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quinta-feira, 27 de março de 2014

O Compositor - II

Não sei o que é mais triste. O fato de eu não me lembrar direito do que aconteceu, ou o fato de que estou procurando há uns 15min uma foto da Escola de Música de Roraima (EMUR) na internet e não acho nenhuma! O jeito foi ir pro face mesmo. 



Segundo o face da EMUR (http://goo.gl/YlPgYc), ela foi fundada em 12 de Abril de 1986. Minha memória mais nítida do prédio é a umidade. Interessante isso. Parece que todo dia que chove eu lembro de como a EMUR ficava úmida, e eu gostava do friozinho que ela trazia. Até hoje eu acho que o frio reconfortante (tipo aquele que faz quando chove aqui em Roraima) me deixa mais criativo.

(Claro que isso dava um mofo danado, e era (é!) uma tristeza pros instrumentos que ficam lá.)

O prédio em si não é fechado. Logo que se entra, temos a direita o auditório e a esquerda o resto das instalações. Nós só íamos pro auditório quando tinha apresentação mesmo. Lá dentro tem um piano de cauda (um dos poucos que vi em Roraima e creio que o único que seja "público").

Pena que sempre foi feio lá dentro. O teto, especialmente. Não sei porque tenho isso de olhar pro teto das coisas! Acho que é só parte da curiosidade natural de querer olhar absolutamente tudo e aprender o máximo com isso. Mas, com o tempo, passei a perceber que o teto do lugar revela muito sobre o cuidado que os seus donos têm com ele...

Em 2005, mais ou menos, minha mãe me ofereceu a oportunidade de ir estudar na EMUR. Até hoje não sei direito o motivo... Talvez ela quisesse que eu aprendesse alguma coisa sobre música ou achasse bonito. Vai ver que nem ela mesmo sabe, ela só o fez.

Se não me engano, num primeiro momento eu queria tocar violão. (Pois é, eu sei). Mas por algum motivo (acho que era falta de vaga), acabou que tive que escolher outro instrumento caso quisesse estudar lá. Fui para a outra opção que tinha em mente: teclado.

Confesso que a proposta da EMUR era boa: um ensino completo de música. Nós não tínhamos só aula com os instrumentos: prática coral, teoria musical, história da música, estética, tudo isso fazia parte do currículo básico da EMUR (embora eu nunca tenha feito estes dois últimos aí). Pena que nunca vi isso se concretizar. 

Aliás, se não me engano, parece-me que FORMAR mesmo, no sentido de completar o currículo de ensino proposto, nem 10 pessoas se formaram. Os problemas estruturais são muito grandes, especialmente com um governo que não investe direito em cultura e professores mal pagos.

Mas quando fui lá, confesso, aquela escola vibrava! Não era este eco de sons do passado que é hoje, com passos silenciosos de pés sonolentos em seus corredores frios, de portas sempre fechadas e silêncio melancólico.

Não não, na época que estive lá, aquela escola era cheio de alunos, com aulas o tempo todo. Eu fui matriculado para Piano e não sabia o que esperar direito dessa empreitada, até porque não conhecia nada de música.

Comecei tendo aulas de teoria musical junto com as de Piano, o que era muito bom, pois me ajudava a fixar o conhecimento de ambos. Mas vou falar destes aspectos de forma separada, porque a memória é confusa.

Em teoria musical, eu devo confessar que a maior parte eu aprendia sozinho, com as apostilas que tínhamos. Não lembro direito quem eram meus professores, exceto um: Pedro Linke. Embora sua especialidade não fosse o ensino de teoria, foi provavelmente o melhor professor de teoria que tive (muito embora a maior parte das coisas eu aprendesse sozinho mesmo).

E tudo que lembro é isso. Acho que meus cadernos de teoria falam muito mais do que eu neste ponto. Cadernos repletos de verdadeiros experimentos teóricos, combinando não apenas notas, mas estruturas! 

Nunca esqueço do dia que cheguei mais cedo, para aula de teoria e escrevi no quadro uns compassos de autoria minha. Olha a armadura de clave: Fá# com Mi e Si bemóis! O olhar perplexo do professor me dizia que tinha algo de estranho ali: ele mesmo nunca tinha visto algo como aquilo, ao passo que logo me informou que estava errado (mal sabia eu que já estava explorando um ramo da teoria musical contemporânea - a escala seria quase um Lá Lócrio).

Quanto às aulas de piano, tenho algumas histórias.

Estes posts estão chatos. Acho que não vou mais fazer deles.

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