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terça-feira, 10 de abril de 2018

Escatologia - Novo céu e nova terra

Olá, pessoal! Estamos aí mais uma vez com os estudos de Escatologia, a doutrina do fim dos tempos. Estou acompanhando os adolescentes da II Igreja Presbiteriana de Boa Vista nesta caminhada. O post de hoje também não faz parte do conteúdo da revista que estamos estudando, mas é fruto de dúvidas dos alunos sobre a questão.

O estudo do "céu" e da doutrina da "nova terra" serão simples aqui, pois o foco maior não são essas doutrinas, que por certo têm o perigo de apelar mais para a curiosidade do crente do que sua real necessidade de almejar por este lugar prometido aos crentes. Se tiver espaço aqui, vamos falar também do tal "galardão" no céu, senão fica pro próximo.   


É lugar-comum na teologia cristã que os salvos em Cristo irão para um lugar destinado a eles após a morte. Neste lugar, não haverá mais sofrimento e será uma nova etapa da experiência humana, a isto damos o nome de "céu": "E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram." (Ap. 21:4)

Este local é destinado aos santos e será livre de todas estas coisas ruins justamente porque viveremos na presença do Altíssimo, será um lugar onde poderemos trabalhar e viver felizes. Todo o capítulo 21 de Apocalipse e o começo do 22 falam desse lugar maravilhoso:
"Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe." (Ap. 21:1)
"A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada." (Ap. 21:23).
A extensa descrição que temos nesses textos não apontam para uma hierarquia entre os crentes no céu quanto à questão do galardão (veremos isso em momento específico). Além disso, cabe lembrar que o céu é o verdadeiro lar dos crentes:

"De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus." (II Co. 5:20)

O embaixador é uma das mais altas figuras diplomáticas de um país. Ele é o representante do Presidente em outras terras, o que ele fala é como se fosse a opinião e expressão do próprio Chefe ou da Nação. A responsabilidade que está sobre o ombro dele é muito grande. E ainda: ele não fica em seu país, sua missão é estar em terras que não são a sua. Assim somos nós e por isso temos tamanho dever em comportar-nos como cidadãos dos céus aqui na terra.

A ideia de "lar" celestial vai muito além do local. A ideia de lar está muito mais ligada às pessoas que estão nele, é por isso que às vezes viajamos ou nos mudamos mas ainda temos um lugar para chamar de "lar", porque há pessoas ali que fazem a gente se sentir assim. O nosso verdadeiro "lar" é a santa comunhão que teremos com Deus e com nossos irmãos amados.

Paulo reconhecia que o céu é algo muito maior do que qualquer coisa que teremos aqui na terra (Fp. 3:8). Mas é importante que lembremos que: 1) nosso propósito aqui nessa terra não é ficar pensando no céu e ansiar pra ir logo pra lá: nosso trabalho é trabalhar para Deus aqui! 2) O céu não é um lugar de "ócio eterno", está mais do que na hora de tirarmos esse esterótipo cartunista da cabeça. Por isso, vamos falar um pouco da doutrina da "nova terra".


A terra sempre foi parte do plano de Deus, tanto a antiga quanto a nova. Ela também sofreu as consequências do pecado:
"E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra." (Gn. 1:28)
"E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida." (Gn. 3:17)
A grande pergunta que se faz quando se estuda Escatologia é: visto que essa terra está corrompida pelo pecado, o que é essa nova terra a que Deus faz referência em Ap. 21:1? Será que é essa mesma em que vivemos? Ou será que Deus vai destruir essa e começar tudo do zero?

Não sei porque na minha cabeça de ser humano, seria mais fácil pegar logo tudo, arrancar fora a página e começar o desenho do papel em branco. Dá uma ideia de coisa nova, sei lá. Mas conforme vamos estudando a Bíblia, vemos que essa ideia de aniquilacionismo não coaduna muito bem com a proposta dos textos.

