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segunda-feira, 2 de maio de 2016

Apologética - Ciência e Fé II

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.

Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” (Rm. 1:18-22)

No útlimo post, começamos a estudar um pouco a relação que se dá entre fé e ciência. Como foi possível demonstrar, as duas coisas não são opostas entre si e até mesmo vimos (por meio de apenas um estudo de caso – há outros) que muitas vezes a ciência tem fé em seus pressupostos e parte deles para alcançar novas descobertas.

Começamos o post de hoje com a pergunta: onde nasceu a Ciência como a conhecemos hoje? Devemos lembrar que estamos tratando “Ciência” aqui como aquele esforço do pensamento humano para compreensão e transformação da realidade, que se desenvolve por meio do método científico e da crença no naturalismo/materialismo.

A resposta para a pergunta do parágrafo anterior, então, não pode ser outra senão a Europa. Não foi em nenhum outro lugar do mundo, mas na Europa cristã da Idade Média (a ciência e o pensamento científico grego não são a mesma coisa  – veremos isso adiante); veja-se que as universidades mais antigas do mundo estão na Europa. Os primeiros cientistas, que eram cristãos em sua maioria, viam a ciência como um meio de exercer domínio sobre a natureza.

Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.” (Gn. 1:26)

[...] que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste:” (Sl. 8:4-6)

Os primeiros cientistas enxergaram na ciência, nos seus experimentos, uma forma de obedecer e desfrutar da providência divina para nossas vidas. Por isso, defendemos mais uma vez: o Cristianismo não foi barreira para o surgimento da ciência, pelo contrário, teve papel causal, pois a ciência é fruto da cosmovisão bíblica. 

Mas porque a ciência surge a partir disso? Como podemos defender este ponto de vista? O que garante que a ciência não viesse a surgir de outra cosmovisão ou religião? Será que o cristianismo é de fato um fator determinante nessa história? Vejamos.

No politeísmo temos deuses pessoais e finitos (pense no Panteão grego ou romano, por exemplo). Nesse contexto, os deuses são criados por entidades próprias ao universo; na mitologia grega, por exemplo, os deuses nascem do Caos, que dá origem a Gaia, que, por sua vez, dá origem a todos os outros. 

Para eles, o universo não teve origem numa mente racional, logo, não há racionalidade na origem de tudo. Por conta disso, buscar apreender o que é entendido como irracional, não é, obviamente, racional. Além disso, para os gregos, os corpos celestes eram perfeitos e a terra era um lugar de corrupção, e isto vai refletir muito em sua filosofia, que vamos já analisar com mais cuidado.

Nas religiões orientais, ou panteísmo, não se pode negar que havia invenções (como em qualquer outro sistema de crenças também), mas estas invenções não visavam a comprovação científica ou o conhecimento profundo, mas uma situação específica; ou seja, elas tinham caráter pragmático e utilitarista. 

O hinduísmo, por exemplo, concebe o mundo físico como não existente, pois a matéria seria apenas uma ilusão. Logo, a deidade (se existente) é algo impessoal e infinito, como uma força ou entidade abstrata; logo, não tem ação volitiva (vontade ou pensamento). Por isso, também não há razão para um estudo aprofundado daquilo que já se considera, de certa forma, como perceptível e compreensível em tudo e todos ao mesmo tempo.

A filosofia grega clássica, por sua vez, é considerada a mãe da Ciência moderna, sendo os precursores do pensamento científico, e de fato são. Os gregos gostavam de questionar o porquê das coisas e buscar explicações para seus problemas e questionamentos. Então por que não podemos dizer que a ciência nasceu aí? 

Lembra como falamos que para os gregos os corpos celestes eram perfeitos e a terra era o lugar de corrupção? Pois é, os filósofos gregos entendiam que estudar a terra era perda de tempo, que se deveria focar no estudo dos céus, já que estes eram perfeitos; tentar compreender esta “matéria suja” não era o alvo dos filósofos. 

Além disso, eles não utilizavam o método científico, sua abordagem era derivada do método dedutivo; por conta disso, muitas vezes seus raciocínios os levavam a conclusões aparentemente verdadeiras, porém falsas. Os cristãos não queriam deduzir o que Deus deveria ou poderia ter feito, mas sim experimentar e observar para ver o que Deus de fato fez.

