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sábado, 10 de setembro de 2016

Apologética - Anjos III

Hello amigos! Pois é, estamos aí estudando sobre o que a Bíblia diz a respeito dos anjos. Como já falei, é importante que conheçamos o que a Palavra diz sobre estes e outros seres espirituais, para não cair nas armadilhas das filosofias contemporâneas panteístas e suas subclasses, que tendem a idolatrar estes seres e enxergá-los de uma maneira não-bíblica.

Até agora, já vimos o que são os anjos e os outros seres espirituais, todos criados por Deus com vistas à Sua adoração; também vimos alguns dos poderes e funções dos anjos (que vão desde proteção até mesmo a executar aqueles a quem Deus determina); e também vimos ainda a falácia dos "anjos da guarda". Hoje, para finalizar este tema, vamos falar sobre nossa relação com os anjos e também nos cuidados que devemos ter ao fazer isto.


O primeiro aspecto da nossa relação com os anjos, é que devemos estar conscientes da existência deles, especialmente porque adoramos a Deus também com os anjos. Sendo todos criaturas de Deus, criados justamente com o propósito de adorá-Lo, não haveria nada mais natural:
"Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados," (Hb. 12:22-23)
Interessante que, querendo ou não, os anjos também observam o que fazemos. Eles não são onipresentes nem oniscientes, mas a Bíblia relata o trabalho dos anjos na terra também e muitas vezes olham tanto o bem quanto o mal que fazemos. Não se engane, Deus não precisa destes "olhos", mas isto é um alerta para o nosso testemunho também.

Além disso, os anjos também executam o trabalho de Deus na vida de seus servos, seja para proteção: ("O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca aos leões, para que não me fizessem dano [...]" Dn. 6:22a); também auxiliaram Jesus em seu ministério ("Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram" Mt. 4:11); e livraram também os apóstolos de problemas ("Mas, de noite, um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, lhes disse:" At. 5:19).

Os anjos são seres extraordinários, que cumprem os desígnios de Deus e que são poderosos e úteis instrumentos para o Seu Reino. Porém, assim como muitas boas ferramentas e coisas maravilhosas que Deus cria são deturpadas pelo pecado, também o nosso relacionamento com os anjos não pode ser contaminado por essas coisas.

O primeiro alerta é cuidado com falsas doutrinas. Nenhum anjo ou outra criatura pode pregar algo que seja diferente da palavra e dizer que é verdade ou querer que nós acreditemos:
"Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema." Gl. 1:8
"Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz." II Co. 11:13-14
"Tornou-lhe ele: Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do SENHOR, dizendo: Faze-o voltar contigo a tua casa, para que coma pão e beba água. (Porém mentiu-lhe)." (I Rs, 13:18)
Ainda hoje muitas falsas doutrinas são propagadas sob argumento de que fora uma "revelação" dada por anjos, que informaram algo além da Palavra ou deram um conhecimento totalmente distinto dela. A Bíblia não é algo que precise de complemento, Deus já revelou tudo o que é necessário para que creiamos em Jesus e tenhamos a salvação.

Quanto a isso, eu tenho uma história pessoal para contar... Vamos lá.
Não sou muito ligado nesta história de sonhos e querer buscar uma interpretação pra eles. Sou assim especialmente pra não dar lugar àqueles que acham que nos sonhos há segredos para serem desvendados ou que isto deve de alguma forma pautar a sua vida. Entendo Deus age sobrenaturalmente apenas quando necessário. Antigamente Ele fazia isso com mais frequência porque não havia outra maneira; hoje, temos a Palavra que é tudo que precisamos. Mas continuemos.
Eu tenho vários sonhos em lugares recorrentes. Tem um que é num shopping, (daqueles que o meio é como uma galeria e os andares são ao redor do centro), aí no terceiro andar as "lojas" na verdade são quartos de hotel e a gente tem que sair dos quartos para tomar banho num banheiro que é no segundo andar, então tem várias pessoas andando de toalha e com mudas de roupas e sabonete, alguns com vergonha, outros achando natural -- isso junto a pessoas bem vestidas que estão ali fazendo compras. Tem o banheiro do segundo e o do primeiro andar pra tomar banho, são bem estilosos, mas estão quase sempre cheios, então de vez em quando eu tenho que ir no do subsolo, que parece uma sauna/favela, com teto baixo e sujo; o box que geralmente dá pra usar é num lugar mal-iluminado e eu não gosto muito de ir lá.
Este foi só um exemplo de lugar que de vez em quando eu caio nos sonhos. O que vou contar aconteceu num lugar que parecia ser uma área rural. É um daqueles casarões de filmes, todo de madeira e bem compridos, com dois andares e o teto tem aquela "ponta" no centro, estilo bem colonial mesmo; o terreno dá direto neste casarão, do lado dele tem uma cerca e atrás tinha uma espécie de grande parque, com uma igreja ao fundo e um lago no meio. Já fui nesse lugar algumas vezes, mas não lembro como foi, só lembro que fui lá.
Dessa vez, eu me encontrei na frente do casarão, mas algo estava estranho, ele parecia deserto e abandonado. As janelas estavam escuras/acinzentadas, o céu parecia até meio nublado, a grama da frente era só um mato mal-cuidado agora, e a cerca do lado parecia feita de tapumes, de modo que não dava pra ver a parte de trás. Eu lembrei que tinha uma igreja lá atrás e resolvi que queria ir lá visitar de novo; só que o caminho para igreja era pelo portãozinho que ficava na cerca ao lado, só que como tava tudo tapado, não dava pra passar.
Foi então que lembrei também que por dentro da casa dava pra passar e chegar nos fundos, era um caminho quase reto entrando pela porta da frente e saindo pela da cozinha, aos fundos. Resolvi entrar dentro da casa.
Entrei e achei muito estranho. O silêncio, tudo escuro, de aspecto sujo e abandonado. Fiquei com medo de avançar, mas aí pensei: "Eu lembro qual é o caminho, é rapidinho, eu vou só aqui mais ou menos na reta que já saio na outra porta". Resolvi continuar. Passei pela sala da entrada em direção a um pequeno hall que eu sabia que levava à cozinha, à esquerda. Sem querer dobrei num quarto por engano. Com uma lanterna encontrada não sei onde, foquei no chão (o ambiente estava muito escuro) e vi colchões velhos jogados, a parede com pintura toda lascada, roupas e alguns restos de alimento. Pensei: "tem alguém morando aqui, mas parece que já foi embora". Resolvi apertar o passo para a cozinha e sair logo.
Voltei e fui em direção à cozinha. Ainda com a lanterna em mãos, iluminando o caminho, cheguei na cozinha, também bem bagunçada e suja. Circundei a mesa que estava bem no meio e cheguei na porta que dava para os fundos. "Trancada", eu percebi assim que tentei abri-la. O jeito seria sair dali e resolver como chegar lá atrás. Refiz o caminho de volta, agora já um pouco mais alerta, mas de forma alguma assustado ou com medo. 
Dessa vez com passos rápidos, voltei rapidamente para a sala, para a porta principal, só que notei um quarto à esquerda (que seria à direita de quem entra na sala), que não tinha dado atenção no começo. Entrei lá e foquei a lanterna, para dar de cara com um homem. Não lembro dos detalhes dele, apenas do seu aspecto bagunçado e da expressão confusa em seu rosto ao me ver. Olhei para ele e, ainda meio surpreso com a sua presença, disse: "Você sabe como eu faço pra chegar na igreja?". Ele me olhou, a expressão dele deixou de ser confusa. Ele começou a abrir um sorriso largo, seu olhar ficou maníaco enquanto ele dizia baixinho "Igrejaaa?". Aí outro cara apareceu por trás dele, este outro tinha uma cara mais sadia e parecia uma pessoa normal, ele segurou o maníaco enquanto dizia "Não, não!". O maníaco tava ficando descontrolado, tava se aproximando de mim e o rosto cada vez mais insano, babando, abrindo os braços como se fosse atacar, eu recuando com passos titubeantes. O outro cara segurou o maníaco e gritou: "Corre, corre!". Ainda bem que eu estava perto da porta da entrada. Eu saí correndo e bati ela com força, na tentativa de impedir o avanço do maníaco. Para minha sorte, ele não conseguiu abrir a porta, só via suas mãos passando na janelinha de vidro no meio da porta e eu saí correndo em direção à cerca do lado, no intuito de pulá-la e chegar na parte dos fundos antes que o maníaco saísse. Tudo isto aconteceu em questão de segundos.
Com a adrenalina pulsando, consegui pular os tapumes sem grandes problemas. Caí no outro lado e fui andando paralelo à lateral da casa para chegar nos fundos. Outra surpresa. O que eu recordava ser uma espécie de parque limpo e arrumado, com aquela igreja aos fundos, estava também num aspecto pós-apocalíptico. Desta vez o céu tinha até aquele avermelhado dos dias de chuva. O lago no centro estava todo esverdeado, pequenos focos de fogo apareciam dentro de camburões ou em entulhos. A igreja aos fundos estava toda acabada e em cinzas. Pessoas passavam por ali arrastando ou procurando coisas em corpos caídos por ali. Alguns deles notaram minha presença. Aí que foi ruim: o aspecto deles começou a ficar igual do maníaco lá de dentro da casa; só que dessa vez eu já sabia no que ia dar essa reação deles, então nem esperei pra ver. No meu lado esquerdo tinha um muro que ainda não tinha percebido e não tive nem dúvidas: subi no muro e pulei para o outro lado, na tentativa de escapar daqueles loucos que -- pelo que pude deduzir -- eram um bando de loucos que haviam queimado a igreja e matado todos os que moravam ali.
No outro lado do muro, caí numa superfície dura, mas não me machuquei, caí acho que meio agachado ou inclinado mesmo. Só que não havia mais nada. Estava tudo branco, eu só sabia que havia algo físico ali porque eu caí em cima. Então senti uma presença, uma voz firme me disse: "Olha, Gabriel, você tem que ler mais a Bíblia, você está estudando muito pouco, tem que se esforçar mais." Eu ouvi a voz com certo temor e desconfiança, ela continuou: "Você tem que estudar mais a Bíblia. Agora preste atenção que eu tenho uma revelação de Deus pra você."
Nesta hora meu espírito se inflamou, todo o medo, todo o temor caiu por terra, quando eu me ergui e apontando o dedo para aquela presença (que não estava à minha frente ou em direção alguma) eu disse, firme, com toda a firmeza que você pode imaginar: "NÃO! Eu não quero ouvir o que você tem a dizer! Tudo que Deus revelou já tá na Bíblia e isso é suficiente para mim! Eu não quero e NÃO vou ouvir o que você tem a dizer!"
Puf. Não estava mais lá. Apareci em outro lugar. Era uma espécie de calçada de uma rua de uma cidade, parecida com tantos filmes que vemos. Ruas de bairro tranquilas, com calçadas arborizadas, carros estacionados, pessoas andando e passeando. E eu estava de repente sentado ali. Senti que alguém ia se aproximar para falar comigo. Alguém se aproximou e sentou ao meu lado. Depois orou comigo.
Este relato serve como testemunho para evitar que outras pessoas busquem em sonhos ou em outros ambientes novas "revelações", que muitas vezes são falsas doutrinas e interpretações bíblicas, com o propósito de desviar os servos do caminho da verdade.

