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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Tomando decisões — O caminho da literatura - VII

Então é isso, meu povo. Depois de trilhar os diferentes caminhos, chegou a hora de finalizar essa série de posts onde exponho meu processo de aplicação do livro "Tomando decisões segundo a vontade de Deus" do Pr. Heber Campos Jr. e tento responder a mim mesmo se devo migrar minha literatura para os EUA e parar de escrever no Brasil. Hoje vou falar da última etapa que o autor sugere, o caminho da espera.

A Bíblia é cheia de textos que nos falam do valor que existe em esperar no Senhor. Ao fazer isso, estamos reafirmando nossa dependência de Deus. Assim como qualquer outra coisa na vida, precisamos tomar decisões pautadas pela fé. Quando em dúvida, não é pecado nenhum esperar. Na verdade, quando em dúvida, talvez a melhor das soluções seja esperar e avaliar o que o Senhor tem para dizer.


Tenho muito claro na minha cabeça como vou aplicar o caminho da espera. Quero ter bastante paciência antes de me aventurar lá fora, pra que eu possa me preparar com sabedoria. A primeira coisa é ter paciência comigo mesmo.

Devido à leva de baixas que tive com a literatura no Brasil, estou desanimado e sei que se eu inventar de escrever outro livro do jeito que estou, não vai sair algo bom. Preciso entender que talvez eu precise esperar um pouco. Preciso encontrar uma época em que eu não vá ter interrupções de viagens de trabalho ou outras programações para que, por um mês, eu possa escrever todo dia.

Outra coisa, não posso me aventurar com qualquer coisa. Se for pra entrar num mercado tão concorrido como o norteamericano, eu preciso ter algo bom em mãos. Não basta ser mais ou menos. Preciso dar um salto de qualidade e realmente produzir algo que vá fazer alguma diferença, pra que eu tenha chance de entrar. Minhas histórias só terão chance de alcançar pessoas se, de fato, elas estiverem ao alcance dessas pessoas. 

Sem me adiantar muito, também preciso ter paciência com o processo. Se (se!) eu escrever bom, isso não significa que de imediato será publicado, tem toda uma outra saga a ser considerada depois disso. Enquanto para o escritor a escrita de um livro é uma etapa final de uma jornada, para uma editora a recepção de um manuscrito é a etapa inicial da jornada dela. É preciso sempre lembrar disso.

Tenho muito claro que se eu não tiver paciência, não vai dar certo. Estou me propondo a mergulhar num mundo diferente. Por mais que eu tenha alguma experiência com literatura no Brasil, preciso ter consciência e humildade para começar do zero.


Então é isso, minha gente. Estou oficialmente migrando minha literatura do Brasil para o exterior. Não pretendo mais escrever em português, vou apostar minhas fichas no inglês. Não há nada de pecaminoso ou errado nessa decisão, ela é apenas uma decisão. Preciso apenas ficar sempre atento às motivações do meu coração. 

Independente, quero fazer como o Pr Heber Campos Jr. ensina: "Não devemos procurar um trabalho que traga propósito à nossa vida, mas encontrar um propósito em qualquer trabalho." (p. 97-98). Quero escrever boas histórias, quero usar meus dons e talentos para servir ao Senhor e aos outros. Quero encher meu coração do anseio do salmista:
O meu coração transborda de belas palavras. Ao rei consagro o que compus; a minha língua é como a pena de um hábil escritor. (Sl. 45:1)
Obrigado por acompanhar esta série (acho que ninguém acompanhou kkkkk, mas é assim mesmo). De qualquer forma, não sei quando ou se vou ressuscitar o blog em algum momento de novo. Quem sabe se eu tiver algo de útil a dizer. 

Até lá, não esqueça:
Seja Deus vosso guia e vossa luz!  
S.D.G.

Tomando decisões — O caminho da literatura - VI

Bom, estamos aqui bem próximos do fim dessa série de posts onde tento responder: será que devo migrar minha literatura para o EUA e parar de escrever em português? Estou tentando responder essa pergunta usando o livro do Rev. Heber Campos Jr. "Tomando decisões segundo a vontade de Deus", que me tem sido de grande proveito. Hoje vamos explorar o caminho da suspeita.

