Nem acredito que estou voltando a escrever aqui depois de tanto tempo. Não sumi, nem me desviei, apenas surgiram outras prioridades. Ainda escrevo vários estudos, mas não tenho mais a gana de publicá-los aqui, ficam todos resumidos às aulas que ministro na classe de adolescentes na igreja.
Nos últimos anos meu foco se voltou muito para a literatura. Desde 2019/20, tenho lançado quase um livro por ano. Porém tenho visto que a literatura no Brasil, ou pelo menos na minha conjuntura pessoal, é um esforço que não traz retorno. Quase me pergunto se não é em vão. Então decidi optar por outro caminho: migrar minha literatura para os EUA, publicar tudo em inglês. Para mais detalhes, é possível ler um resumo aqui.
Mas será que essa é uma decisão que agrada ao Senhor? Será que realmente esse é um bom caminho para se trilhar? Essa série de publicações que farei são apenas eu respondendo minhas próprias dúvidas. Escrever me ajuda. Talvez te ajude também.
Toda essa série de posts teve origem com o livro "Tomando decisões segundo a vontade de Deus", do Pr. Heber Campos Jr. Alguns dos conceitos do livro já me eram familiares, mas a exposição dele abriu tantos horizontes que achei que valia a pena explorar com uma decisão que quero tomar agora.
O livro em si valeria uma série de posts no formato resenha, mostrando tudo que o autor tem para ensinar. Porém, como meu objetivo aqui é simplesmente aplicar o conhecimento que já adquiri, não vou expor cada detalhe. Por outro lado, penso que não dá pra começar a escrever direto sem pelo menos apontar algumas das bases nas quais me apoio.
A premissa básica do livro é que a vontade de Deus para o crente é uma só e não há necessariamente uma vontade individual para cada um de nós. No mundo atual, parece que Deus tem uma vontade escondida para as nossas vidas e precisamos fazer de tudo para descobri-la. O autor rejeita essa noção. Nosso Deus é um Deus que se revela, não se esconde. Embora o autor utilize vários textos, diria que o texto base seria esse:
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Pois aqueles que Deus de antemão conheceu ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (Rm. 8:28-30)
Deus tem um plano para a nossa vida? Sim, o plano é a santificação. Não é o curso que vamos escolher na faculdade, ou a profissão que vamos exercer, ou o que vamos fazer com nosso tempo livre. A vontade dele é que, durante tudo isso, nós sejamos cada vez mais conformes à imagem do Filho, até o dia da glorificação. Essa é a vontade de Deus revelada nas Escrituras. O problema, argumenta o autor, é que nós queremos descobrir os planos de Deus que não estão revelados a nós.
Para facilitar o entendimento, e argumentando que o próprio conceito de "vontade de Deus" é algo debatido e entendido de formas diferentes por autores diferentes, o autor traz dois conceitos para a vontade de Deus: a vontade preceptiva e a vontade decretiva.
A vontade preceptiva é aquela referente aos preceitos, ordenanças de Deus. O exemplo mais claro dessa vontade são os 10 Mandamentos, que trazem uma lista direta de qual é a vontade de Deus. Essa vontade nem sempre é seguida, porque eu e você falhamos muitas vezes. Além disso, essa vontade é claramente revelada nas Escrituras. Tudo que precisamos para realmente cumprir a palavra de Deus está na Bíblia, não precisamos de nenhuma outra revelação.
A vontade decretiva, por sua vez, refere-se a todos os decretos de Deus, tudo aquilo que Deus já predestinou pelo conselho da sua vontade, ou seja, tudo que já aconteceu ou vai acontecer. Essa vontade, em contraste com a preceptiva, nunca falha. Não há como não seguir essa vontade, se Deus o decretou, assim será. Outra diferença é que, ao contrário da anterior, essa vontade não é sempre revelada. Na verdade, geralmente temos vislumbres dessa vontade somente depois que já aconteceu.
Nossa função, argumenta o autor, é viver e buscar ardentemente cumprir a vontade preceptiva de Deus e que querer descobrir o que Deus não revelou é perigoso, se não pecaminoso. Devemos buscar a vontade revelada de Deus (preceptiva) e não a oculta (decretiva). O próprio Jesus nos alerta que não devemos nos preocupar com o dia de amanhã, que pertence ao Senhor (Mt. 6:25-34) O que podemos pedir a Deus é direção e sabedoria — que consiste justamente em fazer a vontade revelada de Deus.
O argumento do autor é que as decisões que tomamos que não têm caráter moral (ou seja, que não são uma questão de pecado) são decisões livres. Não é que Deus não está no comando de todas as coisas, Ele está, e a sua decisão está dentro da vontade decretada dEle.
Porém, não temos por que buscar revelações especiais ou achar que, diante de várias opções não pecaminosas, apenas uma seja a certa. Deus quer que eu migre minha literatura para os EUA? Ou para Portugal? Ou fique no Brasil mesmo? Desde que minhas intenções não sejam pecaminosas, não tem resposta certa ou errada, isso não faz parte da vontade preceptiva de Deus. Basta eu decidir e o que eu decidir foi aquilo que Deus já havia decretado desde antes de fundação do mundo.
Evidente que o livro é bem mais profundo que isso, estou apenas resumindo aqui até para que eu mesmo possa pisar em bases firmes quando for escrever os próximos posts. Tendo a compreensão de que a decisão que vou tomar não tem como ser contra a vontade de Deus (não sendo pecaminosa), tenho segurança para saber que Deus é quem guia minha história.
É um pouco mais complicado que isso, claro, mas é por isso que vou explorar mais o tema. O autor propõe quatro caminhos para tomar decisões segundo a vontade de Deus. Quero começar, porém, explorando cinco perguntas que ele traz a tona — e são essas as perguntas que vou tentar responder no próximo post:
- É licito?
- É benéfico para mim? Convém, edifica?
- É escravizante?
- É útil para outras pessoas?
- Glorifica ao Senhor?
Pretendo trazer respostas brutalmente honestas, isso aqui será mais como um diário do que um estudo. Minha oração é que Deus possa me dar sabedoria para respondê-las com fidelidade e, assim, dar o primeiro passo numa boa tomada de decisão. Espero que isso aqui seja edificante para você também. Obrigado pela leitura e nos vemos no próximo!
Seja Deus vosso guia e vossa luz,
S.D.G.
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