Entramos então em outro ponto perigoso: adoração a anjos. Note que isto também não é algo exclusivo dos nossos dias, conforme o texto:
"Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, de sua mente carnal," (Cl. 2:18)
Já na época de Jesus, havia muitas crenças entre os pagãos sobre anjos, em especial no mundo greco-romano (devido ao misticismo helênico) e no gnosticismo. O próprio judaísmo e as seitas judaicas tinham forte interesse em anjos e criam neles. Isto se deu especialmente com o fim dos profetas: eles achavam que pelos anjos poderiam continuar tendo contato com o divino; os livros apócrifos mostram várias vezes judeus buscando revelações de anjos. 

A busca por aparições de anjos e outros seres espirituais é a marca da imaturidade espiritual. Veja que houve poucas manifestações de anjos descritas na Bíblia. No âmbito da nova aliança, eles apareciam somente para auxiliar o ministério de Jesus; as poucas vezes que apareceram no contexto da igreja primitiva, era somente em situações específicas e com propósitos específicos. 

Paulo mesmo referiu-se poucas vezes a anjos e ainda aletrou os crentes quanto a estas aparições; ele mesmo destacou várias vezes que se deve adorar somente a Deus, lembrando que o caminho era Jesus:
"Porquanto há um só Deus e um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem," (I Tm. 2:5)
Vocês sabem o que os próprios anjos pensam sobre adorar a eles? Vejam só (aliás, a mesma coisa se repete em Ap. 22:8-9):
"Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus. Prostrei-me ante aos seus pés para adorá-lo. Ele porém disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia." (Ap. 19:9-10)

 É assim que nós concluímos este estudo: os próprios anjos reconhecem seu lugar. Este lugar é debaixo da soberania divina. Eles se submetem a Deus e amam fazer isso, sabendo muito bem que Jesus é superior a eles:
"Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles." Hb. 1:3-4
Temos que tomar cuidado para adorar a quem verdadeiramente merece adoração. Misticismo, esoterismo e tantas outras falsas doutrinas querem buscar poder e conhecimento no lugar errado. Não raro, são vítimas de espíritos enganadores (que será o tema do nosso próximo estudo). 

Não sei deixe levar pelos falsos ensinamentos. Conheça a Palavra, estude a verdade do Evangelho, para que você possa dar a razão da sua esperança. Adore a Deus! Os anjos, a terra, os céus, todos reconhecem que a Ele, e somente a Ele, deve ser dada toda a glória!

Seja Deus vosso guia e vossa luz. A Ele toda a glória pelos séculos dos séculos. Amém.


S.D.G.


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Apologética - Anjos II

Olá, minha gente! Continuamos então a aprender um pouco mais do que a Bíblia fala sobre anjos. Isto é importante para que nós não caiamos nas armadilhas que o esoterismo ou misticismo pregam sobre estes seres e que possamos estar armados com o conhecimento da verdade para argumentar.

No último post vimos o que a Bíblia fala sobre os anjos propriamente ditos, mas também sobre os outros seres espirituais, todos criados para glorificar a Deus e obedecer aos Seus comandos, coisa que eles mesmo demonstram alegria em fazer. No post de hoje, vamos falar sobre os poderes dos anjos e a história dos "anjos da guarda".

Tradicional figura do meio católico e também do espiritismo que mostra o anjo como aquele ser alado e andrógeno, com função de proteger. 