Neste caminho, o autor nos convida a suspeitar do nosso próprio coração pecaminoso (Jr. 17:9). Por que eu quero mudar? Quais são minhas motivações internas? É importante estar sempre atento à idolatria do coração e não querer ser sábio aos próprios olhos, porque até coisas não pecaminosas rapidamente se tornam ídolos como segurança, proteção, controle de situações, prazer, poder, tranquilidade, aprovação, etc.  


Penso que, inadvertidamente, já comecei a trilhar esse caminho mesmo antes de começar a série proposta por Heber Campos Jr, quando por ocasião do post onde respondi algumas pergunas (esse aqui), mas vamos chover no molhado um pouco mais.

Não dá pra negar, e eu tenho praticamente certeza, que uma das grandes motivações para esta mudança é que quero reconhecimento. Preciso ser honesto comigo mesmo e ver que, como artista, muitas vezes querem que as pessoas olhem para as coisas que "eu" criei e me deem glórias por causa delas. Esta motivação, porém, vai ser sempre verdade para qualquer coisa que eu fizer, porque essa é a natureza do meu coração. É contra ela que preciso lutar em todas as áreas da minha vida.

Que posso fazer? Se parar pra pensar, provavelmente nenhuma das minhas ações é realmente motivada por algo bom, já que minha natureza luta contra mim. Mas, tenho em mim uma segunda natureza, e enquanto as duas lutam, posso rogar ao Senhor para me ajudar. Heber Campos Jr destaca que a oração é a ferramenta essencial do caminho do engano.

Preciso ser igual o salmista quando diz: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno." (Sl. 139:23-24). Este versículo é muito repetido, mas será que é aplicado? Eu quero mesmo que o Senhor sonde o meu coração? Estou preparado para o que Ele vai me ensinar? 

Talvez eu nunca esteja, mas eu sei que preciso. Então, sim, minha oração é sincera. Senhor, sonda e me ensina. Se mudar minha literatura para o exterior não for motivado pelo desejo de te servir, mas pela idolatria do meu coração, por favor, meu Pai, que dê tudo errado, e que o Senhor me ensine, para que eu seja verdadeiramente uma boa ferramenta nas tuas mãos.


Bom, creio que o caminho do engano é o mais forte pra mim. Por mais que eu pense racionalmente sobre a questão, é o lado espiritual que pesa tanto, porque em vários momentos eu sei que estou me enganando. 

Por outro lado, não posso deixar que isso me leve ao marasmo ou fatalismo. O segredo é que apesar de tudo isso, Deus ainda pode usar pecadores para a Sua glória. Eu só não posso perder isso de vista. Que o Senhor me capacite a orar todos os dias e pedir direção, para que eu cumpra a vontade de Deus para a minha vida. 

O próximo post provavelmente é o último da série.  
Até lá, seja Deus vosso guia e vossa luz.
S.D.G.

Tomando decisões — O caminho da literatura - V

Então aqui estamos. Depois de responder algumas perguntas de forma honesta (assim penso) e trilhar um pouco o caminho da reflexão, vou continuar na jornada de tomar uma decisão conforme a vontade de Deus e verificar se devo migrar minha literatura do Brasil para os EUA. Hoje quero trilhar o caminho do aconselhamento.

Segundo Heber Campos Jr., a marca de um cristão maduro é sua capacidade não só de aceitar conselhos como até mesmo de os buscar. A Bíblia está repleta de textos que nos incentivam a nos apoiar e ajudar mutuamente. É por isso que o caminho do aconselhamento necessariamente passa pela igreja. O sábio precisa ter humildade de buscar outros sábios para que possa entender melhor o que pensa.

Foi o que fiz. Comentei essa decisão com algumas pessoas, mostrei um dos posts dessa série, e colhi algumas impressões que gostaria de compartilhar aqui.