Veja bem isso com um exemplo: Euclides e Pitágoras, patriarcas da Matemática. Os gregos não acreditavam que a matemática era precisa na esfera material, ou seja, na natureza da terra; por isso, não havia uma preocupação profunda com precisão de dados. Mas eles entendiam ainda que os corpos celestes e suas órbitas eram perfeitas.

Um bom tempo depois, Kepler, no século XVII, um astrônomo e matemático cristão, estudou a órbita dos planetas e buscou verificar suas precisões. Porém tinha um problema: a órbita de Marte nunca dava certo, nunca fechava. 

Mas ele estava convencido (e há escritos dele mesmo!) que se Deus quisesse fazer um círculo, seria exatamente um círculo; e se Ele não quisesse, ainda assim seria exatamente alguma outra coisa. Ele não estava lidando com um Deus aleatório e irracional, mas com um ser inteligente e sábio! Por causa dessa crença na mente soberana de Deus foi que Kepler desenvolver o conceito de elipse.

Lembram que os gregos entendiam o mundo material como sujo ou impuro? Pois bem: as elites intelectuais gregas não queriam se “sujar”, por isso havia tantos filósofos ou intelectuais. Para os cristãos, o mundo material veio de Deus, logo, o mundo deve ter algo bom porque O reflete. O mundo material não poderia ser visto como algo degradante.

Na verdade, o mundo natural deveria ser algo que existe para glorificar a Deus. Olha o exemplo de Kepler de novo: nos seus próprios escritos, ele dava glórias a Deus quando descobria algo novo! Ficava maravilhado com a mente inacreditável do Criador! A Ciência não tem como estar desvinculada do Cristianismo, pois é só a partir dele que o homem realmente buscou entender e desvendar a natureza: porque, na verdade, ele queria conhecer um pouco mais de Deus!

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Muitas vezes somos tentados a assumir que tudo que é “científico” é “verdade”. Mas isto não são sinônimos: até porque, é possível produzir conhecimento científico (baseado no método e tudo o mais), que não é necessariamente adequado com a realidade.

Na década de 1990, o ovo era o alimento do terror. Seria ele o responsável pelos infartos, pelo colesterol alto, seu consumo era desencorajado e muitas vezes era pintado como um grande vilão. Então passa-se uma década, e descobre-se que o ovo tem propriedades nutricionais que nenhum outro alimento tem e é essencial para uma boa dieta. De vilão passou a mocinho! A ciência mudou totalmente a figura.

Quando o Iluminismo veio no século XVIII, movido pela elite intelectual da Europa, ele buscou desacreditar o Cristianismo e promover o racionalismo, acusando a Igreja de tê-los jogado na “Idade das Trevas”, incentivando uma fé cega, que não questionasse. Esta era uma espécie de propaganda tentando dar crédito à ciência em detrimento da religião; impressionante como isto até hoje permanece e como muitos ainda pensam que “fé” e “ciência” estão guerreando entre si.

Mas, como já vimos, ciência e o Cristianismo não são opostos, na verdade, eles se complementam. No texto que lemos no começo, em Romanos (lá no começo do post), vemos que os homens detêm a verdade e buscam suprimir o que é manifesto (vs. 18-19). 

Minha gente, o problema do homem continua sendo o mesmo. Não é a existência de Deus, ou a crença na divindade da Bíblia, ou mesmo se fé e ciência são conflitantes: o problema é o pecado, é não querer submeter-se a Deus. Isso porque a ciência serve para glorificar a Deus, ela é um instrumento e reflexo do intelecto e mente do Criador! Era assim que os primeiros cientistas pensavam! 

O cientista contemporâneo não é isento de , ele apenas a deposita em outras coisas, quais sejam: os pressupostos da ciência. Sua fé está nas suas ideias e conclusões, nas suas suposições ou nas de outrem – mesmo quando elas não estão totalmente provadas! Elas se tornam o seu deus.


O nosso Deus se revela na criação; Ele não é parte dela, mas ela aponta para Ele. Isto deve nos encorajar a estudá-la também, para glorificá-Lo ainda mais! Vamos ser cientistas que buscam aprender mais sobre Deus através de Sua obra, esta obra boa com a qual Ele nos presenteou.

Seja Deus glorificado! Seja Ele nosso guia e nossa luz.

S.D.G.