A Bíblia descreve os anjos como poderosos: "Bendizei ao SENHOR, todos os seus anjos, valorosos em poder, que executais as suas ordens e lhe obedeceis à palavra." (Sl. 103:20). Os anjos são descritos na Bíblia como mais fortes que os seres humanos, embora a Palavra afirme que no futuro seremos maiores que eles, veja os textos:
"ao passo que anjos, embora maiores em força e poder, não proferem contra elas juízo infamante na presença do Senhor." (II Pe. 2:11)
"Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras das tuas mãos." (Hb. 2:7)
"Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!" I Co. 6:3
A história do "anjo da guarda" apareceu porque uma das funções dos anjos é a proteção: "Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra." (Sl. 91:11-12). Até aqui, o texto mostra como anjos podem auxiliar pessoas, a mando do Senhor Deus. Os próximos textos são os mais usados para indicar que há anjos específicos para cada pessoa:
"Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu pai celeste." (Mt. 18:10)
"Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, persistia em afirmar que assim era. Então, disseram: É o seu anjo." (At. 12:15)
Vamos lá. O primeiro texto não pode dar a entender que há anjos específicos, porque o texto não deixa isto claro; poder-se-ia até afirmar que há anjos que trabalham mais diretamente com proteção de crianças, mas não que há um específico para guardar cada uma. O segundo texto é ainda mais fácil de entender se olharmos o seu contexto.

No capítulo 12 de Atos, Pedro fora perseguido por Herodes, que mandou prendê-lo, para maltratar os cristãos e agradar aos judeus. O verso 05 mostra que havia oração incessante por parte dos irmãos sobre esta situação e no verso 07 veio o anjo quando ele ainda estava na prisão; neste ponto, o anjo tira as correntes e manda que ele se vista para juntos saírem da prisão (vs. 06-10). Acontece então que no verso 11:
"Então, Pedro, caindo em si, disse: Agora, sei, verdadeiramente, que o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo judaico." (At. 12:11)
Note que é o próprio Pedro o primeiro a afirmar que o anjo era do Senhor e não alguém designado especificamente para ele. A Bíblia deixa clara que os anjos têm uma tarefa geral de proteção, mas são inferências tomadas pelas pessoas que afirmam que há um "anjo da guarda" para cada um. Ainda, Pedro não pareceu reconhecer o anjo, ou não o tratou com familiaridade alguma ou sequer referiu-se a ele como se fosse um ser específico para ele; bem sabia que era do Senhor, e não do anjo que estava vindo aquela proteção, resposta das orações dos fiéis.


Vamos então falar do lugar e propósito dos anjos. O primeiro deles é mostrar a grandeza do plano de Deus e Seu amor para conosco. Veja bem, os humanos e anjos são as únicas criaturas morais e inteligentes criadas, mas nunca é mencionado que os anjos foram feitos à imagem de Deus! Enquanto, para o homem, isto é dito várias vezes (olhe apenas uma delas): "[...] porque Deus fez o homem segundo a sua imagem." (Gn. 9:6b). A partir disto, pode-se concluir que somos mais parecidos com Deus do que com os anjos.

Outra coisa que nós temos e os anjos não é justamente a capacidade de gerar filhos e garantir a "perpetuação" da espécie: "Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu." (Mt. 22:30)

E o principal fato que demonstra a grandeza de Deus e Seu amor para conosco, humanos, é que os anjos pecaram... mas nunca foram salvos...
"Ora, se Deus não poupou anjos quando pecara, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para o juízo." (II Pe. 2:4)
"e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, par o juízo do grande Dia;" (Jd. 6)
Estaria Deus sendo injusto para com os anjos? Você acha que é injusto punir alguém por assassinar outro? Você acha que é injusto punir um político corrupto que tira dinheiro da educação e da saúde apenas para seu próprio benefício? E é por isso que Deus não é injusto ao punir os anjos por terem agido errado. 
"Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão." (Hb. 2:16)
O que é maravilhoso é que Ele agiu diferente para conosco. Deus, apesar da nossa maldade, derramou sobre nós a Sua graça e escolheu enviar Seu filho Jesus para morrer pelos nossos pecados, para nos livrar da morte eterna, da separação eterna que nos seria o destino justo pelas nossas falhas. Isto é inexplicável! Porque Deus agiria assim? O que leva um ser absolutamente justo a agir com tamanha benevolência para conosco? Isto, meus caros, é a dimensão do amor de Deus! 

Outro fator que demonstra o lugar e propósito dos anjos é que eles são prova do mundo invisível. Nos tempos de Paulo, assim como hoje, havia materialistas que não queriam acreditar no sobrenatural: "Pois os saduceus declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito [...]" (At. 23:8a). 

Mas a Escritura mostra a realidade destes seres e, inclusive, que eles podem ser vistos por olhos humanos, no plano material se assim Deus desejar (isto já é claro quando os anjos aparecem a várias pessoas, por exemplo à Maria para trazer boas novas, mas veja este texto que demonstra isto de maneira muito clara):
"Orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O SENHOR abriu os olhos do moço, ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu." (II Rs. 6:17)
Outra coisa: os anjos são exemplos para nós quando se trata de devoção (obediência) e adoração. Veja que no texto de Mateus (abaixo), os anjos obedecem a Deus no reino dos céus e o fazem com alegria! Além disso, têm também deleite na adoração eterna ao Senhor:
"venha o teu reino; faça-se a sua vontade assim na terra como no céu" (Mt. 6:10)
"Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor." (Ap. 5:11-12)
Mais uma coisa dos anjos: eles executam os planos de Deus. Aqui é que entram aquelas diversas funções que vemos em descrições. Eles atuam como:
Mensageiros"Então, perguntou Zacarias ao anjo: Como saberei isto? Pois eu sou velho, e minha mulher, avançada em dias. Respondeu-lhe o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para falar-te e trazer-te estas boas-novas." (Lc. 1:18-19)
Executores - no sentido de anjos da morte mesmo"Vendo Davi ao Anjo que feria o povo, falou ao SENHOR e disse: Eu é que pequei, eu é que procedi perversamente; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim e contra a casa de meu pai." (II Sm. 24:17)
Guerreiros - tanto em batalha espiritual como parte de um exército mesmo"Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá cada um conforme as suas obras." (Mt. 16:27)
 "Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos." (Ap. 12:7)
Patrulheiros e protetores
"Então, respondeu o homem que estava entre as murteiras e disse: São os que o SENHOR tem enviado para percorrerem a terra. Eles responderam ao anjo do SENHOR, que estava entre as murteiras, e disseram: Nós já percorremos a terra, e eis que toda a terra está agora, repousada e tranquila." (Zc. 1:10-11)

"O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o teme e os livra." (Sl. 34:7)
Além destas muitas funções, os anjos ainda têm o privilégio de glorificar a Deus de maneira constante e direta. Nós já vimos que os serafins e os seres viventes fazem isto continuamente, mas também os anjos têm a oportunidade de bendizer o nome de Deus:
"Bendizei ao SENHOR, todos os seus anjos, valorosos em poder, que executais as suas ordens e lhe obedeceis à palavra." (Sl. 103:20
Outro fato interessante sobre esta glorificação a Deus que os anjos fazem, é que eles mesmo se regozijam no plano de salvação divino, conforme ele se revela! Note nos textos abaixo: eles ficaram contentes quando Jesus nasceu, também quando alguém se converte; os textos ainda mostram que Deus revela os planos de maneira geral, tanto para nós quanto para os anjos e os próprios anjos querem saber o que vai acontecer!
"E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem." (Lc. 2:13-14)
"Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende." (Lc. 15:10)
"e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde o s séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas, para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais," (Ef. 3:9-10)
"A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Santo Espírito enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que anjos anelam prescrutar." (I Pe. 1:12)
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É meus caros, vimos um bocado de coisas de novo! Vou ficar devendo para o próximo post conversarmos sobre como deve ser nosso relacionamento com os anjos e o que a Bíblia alerta sobre estes contatos -- coisa ainda muito "etérea" no meio esotérico e místico, que contamina a igreja por meio de crendices e contos.