Todas as pessoas com quem falei encaram que, realmente, não há pecado nenhum em querer mudar a literatura para outra área, o lance mesmo são as motivações e como vou fazer isso. Um irmão inclusive mencionou que existe uma boa quantidade de autores que migram para a língua inglesa justamente por causa das vantagens que citei no post passado.

Este mesmo irmão, que é das Letras, trouxe um insight muito interessante: como eu enxergo meu papel como autor? Escrevo para ter reconhecimento? Por uma causa? Como expressão? Por curiosidade? Examinar a razão de escrever pode ser muito útil em desvendar as motivações do coração.

Uma outra pessoa me falou algo muito interessante. Quando leu meu post com as cinco perguntas (esse aqui), achou minhas observações bem honestas, mas fez uma ressalva: 
Edificar, ser útil, e glorificar a Deus não está relacionado à quantidade. Em que pese a quantidade seja um fator que pesou na sua decisão, creio que isso não pode ser usado para validar a decisão nesses quesitos. [...] Ter mais pessoas lendo seus livros não significa que isso será mais útil ou que redundará em mais glória a Deus. 

Pra mim, a análise aí é qualitativa, e essa análise já foi feita quando decidiu escrever e o que escrever. O que quero dizer é concordo que não há nada pecaminoso nessa escolha, e que escrever em inglês redundará em glória a Deus tanto quanto escrever em português.
Juntando esses dois comentários, percebo que me perdi no meu caminho de escritor. Quando lancei meu primeiro livro estava muito claro para mim que aquilo não era obra das minhas mãos; mas acho que no caminho eu fui pendendo cada vez mais para outro lado. Se é pra começar de novo em outra seara, que seja do jeito certo, entendendo que não é a quantidade, mas a qualidade e o porquê de escrever.

Quando comentei com meu pastor, ele também não viu problema nenhum com essa questão. Se a oportunidade apareceu e não há nada de pecaminoso, então que se aproveite a oportunidade. Quem sabe o que o Senhor tem reservado?


Salomão foi extremamente sábio ao dizer que: "Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança." (Pv. 11:14) e Heber Campos Jr. também ao ressaltar a importância do caminho do aconselhamento numa tomada de decisões saudável. 

Isso, na verdade, nada mais é do que a igreja. Fomos salvos para estarmos juntos. Um crente que quer estar separado de outros crentes não entendeu para quê foi salvo, é uma contradição. Jesus nos salvou para que estivéssemos juntos, justamente para momentos como esse. O conselho e apoio que recebo de meus irmãos e da liderança nada mais são do que um reflexo do Espírito de Cristo que atua no povo. Obrigado, Senhor, por fazer parte da igreja viva de Cristo.

Depois volto com mais reflexões e pensando como tomar decisões segundo a vontade de Deus.
Até lá, seja Deus vosso guia e vossa luz.
S.D.G.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Tomando decisões — O caminho da literatura - IV

Voltei. Voltei para continuar usando o caminho da reflexão ao meu favor e usar agora um pouco da mente racional (a pouca que tenho!) para investigar algumas possíveis vantagens e desvantagens, os prós e contras de migrar a literatura pros EUA. Vou tentar abordar em poucos tópicos da maneira mais prática que conseguir.


Vamos pensar primeiro em todos os contras.

1) Não escrever para meu próprio povo e idioma. Vejo isso com tristeza. Se eu pudesse, escreveria apenas drama urbano brasileiro, porém minha última tentativa nesse sentido foi um verdadeiro fiasco, então já não tenho mais ânimo. Pra mim é um contra não escrever para meu próprio país.

2) Não estar lá. Hoje em dia, ser autor não é mais só escrever, é também participar de eventos, é dar entrevistas, é mostrar sua cara e personalidade. Como vou fazer isso nos EUA se moro no Brasil? Lá tem muitos eventos para escritores e leitores dos quais não vou poder participar. A solução que penso para isso é encontrar um agente literário lá, que possa me inserir no radar das editoras; mas isso também vem com um contra, que é ter que lidar com o agente e seus honorários.