Por exemplo, quando lemos que "Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça." (II Pe. 3:13), a palavra "novo" no grego não é "neos", mas sim "kainos", isto aponta para uma renovação, uma mudança de essência ou natureza e não uma coisa totalmente nova. É a mesma expressão que encontramos, por exemplo, em II Co. 5:17 quando diz que nós somos "novas" criaturas e que as coisas se fizeram "novas".

Além disso, a renovação da terra, a promessa da "nova terra" não é algo que apenas o ser humano aguarda. Na verdade, toda a natureza espera por isso: "Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus." (Rm. 8:20-21)

E é aqui que encontramos a perfeita analogia para entender o que é a nova terra: a redenção dada por Jesus. Assim como teremos um novo corpo na ressurreição, um corpo glorificado, também a terra será glorificada e renovada pelo poder de Deus. Pensem em Jesus com o corpo glorificado após sua ressurreição: ele era diferente, ao ponto de mal conseguirem reconhecer ele, mas também trazia marcas de antes, como as marcas nas mãos.

Para nós é mais fácil pensar numa aniquilação total e começar do zero porque não entendemos o poder restaurador de Deus, mal conseguimos mensurá-lo. Deus é totalmente capaz de restaurar aquilo que o pecado corrompeu. Não foi isso que ele fez comigo e com você? E não vai concretizar isso no último dia? Deus não precisa começar do zero, a coisa não fica "sem conserto" para Deus! Ele não precisa desperdiçar todo o trabalho já feito, porque pode restaurar de maneira magnífica aquilo que estava corrompido e contaminado.

Além disso, também temos que fugir do estereótipo de que a nova terra será um lugar etéreo, longe do dia a dia, cheia de "ócio" contemplativo, como se não houvesse nada para fazer lá. Algumas promessas do Antigo Testamento, ecoadas em Jesus, apontam a importância da terra como elemento dado ao ser humano. Lembram da Criação? A terra nunca deixou de ser parte do plano divino.
"Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz." (Sl. 37:11) 
"Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra."(Mt. 5:5)
"Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus." (Gn. 17:8) 
"Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé." (Rm. 4:13)
Por certo que esta herança então será galardoada aos seres humanos! Até porque o que é um "lar" sem as pessoas que habitam nele? Será um local para podermos adorar a Deus em grande alegria, seja com nosso trabalho, com nossos dons, com nosso próprio testemunho. O texto de Isaías, abaixo, aponta para a perpetuidade dessa adoração que vai de uma festa à outra, de sábado à sábado.
"Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor." (Is. 66:22-23)
E uma das coisas mais legais de tudo isso: conhecer os santos do Senhor de todas as épocas! Que promessa fenomenal! Olhem o texto:
"Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro." (Ap. 21:12-14)
Esta passagem está fazendo referência a todos os santos, a ideia das 12 tribos é justamente a de ajuntamento de todos os crentes. As portas abertas em todas as direções apontam para crentes de todos os cantos vindo para esta maravilhosa reunião celestial. O texto faz menção às tribos e também aos 12 apóstolos, apontando para pessoas do Antigo e do Novo Testamento: gente de todas as eras.

Nós fazemos parte do Israel prometido de Deus, o povo que herdará a terra, que foi salvo de maneira imerecedora simplesmente pelo grande amor com que Deus nos amou!


Verdade seja dita, que esta é uma das doutrinas que a Bíblia revela apenas até certo ponto, pois neste corpo corrompido que habitamos, é inimaginável para nossas pequenas mentes um lugar como o céu. Mas isto não significa que não podemos buscar entender o que a Palavra revelou. A melhor aproximação está na descrição maravilhosa de Apocalipse 21:
"Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles." (Ap. 21:1-3)
Glória a Deus! Não vejo a hora de habitar nesse lugar maravilhoso! Mas enquanto isso não acontece, quero me portar de maneira adequada aqui nessa terra, quero trabalhar para engrandecer o nome de Jesus, que mostrar ao mundo que sou cidadão de outro Reino.

Seja essa a tua oração também, tu que lês isto.
Seja Deus teu guia e tua luz.

S.D.G.
S.D.G.

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