Até lá, seja Deus vosso guia e vossa luz!

S.D.G.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Apologética - Anjos I

E ae moçada? Temos estudado há uns meses sobre Apologética, sobre a defesa da nossa fé, sobre demonstrar que aquilo que acreditamos não é cego, mas que somos pessoas com conhecimento intelectual e capazes de argumentar em defesa daquilo que acreditamos. Já estudamos sobre Relativismos, sobre a Bíblia, sobre Deus, sobre Fé e Ciência e também sobre Criacionismo.

O tema do post de hoje, a princípio, eu achei supérfluo. Sabe, de tantas coisas que se tem pra estudar, porque estudar "anjos"? Porque aprender sobre este tema que é fruto de tantas incertezas e que é apropriado por tantas outras religiões e seitas? Pois é, justamente por isso. É importante que nós tenhamos conhecimento sobre o que a Bíblia fala a respeito de anjos, para que não sejamos levados por "ventos de doutrina" falsos.


Vamos lá então: o que são anjos? São seres alados de cabelos loiros e olhos azuis? Eles têm auréolas ao redor da cabeça? Falam bem baixinho, brilham no escuro (sei lá)?  De onde vêm suas preconcepções sobre o que são estes seres? Está baseado na Bíblia, ou você está acostumado a ver em filmes? E o que fazem eles ou o que eles podem fazer? E mais: o cristianismo é o único que acredita em anjos? Todos os enxergam da mesma forma?

Em poucas palavras, os anjos são seres espirituais criados por Deus; eles são dotados de juízo moral e alta inteligência. Destrinchando: eles não tem corpo físico, embora as vezes possam assumir forma corpórea para executar alguma ordem divina:
"Ora, a qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés? Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?" Hb. 1:13-14
Sei que os textos bíblicos estão falando de diversos outros aspectos dos anjos, mas vamos tratar deles mais adiante. Também, os anjos são criaturas de Deus, eles não existiram desde sempre, veja o destaque abaixo:
"Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes. [...] Louvem o nome do SENHOR, pois mandou ele, e foram criados." Sl. 148:2,5
Quando afirmamos que os anjos têm juízo moral, significa que eles também têm noção do certo e errado, pois, conforme a Bíblia afirma, alguns deles pecaram:
"Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo;" II Pe. 2:4
"e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia;" Jd. 6
Os anjos ainda demonstram alta inteligência no seu falar e são capazes de exercer funções cognitivas também, pois é possível vê-los agindo, por exemplo, até cantando louvores, veja os textos:
"Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado." Mt. 28:5
"Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes." Sl. 148:2
Os textos que vimos já disseram de certa forma também algumas das funções dos anjos, entre elas: guardar e proteger, adorar a Deus e obedecer aos Seus comandos. Mais à frente vamos ver com mais detalhes quais são os poderes e funções dos anjos.


 Mas deixe eu perguntar uma coisa antes: existem outros seres espirituais além dos anjos? Ou será que é tudo a mesma coisa? A Bíblia faz alguma diferenciação entre eles? É legal isso de sempre voltar os olhos para a Bíblia e tentar fugir do senso comum em querer dizer que tudo é anjo. Olha só. Existem outros seres espirituais citados na Bíblia, um deles são os querubins:
"E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida." Gn. 3:24
"Os querubins estavam ao lado direito da casa, quando entrou o homem; e a nuvem encheu o átrio interior. Então se levantou a glória do SENHOR de sobre o querubim, indo para a entrada da casa; a casa encheu-se de nuvem, e o átrio, da resplandecência da glória do SENHOR. O tatalar das asas dos querubins se ouviu até ao átrio exterior, como a voz do Deus Todo-Poderoso, quando fala." Ez. 10:3-5
Ezequiel é o livro da Bíblia onde estes seres são mais citados, eles são descritos como seres alados e com "semelhança de mão de homem" embaixo das asas (Ez. 10:8). Note que esta é a imagem que se popularizou de anjos: como se fossem homens alados. 

Porém vemos no texto bíblico que eles estão presentes desde o começo da história de Israel (também na Arca da Aliança - Ex. 25:18), que Deus está entronizado entre eles, mas que eles executam seus comandos e lhe são subalternos. Ah! Importante dizer que em momento nenhum a Bíblia os caracteriza como uma "espécie de anjo"; na verdade, em Ezequiel eles são chamados somente de "seres viventes" (Ez. 10:20). 

Outro dos seres espirituais citados na Bíblia são os serafins. Mais uma vez, são seres que popularizaram-se como imagens de "anjos", mas que a Bíblia não diz claramente ser uma "espécie" ou variação de anjos. Os textos bíblicos também os apontam como seres em constante adoração a Deus:
"Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas, com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória." Is. 6:2-3
Isaías é o único livro da Bíblia que menciona a existência destes seres, e também de maneira sucinta, apenas no começo do capítulo 06. Esta visão dos serafins como "anjos" de 06 asas, como se eles fossem uma categoria superior aos querubins, também é apenas fruto da midiatização do Evangelho, por meio da criação de ícones na cultura popular: a Bíblia não afirma nada disso.

Ainda outra categoria destes seres espirituais são aqueles chamados simplesmente de seres viventes. A princípio, estes seres parecem ser algo que a mente humana não consegue compreender totalmente, por conta da descrição que nos é dada nos textos bíblicos, veja:
"Há diante do trono um como que um mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volto do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente é semelhante a um leão, o segundo semelhante a um novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando.
E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir." Ap. 4:6-8
Em Ezequiel eles também aparecem com esta descrição, como uma combinação de leão (animal selvático), novilho (animal domesticado), homem (criação) e águia (pássaro). Note-se que eles também estão em adoração contínua à Deus, que parece ser o propósito de sua existência... Que nem todas as outras criaturas de Deus, inclusive nós!

Por fim, embora meio que já tenhamos começado a falar disso, existe uma hierarquia entre os anjos? (Note que não perguntei entre os seres espirituais - como os que vimos acima). Entre os anjos a Bíblia demonstra uma espécie de hierarquização sim, com a figura do famoso arcanjo Miguel. 
"Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!" Jd. 9
"Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles." Ap. 12:7-8
Note nestes textos que além de Miguel ser chamado de "arcanjo" e não apenas de anjo, ele aparece em característica de liderança ("Miguel e os seus anjos"), posição que também lhe é peculiar em Dn. 10:13, quando um outro anjo referiu-se a ele como um dos "primeiros príncipes". 

A Bíblia refere-se a Miguel como um arcanjo e também como um líder, mas isto não significa que ele seja o único arcanjo, é apenas o único mencionado. É perigoso tirar quaisquer conclusões finais sobre este ser, tendo em vista que a Bíblia é silente sobre isto em diversos aspectos.

Porque ela é silente? Porque Deus em sua soberania escolheu o que devia ser revelado a nós, e o que foi revelado é suficiente. Já tivemos esta discussão nos posts sobre a Bíblia, mas cabe ressaltar: a partir do momento que buscamos aquilo que a Bíblia não revela apenas pelos nossos próprios méritos, isto deixa de ser o conhecimento divino e passa a ser mera especulação humana.

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Vimos algumas coisas interessantes neste post. Espero que já tenha servido pra quebrar um pouco aquele senso comum dos anjos como pessoas de roupas brancas, com asas grandes e auréolas na cabeça; esta é a imagem popularizada tanto pela mídia como pelas antigas pinturas da Idade Média. 

