ficar claro que a obra de Jesus na cruz é a autoridade definitiva sobre os céus e a terra, razão pela qual o pessoal do Bereianos recomendaram que se ore "Jesus, repreenda esse demônio", reconhecendo a verdadeira fonte do poder. Mas isso também nos faz lembrar que Satanás não tem autoridade sobre nós:
"Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida." (Hb. 2:14-15)
"e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz." (Cl. 2:15)
O texto bíblico vem pra mostrar de vez a autoridade do Senhor Jesus ao, na cruz do Calvário, destruir todo poder que o inimigo pudesse ter sobre nossas vidas. Quando nós nos humilhamos e reconhecemos a vitória de Cristo, aí que podemos dizer que temos poder; a cruz do Senhor foi seu instrumento de tortura, dor e humilhação enquanto para nós é sinônimo de liberdade, vida e glória.

Gl. 2:36 nos lembra: "Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;". Quando Satanás mexe com algum dos cristãos, está mexendo com a própria família de Deus! O texto de Hebreus que acabamos de ler demonstra que somos de fato da família do Todo-Poderoso. E é justamente por isso que não temos porque nos acovardar! Causar medo é uma das estratégias de Satanás, mas nós temos que lembrar que estamos debaixo de uma Autoridade maior:
"Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo." (I Jo. 4:4)
É interessante lembrar disso para que não sejamos tomados pelo temor quando (ou se) nos depararmos com alguma situação dessas. Vale lembrar que o próprio apóstolo Paulo não ensinou os cristãos a bater em retirada contra forças espirituais hostis, olha os textos:
"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas" (II Co. 10:4)
"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca." (I Jo. 5:18)
"Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tg. 4:7 -- Já conversamos sobre este último texto no post anterior, mas fica aí novamente o destaque para a parte principal do versículo.)
Agora, vamos pensar em termos práticos, o que fazer num momento em que nós, cristãos eleitos e cheios do Espírito Santo, temos que interceder ao Senhor ao resistir a um espírito maligno? Tensa essa pergunta né? O que os filmes nos ensinam? Pegar uma cruz e recitar um texto em latim ou aramaico parecem ser os primeiros passos né?

O pessoal do Bereianos, como falei, didaticamente ensinam a pedir algo como: "Senhor Jesus, por amor de Teu nome, repreende este espírito maligno." Com algo assim, você está reconhecendo de onde vem a autoridade e clamando ao Advogado junto ao Pai que atue por você. Esta, creio eu, é a melhor abordagem para situações de grande tensão. Nunca confie em sua própria força (vamos desenrolar isso logo mais).

Mas isto não significa que nós não tenhamos nossas armas também. Todos devem estar familiarizados com a Espada da Palavra! Quando Jesus foi tentado, como ele repreendia Satanás? "Está escrito...". Acho problemático que muita gente quando pensa em "repreensões" só lembra de gente se estrebuchando no chão e esquece que os piores ataques acontecem todos os dias!

O Sl. 119:11 nos ensina a guardar a Palavra para não percarmos contra Deus. As verdadeiras "repreensões" (utilizando com cuidado o termo para não tentar roubar a autoridade que pertence somente a Jesus) devem ocorrer no dia-a-dia, para afugentar as influências malignas que acometem nossas mentes, nos incentivando a pecar, a denegrir a glória do Senhor!

A mídia quer nos mostrar só a "glória" humana numa espécie de "poder espiritual superior" que nos capacita a expelir demônios, a gritar coisas em outros idiomas, a fazer um verdadeiro show que, ao invés de glorificar a Deus, busca apenas enobrecer o ego humano. E isso não é de hoje não, meus caros. Os discípulos de Jesus caíram nesse erro, vejam:
"Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! [...] Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus." (Lc. 10:17,20)
Aqueles discípulos deveriam estar contentes por estarem contribuindo para o reino de Deus, deveriam estar alegres pela sua salvação, pela graça derramada sobre suas vidas e não dando lugar à vaidade. A repreensão de Jesus é válida até hoje àqueles ditos cristãos que buscam fazer do nome de Deus um objeto de "poder", seja para autopromoção, seja para o lucro. Aliás, lembram da frase do Pr. Nicodemus sobre a possessão de Judas? Pois é, talvez hoje haja muito mais endemoninhados do que naquela época, todos servindo ao deus do consumo e do dinheiro.


Gente, é isso aí. O que vimos, então? Bom, aprendemos que os demônios estão ativos e agindo aqui na terra. Mas nós não devemos superestimá-los, devemos lembrar que estão debaixo do poder de Deus; por outro lado também não se deve subestimá-los, porque eles têm poder para fazer o mal.

Por outro lado, podemos e devemos nos proteger contra a influência deles. Aprendemos aqui o que é a "possessão" e como podemos nos proteger da influência deles, lembrando de quem é a verdadeira autoridade: a nossa vitória começa e termina na cruz de Cristo.

Devemos nos humilhar nisto e lembrar a quem deve ser dada a glória. A própria armadura da fé não valeria de nada se tivesse sido dada pelo Comandante; nesta passagem, ao final o texto bíblico diz que a armadura deve ser acompanhada: "com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos." (Ef. 6:18). É o contato com nosso pai celestial que nos dá a verdadeira força para suportar os dados inflamados do Maligno. É disto que depende a vitória nesta batalha.

Se há algum pecado que tem sido porta para influência, abandone-o. Viva uma vida cuja maior influência é o Espírito Santo na sua mente, busque ao Senhor e encha seu coração da Sua Palavra para que possa resistir a qualquer cilada do inimigo.
"Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tg. 4:7).
A Ele toda a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
Seja Ele vosso guia e vossa luz.

S.D.G.

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