3) Competitividade. Embora os EUA tenham um público leitor bem maior que o brasileiro, isso também é verdade para a quantidade de escritores, especialmente porque você não precisa ser dos EUA para escrever em inglês. Você compete com gente da Europa, Austrália, Canadá e qualquer outra pessoa que não seja nativa mas que resolveu escrever nesse idioma (vide eu!). Isso significa que o que eu escrever precisa ser bom, de verdade, senão vou só desaparecer no mar de opções.

4) Literatura higienizada. Isso é algo que me preocupa na literatura cristã americana. Há um excesso de pudor em tudo. Parece que estamos sempre escrevendo para crianças com menos de 10 anos, que, realmente, não têm porque ser expostas a assuntos mais pesados. Mas um adulto de 40 anos ter receio de ler livro que contenha prostituição, violência, ou morte... cara, aí é demais. Mais um retrato da nossa sociedade peter-panizada.

Os outros "contras" que consigo pensar não estão relacionados com a literatura nos EUA, mas simplesmente com o que já é próprio do mercado literário: procurar editora, diagramação, revisão, capa, registro, distribuição, etc. Isso é algo que eu teria que enfrentar publicando no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo.

Tendo dito isto, vamos então aos prós.

1) Maior público leitor. Enquanto isso aumenta a competitividade, aumenta também minhas chances de encontrar um público que se identifique com o que escrevo. Querendo ou não, isso é valioso tanto do ponto de vista da satisfação pessoal (abençoar mais vidas) quanto da financeira (ter mais vendas). Além disso, formar uma base de público leitor é o item número 1 pra qualquer escritor que queira ter alguma chance de ser publicado por uma editora de verdade.

2) Não estar lá. Acho que me perdi um pouco no meu caminho de escritor porque o reconhecimento começou a me crescer aos olhos. Eu não estando lá isso fica mais distante. É um pouco o que aconteceu com minhas composições musicais, elas ficaram sempre distantes e eu nunca as pude contemplar tão bem. Hoje, penso que isso talvez seja bom e possa me ajudar a continuar a escrever só para abençoar e não necessariamente para ser visto.

3) Ganhar em dólar. Não posso negar que esse é um fator que influencia bastante, ainda mais na época em que escrevo que 1 dólar está valendo 6 reais. Ainda que minhas vendas sejam poucas, elas ainda têm mais chances de pagar os custos do livro. Além disso, me assusta muito, mas muito mesmo, como podem alguns livros tão ruins venderem tanto por lá. Falei com um amigo dos EUA sobre essa impressão que tenho do mercado editorial norteamericano e ele concordou, também não consegue entender. Então se até os ruins vendem, ora, Deus me ajudando a continuar a ser um escritor mediano tá bom demais.

#4) Fazer à distância. Como o mercado editorial nos EUA é muito mais voltado para ebooks do que livros físicos (conheço escritores americanos cujas vendas são 80% digital e 20% físico), consigo fazer tudo do Brasil, sem precisar lidar com o desgaste das vendas locais. Uma das coisas que foi pesarosa na minha decisão de encerrar a literatura no Brasil foi ver caixas e caixas de livros paradas, porque ninguém queria comprar.


Bom, olhando aqui esses prós e contras, ouso dizer que eles meio que se equilibram. Como qualquer decisão neutra, fazer ou não fazer tem os seus custos e benefícios. O que quero dizer é que, depois de colocar na ponta do lápis, a balança continua equilibrada, bastaria eu decidir. 

Porém, vou continuar aplicando a proposta de Heber Campos Jr antes de passar a régua, nem que seja só pra eu testar se o livro faz sentido mesmo ou não. Então vou reestudar o próximo caminho e apareço depois pra contar como continuo tentando tomar uma decisão segundo a vontade de Deus.

Seja Ele vosso guia e vossa luz.
S.D.G.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Tomando decisões — O caminho da literatura - III

Ok, vamos lá então para o que Heber Campos Jr. realmente propõe no seu livro. Para trilhar a vereda das decisões, ele sugere quatro caminhos: o da reflexão, o do aconselhamento, o da suspeita e o da espera. Pretendo seguir o livro à risca e trilhá-los um a um. 