No próximo post vamos falar dos poderes dos anjos e daquela história do "anjo da guarda"; por fim, se não couber no próximo post, vamos falar também do lugar e propósito dos anjos, bem como a nossa relação com eles e o cuidado que devemos ter nisso.

O que é importante lembrar é que os seres espirituais (sejam eles quais forem), assim como nós também, temos a mesma função primordial: adorar a Deus e glorificá-lo para sempre! Esta não é uma função ruim, muito pelo contrário, é a melhor que pode existir! Que maravilhoso é este Deus que nos criou para servi-Lo!

Seja Ele vosso guia e vossa luz.

S.D.G.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Apologética - Evolução ou Criação II

Então, continuando aquilo que já estávamos discutindo. Vimos então em linhas gerais o que é o criacionismo, a doutrina que defende que tudo que veio a existir deu-se pela ação de Deus; e também o evolucionismo que, em linhas gerais, defende a geração da vida a partir de determinadas condições e que a partir deste primeiro ser vivo, originaram-se os outros por modificações.

No post de hoje gostaria de demonstrar alguns problemas da teoria evolucionista e (surprise!) citando inclusive pessoas que não são necessariamente cristãs e que nos trazem fortes argumentos quanto à coerência e o desenvolvimento das teorias evolucionistas. Vamos começar com isso, shall we? Depois falamos do evolucionismo teísta e fazemos uma conclusão.

Obs.: os próximos argumentos foram compilados deste artigo, encontrado no Monergismo.




Ora, um dos principais argumentos evolucionistas é que a vida teria surgido de um organismo simples e que este fora tornando-se mais complexo à medida que fora sofrendo alterações e modificações. Pode-se começar argumentando que os próprios avanços da Biologia Molecular demonstram que a célula é muito mais do que um simples ser vivo, funcionando quase como uma cidade em seu interior.

Além disso, é próprio da doutrina evolucionista que a é a diversidade que pode produzir descendentes com mais capacidade de adaptação, logo, WOESE, Carl, in “Theory challenges Darwin doctrine of common descent”, UniSci: Daily University Science News (June 18, 2002), University of Illinois, argumenta que a origem da vida pode ser muito mais fácil se houver mais de um ancestral.

Outro fato difícil para a teoria evolucionista argumentar é a explosão cambriana (google it), pois o Darwinismo pressupõe mudanças graduais lentas, não o surgimento abrupto de mais de 30 filos de animais e depois nenhum outro filo: o surgimento súbito de formas complexas de vida aconteceu há uns 525 milhões de anos. Não surgiram grupos principais de animais desde então, conforme  GOULD, Stephen Jay, Wonderful Life: The Burgess Shale and the Nature of History (Nova York: W. W. Norton, 1989).

Quanto a esta questão das mudanças graduais lentas, outro argumento é que o evolucionismo exige mudança gradual de uma forma se transformando em outra, porém as novas formas de vida aparecem sem longa sucessão de ancestrais óbvios, conforme PATTERSON, Colin, IN Phillip E. Johnson, Darwin on Trial , (Downer's Grove, IL: InterVarsity Press, 1993), p. 23-24.

Além disso, se o evolucionismo pensa em mudanças graduais e aleatórias, é possível argumentar que não há tempo suficiente para esta evolução aleatória, conforme YOCKEY, H., Information Theory and Molecular Biology (Cambridge: Cambridge University Press, 1992), cap. 9.

Pensando nas mudanças graduais ainda, o evolucionismo defende que isto acontece por conta da necessidade de adaptação, fruto do processo de seleção natural. Porém, é possível argumentar que a seleção natural pode não conferir vantagem para sobrevivência, pois as criaturas que evoluem menos parecem viver muito mais, conforme TAYLOR , Gordon Rattray, The Great Evolutionary Mystery (Londres: Secker & Warburg, 1983), p. 87-88.

Some-se a isto o fato de que algumas criaturas sobrevivem por eras sem evoluir (barata, celacanto - figura ao lado): contrário à teoria, eles variam mas não evoluem, conforme GRASSÉ, Pierre-Paul, evolution of Living Organisms: Evidence for a New Theory of Transformation [1973] (Nova York: Academic Press, 1977), p. 87-88.

Ainda neste tema das mudanças graduais, é difícil para o evolucionismo explicar novos desenvolvimentos importantes, tais quais estruturas complexas como o pulmão das aves, o olho das lagostas, o flagelo bacteriano devem surgir por acaso: não existe caminho nítido para o acaso na maioria dos casos, conforme DENTON, Michael. In “An Interview with Michael Denton”, Origins Research (July 20, 1995), vol. 15, # 2.

O que Denton está argumentando, está ligado com o fato de que nem sempre micro-desenvolvimentos são capazes de formar um todo. Veja-se por exemplo o olho. Esta estrutura só é capaz de funcionar se ela já estiver totalmente montada: se você o "desmontar" e depois "remontar", a simples somatória das partes não é suficiente para que a estrutura seja funcional ou completa.

Estas mudanças graduais são realmente um problema para o evolucionismo, já que novas formas de vida aparecem de forma comparativamente súbita e não gradualmente como Darwin pensou, conforme GOULD, Stephen Jay, “Evolution's erratic pace”, in Natural History (May 1977), vol. 136:5:14.

Quanto ao processo da seleção natural, o evolucionismo deveria ser capaz de explicar as grandes mudanças: evidência para pequenas mudanças via seleção natural é comum, mas para grandes mudanças é rara, conforme Patterson (1993 - já citado acima).

Ainda, como pode o evolucionismo explicar a geração da vida de modo espontâneo? Isto para não querer aprofundar a questão das farsas né? Quem já ouviu falar do Homem Piltdown, que era pra ser o famoso "elo perdido" na formação dos primatas?

Esta aí foi uma farsa das boas que ocorreu no começo do século XX, quando descobriram um crânio que parecia ser de um animal transicional entre o homem e os primatas "menos evoluídos". O que o cara fez: pegou o crânio de um macaco e usaram processos químicos para envelhecer, combinando com partes de um crânio humano. Foi só nos anos 1950 que descobriram que era uma farsa.

Veja que por conta destas muitas dificuldades, o evolucionismo é uma ideia que tem que estar constantemente se alterando para poder se encaixar na realidade: ele não consegue explicá-la de maneira geral, pois volta e meia encontra algo que parece desmenti-lo. Ao contrário do que acontece com a Bíblia, que permanece a mesma...

São muitos os argumentos, mas vou finalizar aqui com o que considero o principal: é a questão das faculdades cognitivas no evolucionismo materialista/naturalista. Veja bem: qual é o objetivo da evolução e desses processos para os seres vivos, segundo a teoria evolucionista? Sobrevivência. Por meio de que? Da adaptação. Certinho. Porém, conforme a Psicologia Evolutiva pode comprovar, argumenta-se que, para sobrevivência, os grupos podem se comportar de determinada maneira ou outra, adaptando-se à situação. Certinho.

Eis o problema: se todos os processos tendem à sobrevivência, por meio da adaptação, inclusive os processos sociais e cognitivos, estes processos tenderiam à adaptação... e não à verdade! Veja bem! O próprio naturalismo se refuta: pois, baseado nos seus pressupostos mais basilares, eu não poderia confiar no meu próprio processo cognitivo, porque ele tenderia à minha sobrevivência ou adaptação, e não necessariamente me conduziria à verdade!