O caminho da reflexão, segundo o autor, é o caminho pelo qual vamos usar a palavra de Deus e a nossa mente racional para ponderar sobre as decisões com base em princípios bíblicos. Ele entende que direção é muito mais uma questão de pensar do que de sentir. O autor nos convida a pesar os prós e os contras, a pensar em consequências de longo prazo, a decidir com base nos nossos dons e talentos. Tudo isso usando a Escritura como base para nos nortear. 

Bom, é isso que vou tentar fazer agora.


Heber Campos Jr. comentou que um dos grandes problemas hoje é que temos tanto acesso à leitura bíblica, mas pouco meditamos nela. Em tempos passados, o povo não tinha acesso às Escrituras, mas mesmo assim eram chamados a meditar nela. Levei isso em consideração e estou lendo Eclesiastes, buscando a direção por meio da sabedoria. Nessa pouca leitura, tenho visto algumas coisas. Não vou conseguir falar de todas, mas gostaria de destacar uma delas. 

Salomão constantemente fala da vaidade, da vida debaixo do sol e como ela é, em si, fútil, vazia, como vapor que logo desaparecer. Ele está certo, é claro. A vida debaixo do sol, ou seja, longe de Deus, é assim mesmo. E quando ele fala do trabalho, de como isso é correr atrás do vento, eu fiquei imaginando que minha literatura foi isso. Muito, mas muito trabalho mesmo, pra no final simplesmente não dar em nada. Teve um efeitozinho ali e acabou.

Assim seria minha perspectiva se eu não considerasse que o meu trabalho também foi acima do sol. Desde o começo minha literatura foi para servir aos outros, tenho isso muito claro na minha cabeça. Será que perdi isso ao longo do trajeto? É muito provável. Mas o ponto que quero apontar aqui é que o trabalho realizado por mim em algum momento acaba. É a natureza do próprio trabalho. 

Justamente porque Deus nos convida a viver e obedecer à sua vontade preceptiva, Deus está mais interessado no processo (em como eu trabalho) do que no resultado. Paulo plantou, Apolo regou. O trabalho deles foi de processo, não de resultado. Deus não precisa de mim para o resultado, ele só quer me abençoar me dando diferentes trabalhos. Logo, se minha literatura acabou no Brasil, não devo me vitimizar, mesmo tendo sido um trabalho acima do sol. O resultado não é meu.

Isso torna mais leve o meu caminhar. Se eu sigo com a perspectiva da vida acima do sol, eu não preciso me preocupar com o resultado, eu já sei onde vou chegar. O mais importante é eu olhar para a estrada e ter certeza de que a viagem vai ser bem feita. Quem diria que simplesmente ouvir e se render à vontade de Deus torna as coisas mais simples?


O caminho da reflexão não vai acabar aqui, ele vai seguir concomitante a todos os outros. Mas quis deixar esse insight aqui pra mostrar como esse caminho é valioso. Quantas vezes já não li Eclesiastes? Porém essa foi a primeira vez que pensei dessa forma, aplicando à minha realidade. É bênção do Senhor, que só posso ter por meio das Escrituras.

A próxima etapa seria uma abordagem bem prática e intelectual da questão. Até comecei a escrever aqui os prós e os contras, mas percebi que o post ia ficar grande demais, além de ser meio estranho mudar de tema tão abruptamente. 

Por enquanto, fica essa reflexão sobre como tenho encarado a literatura e como preciso ainda aprender mais caso eu de fato queira servir bem ao Senhor por meio desse dom. Que Deus me capacite, para que eu seja uma boa ferramenta de trabalho em suas mãos.

Seja Deus vosso guia e vossa luz.
S.D.G.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Tomando decisões — O caminho da literatura - II

Bom, esse não deve ser um post grande. Aqui devo começar a explorar o que realmente penso. A ideia de mudar a literatura pra outro país não vem de agora, é algo que já tenho estudado e de certa forma praticado nos últimos dois anos.

Também creio que não foi por acaso que conheci um escritor dos EUA que conversou comigo e disse que estaria disposto a investir e me ajudar com minha literatura lá. Ele, inclusive, acredita que meus livros venderiam e que eu teria boa chance no mercado editorial.