Não estou afirmando que ele nunca conduziria, pode ser que sim. Mas é aí que está o problema: quem garante que está certo, se nem nos meus processos cognitivos eu posso confiar, tendo em vista que eles podem ou não (!) me levar ao caminho certo?

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Pretendia terminar aqui falando sobre o evolucionismo teísta, mas o post vai acabar ficando um pouco grande. Vamos deixar para falar sobre isto no próximo, que deve ser mais sucinto, e passar para um conclusão a respeito deste tema.

Até lá, seja Deus vosso guia e vossa luz. A Ele toda a glória.

S.D.G.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Apologética - Evolução ou Criação III

Olá a todos! Vamos terminar este tópico tão polêmico, mas que é de grande importância ser estudado, especialmente quando vivemos numa sociedade crescentemente materialista, que visa negar muitos aspectos da realidade, diminuindo-os ao seu simplismo argumentativo.

Nos últimos dois posts temos visto um bocado sobre evolucionismo e criacionismo. Começamos por falar de maneira abrangente sobre as duas teorias, demonstrando como são diametralmente opostas em diversos pontos. No segundo post, demonstramos alguns argumentos - feito por pessoas não-cristãs(!) e publicados em periódicos de renome - sobre as dificuldades da teoria evolucionista.

Neste post vamos pensar na seguinte questão: mas será que não pode haver um meio-termo entre as duas teorias? Será que Deus não pode ter criado tudo de maneira metafórica, como se cada dia da criação fosse na verdade centenas de milhares de anos? Será que Deus necessariamente teve que criar daquela forma, ou não seria possível entender isto de uma maneira mais amena? 


O evolucionismo teísta entende que os organismos vivos apareceram pelo processo de evolução darwinista, mas Deus guiou este processo para garantir o resultado que queria; dessa forma, Deus interveio apenas nos pontos cruciais, como a criação da matéria e da vida. De qualquer forma, os evolucionistas teístas creem que a mutação casual levou à evolução. Vamos ver algumas dificuldades desta abordagem:
"Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez." Gn. 1:24
Nosso Deus age com intencionalidade e propósito, este é um dos grandes poréns: a vida não poderia ocorrer por acaso. Enquanto os evolucionistas teístas creem que o acaso foi a força motriz para o desenvolvimento e mudança, não podemos concordar com um Deus que vai "polindo arestas" no meio tempo. Ou seja, Deus não foi “eliminando imperfeições” que surgiram ao acaso. Olha só:
"E fez Deus os animais selváticos segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom." Gn. 1:25
A Bíblia sempre enfatiza o "bom" da criação de Deus, e não fala das várias tentativas que "não ficaram tão boas" ou "não deram muito certo". Outra coisa que a Bíblia está constantemente enfatizando (e algo sobre o qual eu já escrevi extensamente aqui): o poder da palavra de Deus: 
"Os céus por sua palavra de fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles. [...] Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir." Sl. 33:6,9
Continuando: Deus não interveio apenas em determinados momentos, porque Ele não é omisso. Ele não é o "relojoeiro" que fez tudo e depois só deu corda. Antes, Ele está na história da humanidade e nos detalhes da natureza, Deus esteve presente e ativo no mundo desde sua origem, veja os textos:
"Pois tu formaste o meu interior tu me teceste no seio de minha mãe." Sl. 139:1
"Observai pois as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?" Mt. 26:30
E outro problema fatal do evolucionismo teísta: como é que se deu a criação do homem? Pelo evolucionismo teísta, ele teria sido parte do processo de seleção natural e evolução conduzido por Deus. Só que no texto bíblico, o homem não veio de formas anteriores:
"Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente." Gn. 2:7
A criação diferenciada não está apenas em ter formado o homem do pó da terra, mas especialmente em ter lhe soprado nas narinas o fôlego da vida, coisa que não fez com os outros animais, dotando o ser humano de capacidades especiais que seriam peculiares a ele somente. 

Porém, no evolucionismo teísta, se a evolução foi um processo contínuo, quem foram Adão e Eva? Ou seja, quem foi o primeiro homem e a primeira mulher? Em que ponto da "evolução", poder-se-ia dizer que aquele era o primeiro homem e que aquela era a primeira mulher. E mais: neste processo evolutivo, quando foi a queda? Quando é que o homem pecou? Como foi isso no processo da evolução teísta?

Veja como argumentos simplistas - no sentido de serem simples e ao mesmo tempo querem subjugar as outras noções aos seus interesses, de modo a tentar torná-las "elegantes" num raciocínio forçado - podem pôr à prova toda a fundação da fé cristã. Crer no evolucionismo teísta põe em cheque não só o Gênesis, mas toda a Bíblia.

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Meus caros, tenho repetido isto diversas vezes: o problema principal do homem não é reconhecer Deus, é submeter-se a Ele. A teoria da evolução é só mais uma tentativa de tirar o poder das mãos de Deus. Aliás, esta foi uma das grandes razões pela qual ela se popularizou quando da sua origem: o fato de não incluir o fator sobrenatural. Nesta teoria, o homem diz colocar na natureza o poder para sua trajetória, mas, na verdade, está querendo tomar para si.

Quando falamos da origem da vida, o segredo é: não podemos duvidar do poder de Deus. Eu sei muito bem que Ele tem poder para fazer a realidade em 06 trilhões de anos, mas também tem poder para fazê-lo em 06 dias, 06 horas ou 06 segundos. 

Os antigos rabinos judeus não entendiam os 06 dias do Gênesis como 06 dias exatos: eles criam que na verdade, Deus fez tudo de uma vez só (como se fossem 06 milésimos de segundo) e que o Gênesis era apenas uma explicação didática para que o homem fosse capaz de entender - tamanha era a crença deles no poder de Deus! 

Eu consigo muito bem acreditar que Deus criou as coisas já "velhas": assim como o homem do texto bíblico não nasceu criança e depois cresceu, eu mesmo entendo que Deus criou uma árvore já com diversas camadas de "idade" assim como uma rocha bem no meio do oceano. O meu Deus é poderoso o suficiente para criar tudo o que existe apenas com o poder de sua voz!

Além disso, o Criador nos fez com um propósito: temos que lembrar disso e buscar glorificar a Deus através das nossas vidas e de Sua criação: seja argumentando, defendendo nossa fé, seja vivendo esta verdade em nossas vidas, seja buscando na ciência mais formas de glorificar ao Criador que tem providenciado tudo que precisamos e ainda mais, pois está sempre presente!

Seja este Deus criador vosso guia e vossa luz.
A Ele toda a glória!


S.D.G.

Apologética - Evolução ou Criação I

Meus caros, depois de um mês aí de estudos sobre a família lá na II IPBV, findei não postando aqui o resultado das aulas com os adolescentes. Mas, finalmente, estamos retomando os estudos de apologética aí e têm sido muito bons. 

Lembrando que estamos falando aqui numa perspectiva pós-debate sobre Relativismo, Bíblia, Deus, Fé e Ciência... Estou citando isto porque muitos versículos bíblicos serão usados. Se você está lendo isto e entende que os textos bíblicos não são válidos ou que o que se refere a Deus não lhe é importante, recomendo os outros posts sobre estes assuntos aqui: "Relativismo", "Bíblia" I, "Bíblia" II, "Deus" I, "Deus" II.

Agora vamos lá.



O criacionismo é um dos pilares da fé cristã. Se isto for apenas um mito... então a Bíblia toda pode ser um mito também... Mas antes de tirarmos conclusões, é preciso entender o que cada uma das teorias diz e buscar respostas: o evolucionismo é uma teoria perfeita? O evolucionismo é compatível com o criacionismo? É possível encontrar meios-termos no processo? Vejamos.