Tudo isso pra dizer que a ideia não surgiu do nada, mas vem aos poucos se construindo. De qualquer forma, vamos às perguntas propostas por Heber Campos Jr. 


#1) É lícito
Em outras palavras, é pecaminoso?

Creio que a resposta é não. Não é pecado a gente pensar numa mudança de carreiras (se é que posso chamar o que tenho de "carreira literária"). Porém, preciso ser honesto e o próprio Heber Campos Jr diz que embora muitas decisões em si sejam neutras, as motivações nem sempre são. Sim, é lícito. Mas por que eu quero mudar? Existe um aspecto que vejo ser problemático.

Por um lado, vejo que as portas no Brasil se fecharam e aos poucos meus livros fizeram tudo que podiam fazer, que um ciclo se encerrou, apesar de todos os esforços que fiz para que eles continuassem. Não funcionou, muito embora eu reconheça que eles tiveram uma boa caminhada, serviram a um bom propósito e, quero crer, foram bênçãos para outras pessoas.

O problema aqui é que o fato de os livros terem morrido me encheu de tristeza. Será que é por que acho que meu trabalho é tão bom que não merecia isso? Será que não é por que eu queria mais reconhecimento pelo que fiz? Será que é por que, no fundo, eu queria que os livros e as histórias servissem mais para a minha glória do que a de Deus?

Se eu for honesto, a resposta é sim. Se quero mudar a literatura pros EUA, meu foco precisa estar em fazer um bom trabalho, executar aquilo que Deus colocou nas minhas mãos, e não querer alcançar o resultado que eu penso ser o melhor. 

Logo, é lícito, mas eu preciso estar atento às motivações do meu coração. 


#2) É benéfico para mim? Convém, edifica?
Olha, eu creio que sim.

Quando escrevi meu primeiro livro, precisei mergulhar numa pesquisa intensa para garantir que o que eu fosse escrever tivesse consistência histórica e cultural. Isso me levou a conhecer uma infinidade de nuances das Escrituras que eu jamais teria conhecido se não fosse pela pesquisa. Aliás, não somente aprendi muito, como ainda tive a oportunidade de ensinar a outras na EBD da minha igreja.

Além disso, é bom fazer aquilo para o qual fomos criados. Eu sou, em essência, um artista. É muito, muito bom saber que Deus pode usar um pecador como eu para fazer algo belo. Várias vezes me sinto grato a Deus pelo dom da arte. Quanto mais beleza eu contemplo, mais eu vejo o Criador, a sua graça, a sua majestade. 

Se migrar minha literatura pra fora significa que posso continuar a experimentar isso, olha, espero que não esteja mentindo para mim mesmo, mas, para mim, sim, é benéfico, edifica e convém.


#3) É escravizante?
Pois é, seguido a linha da honestidade: sim, pode ser.

A começar pelos motivos que citei no ponto 1. Minhas motivações não são neutras e creio que todo artista luta contra isso. É preciso que eu não me deixe levar pelo orgulho e a soberba de achar que aquilo que eu criei é meu ou é obra das minhas mãos.

Não penso que a literatura me escravizaria no sentido de ser um trabalho que tomaria demais do meu tempo. Meu medo é outro. Especialmente se eu fizer sucesso por lá, o maior perigo é ficar escravizado pelo desejo de reconhecimento. Embora, parando pra pensar, isso seria verdade para qualquer arte ou qualquer área da minha vida. Qualquer uma delas pode ser escravizante. 

Este é um ponto no qual preciso ficar sempre de olho.


#4) É útil para outras pessoas?
Este talvez seja o ponto mais forte para se dizer que sim.

Embora o Brasil seja um país de dimensões continentais, o alcance dos livros não vai tão longe. Primeiro porque o Brasil, infelizmente, não é um país leitor. Segundo porque o português tem um alcance limitado se comparado a inglês e espanhol. Terceiro porque como o mercado editorial no Brasil é horrível de caro, o único jeito de conseguir publicar de forma barata é por meio de e-book. Mas deixa eu te contar, que se o Brasil já não lê... o mercado de e-books representa de 5-10% de todo o mercado literário.

Em outras palavras, creio que será muito mais útil escrever em inglês, porque o alcance desse material salta exponencialmente de uma hora para a outra. Não é que escrever em português não valha a pena e não seja útil para outras pessoas. É só que na conjuntura atual que se encontram os meus livros, o caminho que me parece mais proveitoso é migrar para o inglês. 

Se eu continuar a escrever entendendo que a função da minha escrita é abençoar outras vidas, então, sim, creio que será útil para outras pessoas.


#5) Glorifica ao Senhor?
Honestamente, se não tivesse considerado essa questão logo de cara, nem estaria escrevendo isso.

Creio que sim, essa migração de literatura é algo que glorifica ao Senhor por causa das razões que apresentei aqui. É claro que isso só será possível na medida em que eu mesmo estiver atento à vontade preceptiva de Deus para a minha vida. Quero mesmo glorificar ao Senhor? Então vou começar me submetendo à sua vontade decretiva. 


Bom, tentei de fato responder às perguntas da forma mais honesta que consegui. Depois vou enviar esse texto para algumas pessoas, justamente pra ter certeza de que não estou me enganando (caso esteja, vou comentar isso em outra ocasião).

Mas ainda não acabou, este foi só o primeiro passo nessa tomada de decisão. Heber Campos Jr. não usa essas perguntas como seu método para tomada de decisões, ele apenas as cita à guisa de introdução do assunto. E foi isso que fiz. Com essas perguntas já estou começando a responder e explorar algumas situações. Nos próximos quatro posts pretendo elucidar de vez a questão e, enfim, tomar uma decisão.

Seja Deus vosso guia e vossa luz.
S.D.G.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Tomando decisões — O caminho da literatura - I

Nem acredito que estou voltando a escrever aqui depois de tanto tempo. Não sumi, nem me desviei, apenas surgiram outras prioridades. Ainda escrevo vários estudos, mas não tenho mais a gana de publicá-los aqui, ficam todos resumidos às aulas que ministro na classe de adolescentes na igreja.

Nos últimos anos meu foco se voltou muito para a literatura. Desde 2019/20, tenho lançado quase um livro por ano. Porém tenho visto que a literatura no Brasil, ou pelo menos na minha conjuntura pessoal, é um esforço que não traz retorno. Quase me pergunto se não é em vão. Então decidi optar por outro caminho: migrar minha literatura para os EUA, publicar tudo em inglês. Para mais detalhes, é possível ler um resumo aqui.

Mas será que essa é uma decisão que agrada ao Senhor? Será que realmente esse é um bom caminho para se trilhar? Essa série de publicações que farei são apenas eu respondendo minhas próprias dúvidas. Escrever me ajuda. Talvez te ajude também.


Toda essa série de posts teve origem com o livro "Tomando decisões segundo a vontade de Deus", do Pr. Heber Campos Jr. Alguns dos conceitos do livro já me eram familiares, mas a exposição dele abriu tantos horizontes que achei que valia a pena explorar com uma decisão que quero tomar agora.

O livro em si valeria uma série de posts no formato resenha, mostrando tudo que o autor tem para ensinar. Porém, como meu objetivo aqui é simplesmente aplicar o conhecimento que já adquiri, não vou expor cada detalhe. Por outro lado, penso que não dá pra começar a escrever direto sem pelo menos apontar algumas das bases nas quais me apoio. 

A premissa básica do livro é que a vontade de Deus para o crente é uma só e não há necessariamente uma vontade individual para cada um de nós. No mundo atual, parece que Deus tem uma vontade escondida para as nossas vidas e precisamos fazer de tudo para descobri-la. O autor rejeita essa noção. Nosso Deus é um Deus que se revela, não se esconde. Embora o autor utilize vários textos, diria que o texto base seria esse:
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Pois aqueles que Deus de antemão conheceu ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (Rm. 8:28-30)
Deus tem um plano para a nossa vida? Sim, o plano é a santificação. Não é o curso que vamos escolher na faculdade, ou a profissão que vamos exercer, ou o que vamos fazer com nosso tempo livre. A vontade dele é que, durante tudo isso, nós sejamos cada vez mais conformes à imagem do Filho, até o dia da glorificação. Essa é a vontade de Deus revelada nas Escrituras. O problema, argumenta o autor, é que nós queremos descobrir os planos de Deus que não estão revelados a nós.