Em primeiro lugar, vamos dar a noção geral do criacionismo: Deus originou o universo a partir do nada, tudo era originalmente bom e Ele criou para Sua glória. É a própria Bíblia que argumenta que Deus criou a partir do nada (nihilo):
"Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles. Ele ajunta em montão as águas do mar; e em reservatório encerra as grandes vagas. Tema ao SENHOR toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo. Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir." Sl. 33:6-9
"Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez." Jo. 1:3
"pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades." Cl. 1:16
Outro aspecto importante da criação é que nem todos os seres foram criados da mesma maneira. O homem e a mulher tiverem uma criação diferenciada, espelhando a imagem de Deus, para glorificá-Lo:
"Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. [...] Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe." Gn. 2:7,21-22
Outro aspecto da criação é que ela é distinta de Deus, ou seja, Ele não é parte da criação como uma força abstrata ou um componente essencial de tudo; porém, não se pode dizer que a criação é independente de Deus, ao contrário, ela depende d'Ele. Esta propriedade é que chamamos de "imanente", que significa "permanecer em": Deus não deixou a criação a de lado.

É importante lembrar destes aspectos, porque ainda há muitos resquícios do panteísmo em nossa sociedade contemporânea. Sem falar do esoterismo ou das religiões orientais onde isto abunda, pense na "Força" de Star Wars: é como uma entidade abstrata que está presente em tudo, mas Deus não é assim. Tampouco Deus é como um relojoeiro que fez o relógio e apenas "deu corda" e partiu. Veja os textos:
"Na sua mão está a alma de todo ser vivente e o espírito de todo o gênero humano." Jó 12:10
"Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste." Cl. 1:17
Continuando com a definição que vimos do Criacionismo, temos que Deus criou o universo para a Sua glória. Primeira coisa: Deus não precisa da criação para ter a Sua glória, Ele não depende do que nós podemos fazer para sua satisfação ou existência propriamente dita. Deus fez isto apenas pela Sua graça, pela sua vontade de proporcionar esta realidade e, claro, para o Seu deleite. 

Veja, até isto é reflexo: nós mesmos ficamos felizes quando criamos alguma coisa e temos prazer nisto, assim também é Deus. Ele não precisa de uma vanglória, Ele já tem toda a glória. Justamente por refletir isto é que a criação foi feita para demonstrar a glória de Deus: 
"Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite." Sl. 19:1,2
"Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas." Ap. 4:11
O último aspecto do Criacionismo (e que foi essencial para o estabelecimento da Ciência tal qual a temos hoje - coisa que vimos nos últimos posts) é que o universo era essencialmente bom. Pra não ter que citar Gênesis (onde isto é repetido algumas vezes, vamos com um texto do N.T.):
"pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado." I Tm. 4:4,5
Deus teve prazer na criação após terminá-la, pois viu que era boa. A matéria em si não é algo originalmente ruim: ela é parte da criação de Deus. Esta noção foi essencial para que os primeiros cientistas trouxessem à tona a possibilidade de compreender o universo e a realidade, pois, se Deus criou, então pode e deve ser bem estudado.

Agora que vimos o Criacionismo com algum detalhe, outra coisa deve ser destacada: note como a ideia de Criação não é algo apenas do Gênesis. Citamos diversos textos que mostram como esta doutrina é basilar para o exercício da fé cristã: a ideia da criação perpassa toda a Bíblia.


Em primeiro lugar, é preciso fazer uma distinção antes de falarmos do evolucionismo. Quando se fala "evolução", muitas conotações ou denotações podem vir desse termo, então vamos fazer uma divisão: microevolução e macroevolução. 

Microevolução se trata de pequenas variações dentro das espécies como imunidades que se desenvolvem nos organismos, alterações no tamanho ou altura de animais com o tempo. A microevolução não é um problema para a teoria criacionista, inclusive, ela é tratada tranquilamente, por ser um fato visível e que não contradiz a ideia de que Deus continua operando na criação.

A macroevolução, por sua vez, está ligada com a Teoria Geral da Evolução. É preciso lembrar que há outras teorias da evolução e desenvolvimentos de diversas teorias, porém os postulados básicos delas são os mesmos: que substâncias sem vida deram origem ao primeiro ser vivo e que este diversificou-se e produziu a diversidade da vida.

Logo, o evolucionismo defende que os seres vivos evoluíram a partir de um ancestral comum. Vamos logo esclarecer: o evolucionismo NÃO DEFENDE que o homem veio do macaco. Se estamos fazendo um debate sincero entre as ideias, é preciso desmistificar logo isto de cara, tentar reduzir a ideia do outro a um absurdo é apenas uma técnica linguística, não um argumento intelectual. 

O evolucionismo defende que mutações graduais, por meio de variações espontâneas e aleatórias ocorreram, o que gerou a diversidade da vida; além disso, esta vida passou por um processo de seleção natural, onde a sobrevivência estaria nas mãos dos mais aptos (não dos "mais fortes", importante lembrar) e que isto levaria a uma mudança nos próprios seres (genética, em última instância).

Esta teoria está pautada pelo naturalismo/materialismo, ou seja, entende que a realidade só pode ser pautada pelos sentidos, por aquilo que é (em sua essência) material. Logo, a vida é resultado dos processos da natureza: a sopa primordial de componentes químicos foi um acaso que possibilitou o surgimento de tudo o que vemos na natureza.

Neste ponto, já podemos destacar algumas dificuldades entre as teorias:

Criação
Evolução
Sobrenaturalista → através do Criador
Naturalista → processos naturais sem intervenção alguma
Externamente dirigida → o Criador dá a manutenção da obra através de processos
Autossuficiente → tudo é explicado em termos evolutivos
Dotada de propósito → o Criador trouxe à existência com um fim em mente
Destituída de propósito → obra do mero acaso
Concluída → o Criador completou Sua obra
Constante → tudo continua em evolução
Extraído de: JUNIOR, Wilson Porte. Teologia Evolucionista? Barro, Macaco e Homo Sapiens. IN: Monergismo, 2016. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/criacao/teologia_evolucionista.htm. 

Vemos, portanto, que as teorias criacionista e evolucionista são diametralmente opostas em diversos sentidos e que uma necessariamente leva à exclusão da outra. Mas é possível identificar falhas na teoria evolucionista? Ou ainda: será que não é possível encontrar meios-termos que unam as duas teorias? O que é o evolucionismo teísta? 

Estas e outras perguntas vamos responder no próximo post! 
Até lá, seja Deus vosso guia e vossa luz!

S.D.G.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Apologética - Ciência e Fé II

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.

Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” (Rm. 1:18-22)

No útlimo post, começamos a estudar um pouco a relação que se dá entre fé e ciência. Como foi possível demonstrar, as duas coisas não são opostas entre si e até mesmo vimos (por meio de apenas um estudo de caso – há outros) que muitas vezes a ciência tem fé em seus pressupostos e parte deles para alcançar novas descobertas.

Começamos o post de hoje com a pergunta: onde nasceu a Ciência como a conhecemos hoje? Devemos lembrar que estamos tratando “Ciência” aqui como aquele esforço do pensamento humano para compreensão e transformação da realidade, que se desenvolve por meio do método científico e da crença no naturalismo/materialismo.

A resposta para a pergunta do parágrafo anterior, então, não pode ser outra senão a Europa. Não foi em nenhum outro lugar do mundo, mas na Europa cristã da Idade Média (a ciência e o pensamento científico grego não são a mesma coisa  – veremos isso adiante); veja-se que as universidades mais antigas do mundo estão na Europa. Os primeiros cientistas, que eram cristãos em sua maioria, viam a ciência como um meio de exercer domínio sobre a natureza.

Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.” (Gn. 1:26)

[...] que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste:” (Sl. 8:4-6)

Os primeiros cientistas enxergaram na ciência, nos seus experimentos, uma forma de obedecer e desfrutar da providência divina para nossas vidas. Por isso, defendemos mais uma vez: o Cristianismo não foi barreira para o surgimento da ciência, pelo contrário, teve papel causal, pois a ciência é fruto da cosmovisão bíblica. 

Mas porque a ciência surge a partir disso? Como podemos defender este ponto de vista? O que garante que a ciência não viesse a surgir de outra cosmovisão ou religião? Será que o cristianismo é de fato um fator determinante nessa história? Vejamos.

No politeísmo temos deuses pessoais e finitos (pense no Panteão grego ou romano, por exemplo). Nesse contexto, os deuses são criados por entidades próprias ao universo; na mitologia grega, por exemplo, os deuses nascem do Caos, que dá origem a Gaia, que, por sua vez, dá origem a todos os outros. 

Para eles, o universo não teve origem numa mente racional, logo, não há racionalidade na origem de tudo. Por conta disso, buscar apreender o que é entendido como irracional, não é, obviamente, racional. Além disso, para os gregos, os corpos celestes eram perfeitos e a terra era um lugar de corrupção, e isto vai refletir muito em sua filosofia, que vamos já analisar com mais cuidado.

Nas religiões orientais, ou panteísmo, não se pode negar que havia invenções (como em qualquer outro sistema de crenças também), mas estas invenções não visavam a comprovação científica ou o conhecimento profundo, mas uma situação específica; ou seja, elas tinham caráter pragmático e utilitarista. 

O hinduísmo, por exemplo, concebe o mundo físico como não existente, pois a matéria seria apenas uma ilusão. Logo, a deidade (se existente) é algo impessoal e infinito, como uma força ou entidade abstrata; logo, não tem ação volitiva (vontade ou pensamento). Por isso, também não há razão para um estudo aprofundado daquilo que já se considera, de certa forma, como perceptível e compreensível em tudo e todos ao mesmo tempo.

A filosofia grega clássica, por sua vez, é considerada a mãe da Ciência moderna, sendo os precursores do pensamento científico, e de fato são. Os gregos gostavam de questionar o porquê das coisas e buscar explicações para seus problemas e questionamentos. Então por que não podemos dizer que a ciência nasceu aí? 

Lembra como falamos que para os gregos os corpos celestes eram perfeitos e a terra era o lugar de corrupção? Pois é, os filósofos gregos entendiam que estudar a terra era perda de tempo, que se deveria focar no estudo dos céus, já que estes eram perfeitos; tentar compreender esta “matéria suja” não era o alvo dos filósofos. 

Além disso, eles não utilizavam o método científico, sua abordagem era derivada do método dedutivo; por conta disso, muitas vezes seus raciocínios os levavam a conclusões aparentemente verdadeiras, porém falsas. Os cristãos não queriam deduzir o que Deus deveria ou poderia ter feito, mas sim experimentar e observar para ver o que Deus de fato fez.

Veja bem isso com um exemplo: Euclides e Pitágoras, patriarcas da Matemática. Os gregos não acreditavam que a matemática era precisa na esfera material, ou seja, na natureza da terra; por isso, não havia uma preocupação profunda com precisão de dados. Mas eles entendiam ainda que os corpos celestes e suas órbitas eram perfeitas.

Um bom tempo depois, Kepler, no século XVII, um astrônomo e matemático cristão, estudou a órbita dos planetas e buscou verificar suas precisões. Porém tinha um problema: a órbita de Marte nunca dava certo, nunca fechava. 

Mas ele estava convencido (e há escritos dele mesmo!) que se Deus quisesse fazer um círculo, seria exatamente um círculo; e se Ele não quisesse, ainda assim seria exatamente alguma outra coisa. Ele não estava lidando com um Deus aleatório e irracional, mas com um ser inteligente e sábio! Por causa dessa crença na mente soberana de Deus foi que Kepler desenvolver o conceito de elipse.

Lembram que os gregos entendiam o mundo material como sujo ou impuro? Pois bem: as elites intelectuais gregas não queriam se “sujar”, por isso havia tantos filósofos ou intelectuais. Para os cristãos, o mundo material veio de Deus, logo, o mundo deve ter algo bom porque O reflete. O mundo material não poderia ser visto como algo degradante.

Na verdade, o mundo natural deveria ser algo que existe para glorificar a Deus. Olha o exemplo de Kepler de novo: nos seus próprios escritos, ele dava glórias a Deus quando descobria algo novo! Ficava maravilhado com a mente inacreditável do Criador! A Ciência não tem como estar desvinculada do Cristianismo, pois é só a partir dele que o homem realmente buscou entender e desvendar a natureza: porque, na verdade, ele queria conhecer um pouco mais de Deus!

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Muitas vezes somos tentados a assumir que tudo que é “científico” é “verdade”. Mas isto não são sinônimos: até porque, é possível produzir conhecimento científico (baseado no método e tudo o mais), que não é necessariamente adequado com a realidade.

Na década de 1990, o ovo era o alimento do terror. Seria ele o responsável pelos infartos, pelo colesterol alto, seu consumo era desencorajado e muitas vezes era pintado como um grande vilão. Então passa-se uma década, e descobre-se que o ovo tem propriedades nutricionais que nenhum outro alimento tem e é essencial para uma boa dieta. De vilão passou a mocinho! A ciência mudou totalmente a figura.

Quando o Iluminismo veio no século XVIII, movido pela elite intelectual da Europa, ele buscou desacreditar o Cristianismo e promover o racionalismo, acusando a Igreja de tê-los jogado na “Idade das Trevas”, incentivando uma fé cega, que não questionasse. Esta era uma espécie de propaganda tentando dar crédito à ciência em detrimento da religião; impressionante como isto até hoje permanece e como muitos ainda pensam que “fé” e “ciência” estão guerreando entre si.

Mas, como já vimos, ciência e o Cristianismo não são opostos, na verdade, eles se complementam. No texto que lemos no começo, em Romanos (lá no começo do post), vemos que os homens detêm a verdade e buscam suprimir o que é manifesto (vs. 18-19). 

Minha gente, o problema do homem continua sendo o mesmo. Não é a existência de Deus, ou a crença na divindade da Bíblia, ou mesmo se fé e ciência são conflitantes: o problema é o pecado, é não querer submeter-se a Deus. Isso porque a ciência serve para glorificar a Deus, ela é um instrumento e reflexo do intelecto e mente do Criador! Era assim que os primeiros cientistas pensavam! 

O cientista contemporâneo não é isento de , ele apenas a deposita em outras coisas, quais sejam: os pressupostos da ciência. Sua fé está nas suas ideias e conclusões, nas suas suposições ou nas de outrem – mesmo quando elas não estão totalmente provadas! Elas se tornam o seu deus.


O nosso Deus se revela na criação; Ele não é parte dela, mas ela aponta para Ele. Isto deve nos encorajar a estudá-la também, para glorificá-Lo ainda mais! Vamos ser cientistas que buscam aprender mais sobre Deus através de Sua obra, esta obra boa com a qual Ele nos presenteou.

Seja Deus glorificado! Seja Ele nosso guia e nossa luz.

S.D.G.