Para facilitar o entendimento, e argumentando que o próprio conceito de "vontade de Deus" é algo debatido e entendido de formas diferentes por autores diferentes, o autor traz dois conceitos para a vontade de Deus: a vontade preceptiva e a vontade decretiva.

A vontade preceptiva é aquela referente aos preceitos, ordenanças de Deus. O exemplo mais claro dessa vontade são os 10 Mandamentos, que trazem uma lista direta de qual é a vontade de Deus. Essa vontade nem sempre é seguida, porque eu e você falhamos muitas vezes. Além disso, essa vontade é claramente revelada nas Escrituras. Tudo que precisamos para realmente cumprir a palavra de Deus está na Bíblia, não precisamos de nenhuma outra revelação.

A vontade decretiva, por sua vez, refere-se a todos os decretos de Deus, tudo aquilo que Deus já predestinou pelo conselho da sua vontade, ou seja, tudo que já aconteceu ou vai acontecer. Essa vontade, em contraste com a preceptiva, nunca falha. Não há como não seguir essa vontade, se Deus o decretou, assim será. Outra diferença é que, ao contrário da anterior, essa vontade não é sempre revelada. Na verdade, geralmente temos vislumbres dessa vontade somente depois que já aconteceu.

Nossa função, argumenta o autor, é viver e buscar ardentemente cumprir a vontade preceptiva de Deus e que querer descobrir o que Deus não revelou é perigoso, se não pecaminoso. Devemos buscar a vontade revelada de Deus (preceptiva) e não a oculta (decretiva). O próprio Jesus nos alerta que não devemos nos preocupar com o dia de amanhã, que pertence ao Senhor (Mt. 6:25-34) O que podemos pedir a Deus é direção e sabedoria — que consiste justamente em fazer a vontade revelada de Deus.

O argumento do autor é que as decisões que tomamos que não têm caráter moral (ou seja, que não são uma questão de pecado) são decisões livres. Não é que Deus não está no comando de todas as coisas, Ele está, e a sua decisão está dentro da vontade decretada dEle. 

Porém, não temos por que buscar revelações especiais ou achar que, diante de várias opções não pecaminosas, apenas uma seja a certa. Deus quer que eu migre minha literatura para os EUA? Ou para Portugal? Ou fique no Brasil mesmo? Desde que minhas intenções não sejam pecaminosas, não tem resposta certa ou errada, isso não faz parte da vontade preceptiva de Deus. Basta eu decidir e o que eu decidir foi aquilo que Deus já havia decretado desde antes de fundação do mundo.


Evidente que o livro é bem mais profundo que isso, estou apenas resumindo aqui até para que eu mesmo possa pisar em bases firmes quando for escrever os próximos posts. Tendo a compreensão de que a decisão que vou tomar não tem como ser contra a vontade de Deus (não sendo pecaminosa), tenho segurança para saber que Deus é quem guia minha história. 

É um pouco mais complicado que isso, claro, mas é por isso que vou explorar mais o tema. O autor propõe quatro caminhos para tomar decisões segundo a vontade de Deus. Quero começar, porém, explorando cinco perguntas que ele traz a tona — e são essas as perguntas que vou tentar responder no próximo post:
  • É licito?
  • É benéfico para mim? Convém, edifica?
  • É escravizante?
  • É útil para outras pessoas?
  • Glorifica ao Senhor?
Pretendo trazer respostas brutalmente honestas, isso aqui será mais como um diário do que um estudo. Minha oração é que Deus possa me dar sabedoria para respondê-las com fidelidade e, assim, dar o primeiro passo numa boa tomada de decisão. Espero que isso aqui seja edificante para você também. Obrigado pela leitura e nos vemos no próximo!

Seja Deus vosso guia e vossa luz,
S.D.G.